Senadora Ana Amélia, não se alegre. STF apoiou o golpe de 1964

Ana Amélia disse ter “muita alegria” de “ser golpista ao lado de ministros do STF”. Disse isso porque o presidente do Supremo, Ministro Ricardo Lewandowski, preside o processo de impeachment de Dilma Rousseff. A senadora gaúcha tentou confundir o público transformando a presença dele em plenário em aval ao processo de impeachment

Plenário do Senado durante sessão deliberativa extraordinária.

Em discurso, senadora Ana Amélia (PP-RS).

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Plenário do Senado durante sessão deliberativa extraordinária. Em discurso, senadora Ana Amélia (PP-RS). Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado (Foto: Eduardo Guimarães)


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Na semana passada, na Sessão do Senado destinada à discussão do parecer que analisava a procedência ou improcedência do impedimento da presidente afastada Dilma Rousseff, a senadora Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, proferiu uma frase infame que precisa ser rebatida em nome da verdade, da Justiça e do respeito à veracidade da história brasileira.

Ana Amélia disse ter “muita alegria” de “ser golpista ao lado de ministros do STF”. Disse isso porque o presidente do Supremo, Ministro Ricardo Lewandowski, preside o processo de impeachment de Dilma Rousseff. A senadora gaúcha tentou confundir o público transformando a presença dele em plenário em aval ao processo de impeachment.

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Ana Amélia, que deve se julgar mais esperta que a esperteza, como quer confundir as pessoas poderia ter dito que, por Dilma estar se defendendo no processo, por seu advogado, José Eduardo Cardozo, frequentar as sessões do Senado que tratam do impeachment, por encaminhar petições e fazer sustentações orais, também está convalidando o processo.

Tanto Dilma não reconhece a seriedade do processo por se defender como Lewandowski não o avaliza ao presidi-lo. Dilma e Lewandowski participam do processo de impeachment porque o Senado, até o momento, não apoiou a tese farsesca aprovada pela Câmara dos Deputados em abril último. Dessa forma, participam sob a premissa de que o Senado pode agir corretamente e rejeitar essa farsa.

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Não espanta, porém, que a senadora Ana Amélia veja na simples presença de Lewandowski no Plenário do Senado um aval à tese que desencadeou o processo de impeachment, de que Dilma cometeu crime de responsabilidade. Afinal, ela integra o Partido Progressista, o partido do golpe de 1964, o partido da ditadura militar, sucedâneo da Aliança Renovadora Nacional (Arena). E, como se sabe, ela não considera que houve um golpe em 1964.

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Mas não é só a natureza do partido que a senadora Ana Amélia integra que a levou a proferir tamanha infâmia; é sua ignorância da história do Brasil. Sim, porque o STF estar representado em um processo golpista não significaria nada mesmo que Lewandowski estivesse lá dando apoio ao impeachment – quando, na verdade, ele está lá cumprindo sua obrigação, assim como Dilma faz ao enfrentar o processo –, pois o STF carrega em sua história a mácula de ter apoiado o golpe clássico de 1964.

Aí vai, pois, uma breve aula de história para a senadora Ana Amélia, para que, por algum milagre, pare de proferir barbaridades e de esbofetear a tão maltratada democracia brasileira.

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Em 1964, Alvaro Moutinho Ribeiro da Costa presidia o STF. Nessa condição, o ministro participou e deu cobertura ao golpe de Estado que depôs o presidente constitucional João Goulart.

Entre as 3 e as 4 horas da madrugada de 2 de abril daquele ano, Ribeiro da Costa presenciou e deu a bênção “constitucional” à posse do deputado Ranieri Mazzilli na Presidência da República.

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A Presidência havia sido declarada vaga, e os golpistas anunciavam que Goulart deixara o país.

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Os golpistas rasgavam a Constituição vigente, de 1946, e o presidente do STF trombeteava que a deposição de João Goulart era constitucional.

Outro episódio do qual o STF não tem motivo para se orgulhar é a deportação de Olga Benario para a Alemanha nazista, em 1936. Alemã, judia, comunista, procurada em seu país, Olga estava grávida. Foi entregue pelo Brasil à Gestapo.

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Quem a entregou: o STF, em tabelinha com Getulio Vargas, que dali a um ano cancelaria as eleições e instauraria a ditadura do Estado Novo.

Por maioria, mesmo sabendo da gravidez de Olga, o tribunal recusou habeas corpus e a expulsou. Motivo: ser “estrangeira” e por sua permanência no país supostamente “comprometer a segurança nacional”. Olga Benario foi morta em 1942, na câmara de gás do campo de Bernburg na Alemanha nazista. Tinha 34 anos, quando o STF a enviou à morte.

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