Senador nacionalista não vota em Temer

A esta altura, quem já deve estar comemorando a posse de Temer na Presidência é o capital estrangeiro, que desde o final do governo FHC mantém sua bocarra escancarada à espera do restante do nosso patrimônio

Brasília - DF, 08/06/2016. Presidente Interino Michel Temer durante encontro com Líderes Empresariais. Foto: Beto Barata/PR
Brasília - DF, 08/06/2016. Presidente Interino Michel Temer durante encontro com Líderes Empresariais. Foto: Beto Barata/PR (Foto: Ribamar Fonseca)


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A julgar pelo seu comportamento em apenas um mês de governo, se Michel Temer for efetivado na Presidência da República, com o definitivo afastamento da presidenta Dilma Rousseff pelo Senado – possibilidade que está ficando mais difícil a cada dia – o Brasil deverá viver um dos períodos mais negros da sua história, com a retomada das privatizações, desmontagem de suas conquistas sociais e uma feroz caça às bruxas. Embora Presidente provisório, fruto de um golpe em 54 milhões de eleitores, Temer age como Presidente eleito, como se seu poder fosse legitimado pelo voto popular, extinguindo ministérios, demitindo funcionários, concedendo aumentos em contradição com o ajuste fiscal e promovendo uma odienta perseguição a Dilma e aos petistas. Constata-se, agora, que aquele sorrisinho falso escondia um inexplicável ódio à Presidenta, enganando todo mundo, inclusive a própria Dilma, que chegou a designá-lo articulador político do seu governo, do que ele se aproveitou para conspirar contra ela.

Depois de sitiá-la no Palácio da Alvorada, controlando o acesso de visitantes; de limitar o uso de aviões da FAB, obrigando-a a usar aviões comerciais para seus deslocamentos; e de cortar a verba de alimentação dela e de servidores do Palácio, Temer agora se recusa a pagar a conta do hotel onde ela ficou hospedada em São Paulo, ignorando o fato de que ela ainda é a Presidenta. São atitudes mesquinhas e vingativas como essas que evidenciam a sua intolerância e falta de estatura para ocupar o mais alto cargo da Nação. Se como presidente interino, correndo o risco de devolver o cargo a Dilma, ele toma semelhantes atitudes, imaginem do que não será capaz se for efetivado na Presidência. Se pudesse provavelmente mandaria fuzilá-la, dando vazão a um estranho ódio por quem o guindou à vice-presidência. Por essas e por outras, além de chegar ao poder por meio de um golpe, é que ele não consegue ser digerido não apenas pelos brasileiros mas, também, pelo resto do mundo, que ainda não o reconheceu como Presidente do Brasil.

Além da mesquinha perseguição a Dilma, dando largas a um ressentimento habilmente disfarçado antes do afastamento dela, Temer também já inicia uma caçada aos que lhe foram fiéis, como, por exemplo, ao governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, do PSB. O presidente interino recolheu do Banco os recursos que já haviam sido depositados pela Presidenta afastada para a conclusão das obras de um viaduto naquele Estado, com inevitáveis prejuízos para os paraibanos. O governador anunciou que vai recorrer à Justiça, em meio ao vergonhoso silêncio do senador Cunha Lima (PSDB), que é da Paraíba e líder do governo no Senado. Apenas o senador Raimundo Lira, do PMDB, já se manifestou, buscando uma explicação para o corte do recurso junto ao ministro da Fazenda, Henrique Meireles.

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Paralelamente, além da extinção do Ministério da Ciência e da Tecnologia e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Temer quer agora acabar também com a Empresa Brasileira de Comunicação, a EBC, cujo presidente com mandato de quatro anos foi demitido por ele e readmitido por decisão do ministro Dias Tofolli, do Supremo Tribunal Federal. Provavelmente esta foi a maneira que ele encontrou para desobedecer a decisão da Justiça e fazer valer a sua vontade, outra vingancinha própria de crianças mimadas. Também anunciou a extinção de mais de 14 mil cargos, medida justificada pela necessidade de reduzir despesas. Outra enganação, porque esses cargos estavam vagos, não representando qualquer despesa. Até agora não se tem notícia de uma única boa ação do seu governo interino, a não ser o aumento de salários concedido a servidores dos três poderes, inclusive aos ministros do Supremo, o que, afinal, termina sendo uma maldade com o país, pois implicará em brutal aumento de despesas, contrariando a sua anunciada contenção de gastos.

Entre avanços e recuos e em meio a protestos em todos os recantos do país, razão do seu enclausuramento voluntário no Jaburu por medo de enfrentar o povo, o presidente interino já ensaia a execução do programa de privatizações, com o qual se comprometeu antes de assumir a Presidência, de modo a concluir a tarefa iniciada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos principais incentivadores do golpe que o levou ao poder. O primeiro passo foi dado com a nomeação de Pedro Parente, Chefe da Casa Civil do governo FHC, para a presidência da Petrobrás, onde já assumiu afirmando, antes mesmo de ouvir os seus empregados, que a empresa é favorável à venda dos seus ativos, o que foi imediatamente desmentido com o anuncio da greve dos petroleiros. Sua missão será conduzir a privatização da Petrobrás e entregar ao capital estrangeiro nossas riquezas petrolíferas, trabalhando afinado com o ministro José Serra, das Relações Exteriores, autor do projeto que abre o pré-sal para os estrangeiros. Com o terreno já preparado, se for efetivado no Planalto Temer certamente venderá o que sobrou do patrimônio nacional dilapidado por FHC. E todos os que contribuíram para a sua ascensão serão cúmplices de mais esse crime contra o Brasil.

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A Eletrobrás também já entrou na fila das privatizações, conforme anunciou o novo ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, segundo o qual o governo interino já prepara um plano de venda dos ativos, começando pelas companhias de distribuição de energia. "O governo prepara o processo de privatizações – ele revelou – com o apoio do Ministério do Planejamento, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do nosso ministério". E acrescentou: "A ideia é iniciar as vendas pela distribuidora de energia Celg-D, de Goiás". A esta altura, quem já deve estar comemorando a posse de Temer na Presidência é o capital estrangeiro, que desde o final do governo FHC mantém sua bocarra escancarada à espera do restante do nosso patrimônio, que o ex-presidente tucano não conseguiu vender porque perdeu a eleição para o torneiro mecânico Luis Inácio Lula da Silva. Precisamente porque sabem que não conseguirão botar a mão no restante de nossas riquezas naturais por meio de eleições diretas, elegendo um entreguista, é que decidiram antecipar-se a 2018, usurpando o poder agora através do golpe. Diante disso, o senador que for nacionalista e amar o seu país jamais votará a favor de Michel Temer.

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