"Sejamos irmãos, não inimigos"
“Até quando a paz mundial estará nas mãos daqueles que fazem da guerra um negócio?” (Eduardo Galeano)
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o início de uma “operação militar especial” na Ucrânia.
Alegou que é uma operação para desmilitarizar o leste ucraniano e para reconhecer a independência da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk, pois esses povos seriam vítimas de genocídio de um governo nazista.
Durante a declaração de Putin, explosões de larga escala ocorreram em diversas cidades da Ucrânia, inclusive na capital Kiev, que fica no lado oeste do país.
Por terra, mar e ar. A leste, sul e norte, as tropas russas lançaram ataques rápidos e insistentes em todo o país no que poderia ser o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Tropas ucranianas contam dezenas de mortos e feridos; alguns deles, civis. Moscou não fala sobre baixas.
A Rússia já controla o espaço aéreo da Ucrânia e há pelo menos dez cidades ucranianas, sob agressão militar com um saldo de dezenas de mortos.
E Putin ameaçou o mundo todo ao dizer que outros países não devem interferir, se o fizerem “sofrerão consequências nunca vistas antes”.
Putin exortou os militares ucranianos a reconhecerem que seu governo é nazista, lembrou que lutaram contra o nazismo na II Guerra Mundial e sugeriu que entregassem suas armas e voltassem para cas.
Afirmou que o governo ucraniano discrimina os cidadãos que falam russo nas regiões de Donestsk e Lugansk, que os cidadãos dessas regiões estão sofrendo verdadeiro “genocídio".
É verdade que a Guerra Civil no Leste da Ucrânia, ou Rebelião pró-russa, existe desde 2014 para separar duas regiões da Ucrânia.
Também é verdade que o conflito vinha acontecendo sem grande preocupação da ONU, da OTAN ou da imprensa, apesar dos relatos dos separatistasde que as forças ucranianas são cruéis com os separatistas, causando a morte de milhares de civis.
Bem, o fato é que Putin “rasgou” o acordo de Minsk ou protocolo de Minsk, assinado em 2014 pela Ucrânia, pela própria Rússia, pela República Popular de Donetsk e pela República Popular de Lugansk, para pôr fim aos conflitos armados no leste da Ucrânia.
Por que Putin fez isso? Ele é um maluco? Não, ele não é maluco, há um plano de expansão e influência geopolítica da Rússia em curso.
Tentando entender as razões de Putin. Segundo o professor Sergey Karaganov - presidente honorário do Conselho de Política externa e de Defesa da Rússia e supervisor acadêmico da Escola de Economia Internacional e Relações Exteriores (HSE) em Moscou - afirmou que o confronto de Moscou com a OTAN é apenas o começo, pois, faz parte de um plano russo para criar um sistema novo e desmontar o antigo, além e “unir as terras”, o que seria uma necessidade geopolítica para Moscou.
A dificuldade de Putin seria "unir" as nações da antiga URSS, de forma mais eficiente e benéfica para a Rússia, levando em conta as fracassadas experiências czarista e soviética.
Sergey Karaganov disse ainda que o Ocidente está a caminho de uma lenta, mas inevitável decadência, tanto em termos de assuntos internos e externos quanto até mesmo da economia, o que criaria o ambiente necessário para o início de uma nova Guerra Fria.
Para Karaganov o Ocidente tenta, desesperadamente, se defender disso com uma retórica agressiva e jogando seus trunfos, como “usar a Ucrânia para danificar e castrar a Rússia”, mas a sua decadência torna ineficientes essas tentativas de defesa, as sanções econômicas parecem não preocupar Putin.
Por aqui o governo brasileiro parece um tanto atordoado com a questão, talvez em razão da recente visita do presidente à Rússia.
A maioria dos principais partidos do Brasil tem ignorado a grave crise que opõe a Rússia à Ucrânia e ao Ocidente. Não tem posição oficial sobre o assunto: PSB, PT, PSDB, União Brasil, PL e PSOL. Já o MDB e PDT defendem a autonomia de cada país e a paz. Devem estar muito ocupados com os preparativos para a eleição e a formação de federações, por isso nada de debate.
Analistas televisivos de direita e centro-direita defendem unidos a narrativa pró OTAN, já os analistas de esquerda e centro-esquerda divergem quanto a legitimidade do movimento de Putin.
Registro: esse texto é apenas a minha opinião, não sou especialista em geopolítica, mas, mesmo não sendo especialista, me oponho a qualquer conflito armado, sou contra qualquer guerra, sob qualquer justificativa, pois quem defende guerras não tem a honestidade de confessar que mata para roubar outros povos, ou que apoia esses roubos.
Penso também que aqueles que buscam a guerra como caminho, sempre invocam motivos nobres, mas não há nobreza alguma em matar em nome da paz, em nome de Deus, em nome da civilização, em nome do progresso, em nome da democracia.
Eduardo Galeano diz ainda que, quando as justificativas acima não bastam a convencer os incautos, os infames senhores da guerra criam narrativas, lançando mão dos grandes meios de comunicação, sempre dispostos a colaborar na criação de inimigos imaginários, para justificar a conversão do mundo em um grande manicômio, em um imenso matadouro.
Galeano nos faz refletir sobre o texto Rei Lear, para quem neste mundo os loucos guiam os cegos...
O texto de Shakespeare segue atual, pois os senhores do mundo são apaixonados pela morte e sua ganância - a ocidente e oriente - transformou o mundo em um lugar onde a cada minuto morrem de fome e doenças curáveis dez crianças e a cada minuto gastam milhões e milhões de dólares com a indústria militar.
Não há justificativa para a guerra, para nenhuma guerra e nesse momento a nós, pessoas comuns, resta seguir o convite do Papa Francisco, que nos convida a sermos irmãos, não inimigos e que a Quarta-Feira de Cinzas seja um dia de oração pela paz no leste europeu.
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