Se viva, Beth Carvalho faria hoje 77 anos

"Eu e a, madrinha do samba!"

(Foto: Reprodução/Twitter)


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Rio - Beth Carvalho com quem tomei muitas cervejas nas rodas de samba, no Cacique de Ramos, foi - mais uma vez - cantar no céu.

Bem antes de ir morar na Rua Uranos, ao lado do Cacique de Ramos, eu já frequentava as rodas de pagode que Bira, Ubirany, Sereno, Zeca Pagodinho, Sombrinha e outros bambas faziam embaixo da tamarineira.

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Estava começando no jornalismo e sonhava entrevistar a grande Beth Carvalho, figura constante nas rodas de samba do Cacique de Ramos. Mas eu era muito tímido e ela não era só a madrinha do Grupo Fundo de Quintal, era a Rainha do Cacique, respeitada e admirada por todos. Então, eu ficava só olhando.

A cantora Beth Carvalho, foi trazida para o bloco em 1977, pelo Alcir Portela, ex-jogador do Vasco, - vinda da Bossa Nova - já uma sambista consagrada, ficou encantada com aquele som novo do samba.

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Apaixonou-se pelo som do tantã, que já existia, mas era tocado de forma diferente pelo Sereno. Pelo repique de mão, que era um repique de baqueta normal e Ubirany tirou a pele debaixo, colocou uma madeira dentro e criou um novo instrumento; além do banjo com o braço menor e afinação de cavaquinho que Almir Guineto inventou e tocava magistralmente.

Apaixonada pelo som dos “meninos”, em 1978 ela apresentou o grupo ao Rildo Hora e com eles fez, pela RGE, o disco  “Pé no Chão”, que foi um divisor de águas na sua carreira, por ter trazido esse novo som para o samba.

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O disco estourou no Brasil inteiro com a música Vou Festejar,  de Jorge Aragão, Dida e Neoci.

Beth sabia reconhecer um talento quando via um. Em 1983, já com a fama de “Madrinha do Samba”, ficou impressionada com o talento de um menino magro que cantava como gente grande. O menino impressionou tanto a madrinha que, na hora, Beth disse: “eu vou gravar esse samba, e eu quero você cantando comigo!” E o menino virou Zeca Pagodinho.

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Elizabeth Santos Leal de Carvalho nasceu no Rio, no bairro da Saúde, em 5 de maio de 1946. Aos 8 anos, junto com o violão que ela ganhou dos avós, apareceu o gosto pela música.

Politizada, junto com a militância no samba veio a militância política. Como o pai, era admiradora de Leonel Brizola e Fidel Castro.  Filiada ao PDT. Apoiou Luiz Inácio Lula da Silva em todas suas campanhas presidenciais. Integrou o coro que entoou o jingle  das Diretas, Já, em 1989. Também apoiava o MST.

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Mangueirense de coração, no carnaval de 2007, já com problemas na coluna pediu um carro alegórico para desfilar, mas no dia do desfile foi barrada por um diretor da Mangueira. Ficou 4 anos afastada da escola. Em 2011, depois de uma ausência de quatro anos, Beth voltou a prestigiar a escola do coração. Ela foi ao desfile de cadeira de rodas, devido a uma cirurgia recente, para homenagear Nelson Cavaquinho, seu amigo e compositor preferido.

No final dos anos 90, Eulália Figueiredo, assessora de imprensa, me convidou para entrevistar Beth Carvalho, num restaurante, no Shopping Rio Sul. Batemos um longo papo, bebemos e eu realizei meu sonho de menino ao entrevistar a grande Beth Carvalho.

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Beth Carvalho morreu no Rio, nesta terça-feira (30/04/2019), aos 72 anos.

Obrigado, madrinha!!!

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