Se viajar ao G-20, Temer terá garantido os votos salvadores

Se Michel Temer viajar para participar da reunião do G-20, que antes havia descartado, é sinal de que conseguiu o número de votos suficientes para rejeitar a denúncia de Rodrigo Janot. Se não viajar, certamente é porque ainda não está seguro da votação, preferindo permanecer aqui para conquistar, através de um contato pessoal com os deputados-eleitores

(Brasília - DF, 04/07/2017) Deputado Evandro Gussi (PV/SP). Foto: Marcos Corrêa/PR
(Brasília - DF, 04/07/2017) Deputado Evandro Gussi (PV/SP). Foto: Marcos Corrêa/PR (Foto: Ribamar Fonseca)


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Se Michel Temer viajar para participar da reunião do G-20, que antes havia descartado, é sinal de que conseguiu o número de votos suficientes para rejeitar a denúncia de Rodrigo Janot. Se não viajar, certamente é porque ainda não está seguro da votação, preferindo permanecer aqui para conquistar, através de um contato pessoal com os deputados-eleitores, os sufrágios de que precisa para manter-se no cargo. O fato é que desde que a denúncia chegou à Câmara dos Deputados ele vem se movimentando, desesperadamente, para conseguir os votos que lhe assegurem a permanência no Palácio do Planalto, intensificando a negociação de compra dos sufrágios, mediante a liberação de mais de R$ 4 bilhões dos cofres públicos, para atender às emendas dos parlamentares. E os mais beneficiados nesse comércio espúrio com o dinheiro público, que deveria provocar um novo processo contra ele, seriam o senador Aécio Neves, que recentemente teve o mandato devolvido e vem atuando para garantir o apoio dos tucanos, e o deputado Jair Bolsonaro, que nunca disse uma palavra contra ou a favor do governo Temer.

O presidente produzido pelo golpe de 2016, que perdeu totalmente a vergonha e os escrúpulos para manter-se no poder, provavelmente acredita que se conseguir barrar a denúncia na Câmara estará absolvido do crime de corrupção passiva de que é acusado. Os seus conselheiros precisam lhe dizer que mais cedo ou mais tarde ele terá de responder pelos crimes cometidos, o que significa que uma rejeição da denúncia, agora, apenas adiará a sua punição. E por pouco tempo, porque apesar de todas as suas manobras, usando todos os recursos que o cargo lhe oferece, ele não conseguirá segurar-se por muito tempo no Planalto. Por mais que tente lhe garantir uma sobrevida política, procrastinando nas decisões ou libertando seus cúmplices, o Supremo Tribunal Federal, que vem sendo alvo de duras críticas acusado de adotar um comportamento conivente com o golpe e com o governo que resultou dele, não terá argumentos para segurá-lo nem até o fim do ano. A mídia, até pouco tempo uma grande parceira, hoje está dividida, o que dificulta a ingente tarefa.

Embora o cerco a Temer venha se apertando todo dia, recebendo mais um acocho esta semana com a prisão do seu braço direito, Geddel Vieira Lima, não se pode ainda prognosticar a sua queda para breve. O homem é duro na queda, talvez porque ainda tenha o apoio dos tucanos, do Supremo e de parte da mídia. Ele não se importa com o escracho diário, nem com a imagem no exterior, desde que consiga manter-se no cargo. E se conseguir os votos suficientes para rejeitar a denúncia na Câmara, viajará para a Alemanha na maior cara-de-pau, ignorando a indiferença dos demais chefes de Estado, parecendo um elemento estranho entre os participantes do G-20. Na verdade, parece mais um penetra, o que, de certo modo, envergonha o nosso país. Mas vergonha é algo escasso para ele e para quantos o rodeiam e apoiam. E o Brasil, como uma grande embarcação à deriva, vai navegando sem rumo, à espera de que alguma coisa inesperada aconteça, fazendo surgir na linha do horizonte um porto seguro.

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Enquanto isso, de volta ao Senado, depois de ter o mandato devolvido pelo ministro Marco Aurélio Mello, grande admirador da sua "elogiável carreira política", Aécio Neves ocupou a tribuna para reafirmar seu apoio a Temer e, também, para dar explicações sobre as acusações do dono da JBS e sobre o inquérito que levou o ministro Edson Fachin a afastá-lo da Câmara Alta. Disse, entre outras coisas, que foi "vítima de uma armadilha, engendrada por um criminoso confesso". Ou seja, criminoso é Joesley Batista, que lhe deu R$ 2 milhões, entregues ao seu portador, o primo Fred. O "crime" que o empresário cometeu foi ter gravado a conversa em que ele pediu o dinheiro, o mesmo "crime" cometido no encontro com Temer à calada da noite nos porões do Palácio do Jaburu. Joesley, graças a quem foi possivel desmascarar os dois, Temer e Aécio, que antes posavam de vestais, também é visto como marginal pelos defensores dos dois "inocentes e ingênuos" políticos, que se deixaram cair numa armadilha. Seria cômico se não fosse trágico. Por um lapso de memória, porém, Aécio esqueceu de falar na mala com o dinheiro que o primo levou, devidamente filmado pela Policia Federal.

De qualquer modo, nada do que ele disser mudará a sua situação diante da Justiça e do eleitorado. Na verdade, Aécio está provando do próprio veneno, pois desde as eleições de 2014 vem fazendo acusações a seus adversários, em especial a petistas, e aplaudindo as decisões da Justiça contra eles, particularmente a Lava-Jato. Ele já vinha sendo denunciado, entre outras coisas, pela sua participação na lista de Furnas e na construção do centro administrativo de Belo Horizonte, mas tais acusações caíam rapidamente no esquecimento, por falta de repercussão na mídia, que o blindara. Os ventos, no entanto, começaram a mudar a partir da delação de Joesley Batista e de repente o homem habituado a contribuir para destruir os outros passou a provar o gosto amargo do mesmo remédio. Por enquanto ele parece ter conseguido uma pequena vitória, mas a guerra está só começando. E ainda deve vir chumbo grosso por aí.

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