Se imitar Trump, Bolsonaro será um idiota
"Todos os líderes responsáveis do mundo repudiaram o ataque à democracia. Menos Bolsonaro. Este repetiu, feito papagaio, a mentira de que houve fraude e nem mencionou o atentado em si", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
que ocorreu ontem, em Washington, foi um atentado terrorista com a mesma dimensão do 11 de Setembro.
Não foi uma tentativa de golpe de estado porque ninguém dá golpe sem planejamento – e tudo indica que nada foi planejado nesse sentido - e sem combinar com as Forças Armadas.
Ao incitar a multidão de fanáticos que o seguem a invadir o Congresso Nacional, Trump praticou um ato de terrorismo contra o próprio país. Jogou a multidão numa situação que poderia ter tido um resultado funesto. Deu uma de Jim Jones.
Se os seguranças tivessem reagido à invasão atirando, teria havido uma carnificina. Centenas de civis, deputados e senadores poderiam ter morrido e não apenas quatro pessoas, como se deu.
A invasão, contida em quatro horas, fracassou. Horas depois os parlamentares voltaram às suas cadeiras e durante a madrugada concluíram a sessão em que confirmaram a eleição de Biden.
O tiro saiu pela culatra.
No fim da tarde Trump pediu aos fanáticos voltarem para casa, mas ainda os elogiou e repetiu que sua derrota foi uma fraude. Não se deu conta de que havia cometido um crime contra os cidadãos que jurou proteger. E que colocou em risco a integridade física de seu vice-presidente, que presidia o Congresso naquele momento e todos os deputados e senadores, sejam democratas ou republicanos.
As consequências para Trump serão terríveis. Na prática, seu governo acabou. O vice Mike Pence rompeu com ele esta manhã. Vários subalternos renunciaram aos cargos.
Embora ele tenha afirmado, ao final da refrega, que a transição para Biden será pacífica, há um forte movimento para retirá-lo do mandato antes dos 14 dias que restam. A 25a emenda da constituição permite retirar do poder um presidente desonesto ou incapaz.
Trump não só está arriscado a se tornar o primeiro presidente americano a ser expelido antes de concluir o mandato; também deverá enfrentar a barra dos tribunais, julgado por sedição e preso. E banido da vida política. Nem os republicanos – com exceção do senador Ted Cruz – aprovaram a insurreição à la Brancaleone.
Todos os líderes responsáveis do mundo repudiaram o ataque à democracia. Menos Bolsonaro. Este repetiu, feito papagaio, a mentira de que houve fraude e nem mencionou o atentado em si.
E se ele fizer o mesmo em 2022 mandando seus malucos invadirem o Congresso Nacional ou o STF ou o TSE caso perca nas urnas, perguntam-se os brasileiros.
Acho pouco inteligente repetir o que não deu certo e que acabou mal. As Forças Armadas não vão embarcar nessa canoa furada.
Bolsonaro só vai fazer o mesmo que Trump se for um idiota.
E tem mais uma coisa: ele não terá Trump no poder para apoiar o seu suposto e pretenso autogolpe.
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