Se eleição fosse hoje, Bolsonaro seria derrotado
"Vitorioso no segundo turno por uma vantagem de 10,7 milhões de votos, Bolsonaro perdeu 15 milhões de eleitores desde a posse, informa instituto Ideia Big Data,"escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia; "Num país onde presidentes bem sucedidos foram capazes de estabilizar seus governos com projetos que uniam a a população, como ocorreu com Fernando Henrique e Lula, Bolsonaro amarrou seu governo numa proposta que divide os brasileiros, em particular dos patamares inferiores da pirâmide - a reforma da Previdência - e já admite abandonar a proposta de capitalização individual"
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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia - A provável demissão de Ricardo Vélez seria um episódio de importância crucial num governo bem constituído, preocupado com as questões relevantes do país.
A verdade é que, em três meses de gestão, pudemos aprender que a Educação está longe de ocupar o lugar merecido em qualquer govrno brasileiro.
Como a própria nomeação de Vélez deixou claro, sua função, no Planalto de nossos dias, é funcionar como um aparelho ideológico para o padrinho, Olavo de Carvalho. A Educação, aqui, era e continuará sendo um ministério de valor zero enquanto sua função for alimentar as lutas estúpidas do bruxo da Virgínia.
A crise que envolve o governo Bolsonaro é grave porque atinge os pontos nevrálgicos do governo. A reação descontrolada do ministro da Economia quando participou do primeiro -- sim, apenas o primeiro -- debate sobre a Previdência no Senado mostra que Paulo Guedes sentiu o golpe. A reação "tchutchuka é a mãe" é apenas um sintoma de que o principal pilar de sustentação de Bolsonaro já apresenta rachaduras importantes.
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Demonstrando que já tem consciência da situação, num café da manhã com jornalistas Bolsonaro admitiu abandonar a ideia-rainha da reforma -- capitalização individual, que o ministro trouxe do Chile de Pinochet, que conheceu quando era um jovem discípulo do monetarismo de Chicago importado pela mais violenta ditadura da América do Sul.
"Se tiver reação grande, tira da proposta", admitiu Bolsonaro, numa ameaça que, se for levada adiante, implicará em privar o mercado financeiro de sua grande promessa de campanha, deixando o Planalto pendurado no ar.
Quando Bolsonaro prepara-se para completar 100 dias em Palácio, acumulam-se sinais de que ele escolheu o lugar errado para amarrar seu governo.
Invenção de Paulo Guedes, o posto Ipiranga dos bons tempos, a reforma da Previdência pode ser uma grande ideia para engordar os lucros do patamar superior da pirâmide -- mas está se transformando no pesadelo para o governo na medida em que a população começa a tomar consciência da armadilha que está sendo preparada.
A experiência democrática recente do país ensina que nenhum governo conseguiu manter-se na cadeira sem unificar a maioria dos brasileiros e brasileiras em torno de causas necessárias, que a população compreende a apoia. Foi com a inflação zero que Fernando Henrique virou uma eleição e permaneceu oito anos num cargo que parecia cientificamente perdida de seis meses antes de iniciar a campanha.
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Eixo principal do governo Bolsonaro, a reforma da Previdência está longe de cumprir a função política de unir o país. Divide, para dizer o mínimo, numa rejeição que cresce na medida em que a população toma consciência das barbaridades que estão sendo preparadas as suas costas.
Num levantamento recente, o instituto Ideias Big Data mostra que Bolsonaro perdeu 15 milhões de votos desde a posse. Basta recordar que ele venceu Fernando Haddad por uma diferença de 10,7 milhões de votos para compreender uma verdade fantástica. Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro poderia ter sido derrotado.
Estamos falando de estatísticas, projeções, estimativas. Mas esta é a gravidade da crise.
Alguma dúvida?
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