Se concordamos que é golpe, então o escracho é legítimo

O que se está discutindo hoje não é se fazer escrachos públicos contra torturadores é ou não legítimo, mas se fazê-lo contra os que estão na linha de frente do impeachment (ou do golpe) é? Não se pode fazer de conta que está tudo normal por aqui

Comiss�o Especial do Impeachment 2016 (CEI2016) ouve os autores do pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff. � mesa, jurista Jana�na Concei��o Paschoal. Foto: Jefferson Rudy/Ag�ncia Senado
Comiss�o Especial do Impeachment 2016 (CEI2016) ouve os autores do pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff. � mesa, jurista Jana�na Concei��o Paschoal. Foto: Jefferson Rudy/Ag�ncia Senado (Foto: Renato Rovai)


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Não gosto de escrachos públicos. Considero que eles ferem um princípio básico da democracia, que é o do respeito ao contraditório.

Se alguém pensa diferente de mim, deve merecer meu respeito. Mesmo que o que ele pense seja exatamente o oposto de tudo que acredito.

Não me parece legítimo, por exemplo, fazer protestos na frente da casa de um prefeito, governador, deputado etc. só porque discordo de suas posições.

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Esse tipo de constrangimento é autoritário.

E, cá entre nós, vários movimentos abusam deste tipo de ação.

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Ao mesmo tempo, mesmo não gostando de escrachos, acho que eles devem ser entendidos de forma diferente quando os atingidos são aqueles que atentam contra os direitos humanos e a democracia.

Os torturadores, por exemplo.

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Eles foram autores dos piores atos de barbárie e depois da redemocratização muitos se disfarçaram de bons velhinhos e passaram a ter uma vida tranquila.

Desmascará-los e mostrar que se isso vier a ser feito de novo terá algum custo para os seus autores não me parece uma agressão.

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De certa forma pode ser até um ato educativo do ponto de vista público.

Mas o que se está discutindo hoje não é se fazer escrachos públicos contra torturadores é ou não legítimo, mas se fazê-lo contra os que estão na linha de frente do impeachment (ou do golpe) é?

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E há gente séria e com boa argumentação nos dois lados desse debate.

A questão que me parece definidora sobre a legitimidade dessa ação é: O Brasil está ou não vivendo um golpe?

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Se de fato é isso que está acontecendo, algo precisa ser feito.

E entre essas ações, a de constranger aqueles que estão tentando quebrar a institucionalidade democrática, uma que me parece legítima é o escracho.

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Desde que tratado no limite da ação política.

Porque se há um golpe está em curso, é preciso lutar para que ele não legitime. E lutar não é só fazer a defesa da inocência de Dilma no Senado.

Lutar é sempre algo que implica algum tipo de confronto, mesmo que apenas os dos argumentos.

De qualquer maneira, mesmo achando isso, quero dizer que não estou disposto a participar de escrachos. Não gosto de escrachos e por isso não estaria neles.

Mas ao mesmo tempo não se pode fazer de conta que está tudo normal por aqui.

E que constranger alguém a quem se atribui o papel de golpista é o mesmo que fazê-lo com um governante ou parlamentar que tem opinião diferente.

Ou então é melhor deixar o discurso de golpe pra lá.

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