Se a reforma fosse boa não precisaria de propaganda
Para Alex Solnik, membro dos Jornalistas pela Democracia, o governo está gastando uma fortuna dos brasileiros – inclusive dos futuros aposentados - para convencê-los de que uma reforma que compromete seu futuro vai ser boa para eles. E que eles devem pedir aos deputados para aprová-la com louvor; "Não há dúvida que nem todos os produtos anunciados pela publicidade são ruins. Mas também é verdade que a propaganda é capaz de vender feito água um produto que não presta ou que não serve para nada", escreve Solnik
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia - O governo está gastando uma fortuna dos brasileiros – inclusive dos futuros aposentados - para convencê-los de que uma reforma que compromete seu futuro vai ser boa para eles. E que eles devem pedir aos deputados para aprová-la com louvor.
Não há dúvida que nem todos os produtos anunciados pela publicidade são ruins. Mas também é verdade que a propaganda é capaz de vender feito água um produto que não presta ou que não serve para nada.
A propaganda geralmente é usada para destacar um produto do dos concorrentes. No caso da reforma da previdência, não há concorrentes. O governo faz propaganda de um produto que só ele tem.
Para ser honesto deveria também mostrar como é a aposentadoria atual. E então o cidadão poderia comparar e concluir se realmente a nova é melhor. Poderia escolher entre um produto ou outro.
Mas honestidade não faz parte das práticas da propaganda. Ela mostra apenas o produto novo. E, como ocorre com toda propaganda, não mostra os aspectos negativos do que pretende vender. É o que diferencia a propaganda do jornalismo.
A propaganda é uma via de mão única. Ela não se preocupa com o mérito ou conteúdo da ideia que vende, mas sim em utilizar todos os recursos possíveis para vendê-la. Martelar na cabeça do cidadão até vencê-lo pelo cansaço – eis o seu escopo.
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Na pré-história da propaganda não havia limites para seus arroubos. Os anúncios de remédios prometiam curas milagrosas. Eram verdadeiras fake News. Recursos subliminares praticamente hipnotizavam. As pessoas saíam do cinema e sentiam uma vontade irresistível de consumir pipoca, por exemplo. Um exemplo clássico de práticas subliminares na publicidade.
A propaganda pisou no perigoso terreno do abuso, do vale tudo durante muito tempo, provocando desgraças em série, para falar apenas na exaltação do cigarro e das bebidas alcoólicas. E da máquina de propaganda política do III Reich.
Aos poucos surgiram regulamentações. Limites passaram a ser estabelecidos. Nasceu a noção de que propaganda não podia enganar. Propagandas enganosas foram e são banidas.
A campanha da reforma da previdência é um exemplo evidente de propaganda enganosa. E por isso deveria ser tirada do ar.
A reforma fará tão mal aos aposentados quanto o cigarro ou o álcool.
Se a reforma fosse boa não precisaria de propaganda
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