São duas as vias

“O povo brasileiro já demonstrou que voltou a seu campo, à sua via: está com Lula. E igualmente importante: Lula demonstra consciência do seu dever de liderar a nação”, destaca o deputado constituinte Vivaldo Barbosa, afirmando que a outra via é a direita

(Foto: Reprodução)


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Por Vivaldo Barbosa

Os meios de comunicação e áreas do conservadorismo vêm promovendo debate sem conteúdo político, estéril: é preciso fugir dos extremismos e encontrar uma terceira via.

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O conservadorismo brasileiro manifestou-se de diversas formas ao longo da nossa história, mas sempre trazendo consigo a pesada herança do colonialismo e da escravidão.

Submeteu-se aos interesses ingleses e em seguida dos americanos, dentre outros grupos europeus: era melhor importar os produtos deles e exportar, em troca, nossos produtos agrícolas, com apoio de ampla aristocracia rural e escravocrata. Trabalharam contra a industrialização do País (no final do Século XIX, nos alertava o grande financista Amaro Cavalcanti, o Brasil importava palitos e cabos de vassoura) e fizeram o que puderam para impedir a Abolição. Quando julgaram necessário, deram golpes, derrubaram governos eleitos. Sempre atuaram através de diversos partidos e grupos políticos em cada fase da nossa história, tendo os meios de comunicação ao dispor. 

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Do outro lado, foram surgindo os que lutaram pela industrialização do Brasil, os que lutaram pela abolição da escravatura, uma das páginas mais bonitas da nossa história, os que fizeram a República, em especial os positivistas progressistas. Em seguida, os se alinharam à campanha civilista de Rui Barbosa e ajudaram a fazer a Revolução de 1930. A Revolução de 1930 implanta a legislação trabalhista e a Previdência Social, o salário mínimo, amplia a organização dos trabalhadores nos sindicatos (é preciso reconhecer que o Exército brasileiro ajudou neste período, pois o patronato e áreas da Igreja Católica não queriam), defende as águas e os minérios, organiza a saúde pública através dos Institutos de Aposentadorias, implanta as estatais estratégicas, reorganiza o Estado Nacional com poder de intervir na economia. Difunde a ideia do desenvolvimentismo para superar o atraso. Funda-se uma corrente, um pensamento político: o trabalhismo.

Ao longo do tempo, algumas figuras respeitáveis procuraram firmar rumos para a vida brasileira. Não podemos nos esquecer de três grandes, todos tragados pela sorte: Tancredo Neves, tragado pela morte prematura; Ulisses Guimarães, pelas ondas do mar e Franco Montoro, pelo conservadorismo e o neoliberalismo que assumiu o partido que ajudou a fundar.

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Com a redemocratização e a nova Constituição, as duas rotas da política brasileira voltaram a se realinhar.

Do lado conservador, fabricaram dois estratagemas para superar a grande dificuldade que sempre enfrentaram: levar consigo o povo brasileiro: fabricaram o caçador de marajás, com Collor, e o mito do Plano Real, com Fernando Henrique Cardoso. Implantaram o neo-liberalismo com as inspirações vindas da Tatcher, na Inglaterra, e Reagan, nos Estados Unidos, para o desmonte do Estado brasileiro, privatização dos setores estratégicos da nossa economia para deleite dos grupos econômicos e a derrocada dos direitos do povo. Do outro lado, surge a figura do Lula como nova liderança popular e o Partido dos Trabalhadores como organização política com ampla inserção nos sindicatos, universidades, área acadêmica e organizações sociais e se espalha em todo território nacional. Procura anunciar novo tom no trabalhismo, mas assume todos os seus fundamentos: legislação trabalhista, Previdência Social, defende as estatais estratégicas. E avança nas questões sociais para a superação da pobreza e da miséria.

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O povo brasileiro, recomposto no seu lado da política, recupera-se e reage: elegeu Lula duas vezes e Dilma duas vezes contra o conservadorismo liderado pelo PSDB. Aliás, Brizola dizia com todas as letras: o PSDB é a nova cara da direita.

O conservadorismo, diante das dificuldades de lidar com o nosso povo, seus direitos e interesses, como já havia amargado contra Getúlio, Juscelino e Jango, desnuda-se de qualquer escrúpulo e atua na linha dos golpes anteriores, e com os meios de comunicação na mão e o judiciário ao lado: veste a direita de verde amarelo e a coloca nas ruas; derruba a Presidente Dilma; processa e prende Lula. E completa a tarefa com o que lhe resta fazer: elege Bolsonaro.

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Agora, o conservadorismo quer se livrar do Bolsonaro diante do seu fracasso, o que todos de bom senso já previam, e procuram alguém ou correntes que possam superá-lo para continuar o mesmo projeto herdado do colonialismo e da escravidão: subjugar a nação e espoliar nosso povo. Até aqui não conseguiram se distanciar dele. Ciro Gomes sinalizou o que queria ao sair do país na disputa final, e com suas raízes de apoio ao regime militar e ao Plano Real, base do neoliberalismo no Brasil, presta imenso serviço com seus xingamentos contra Lula, tentando diminuir seu poder eleitoral, mas não consegue ir além dos 6 a 10% nas pesquisas; o PSDB, entre Doria e sua pesada carga de traição ao próprio partido e a Bolsonaro, e Eduardo Leite, igualmente eleitor de Bolsonaro; Mandeta, articulador da campanha de Bolsonaro, seu Ministro e que investia contra o próprio SUS; e outros pretendentes menores.

Superar Bolsonaro e sua gente será difícil para qualquer deles, pois carregam todos a mesma marca: todos apoiaram Bolsonaro e todos apoiam a política econômica neoliberal dele, inviável para a economia e os destinos do Brasil e de retirada de direitos, crueldade suprema com nossa gente. E agora não oferecem figuras respeitáveis.

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E o povo brasileiro já demonstrou que voltou a seu campo, à sua via: está com Lula. E igualmente importante: Lula demonstra consciência do seu dever de liderar a nação.

São as duas vias da política brasileira, como sempre.

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