Salvar Temer para salvar o golpe e continuar a destruir o Brasil
Colunista do 247 Emir Sader observa que de repente, frente à possibilidade real de que Temer seja destituído, os que reclamavam muito da sua incompetência e do fracasso do seu governo, se unem no esforço hercúleo de tentar manter seu governo; "Usam o conhecido argumento do 'mal menor', frente ao qual o 'mal maior' são eleições, retorno da democracia e Lula de novo presidente do Brasil", afirma; "Essa combinação explosiva – modelo econômico profundamente antinacional, antidemocrático e antipopular e equipe política corrupta – leva o país ao caos econômico e à acefalia política, além da desmoralização internacional e do cerco que sofre dos movimentos populares. Esses são os males menores, que destroem o país, impõe um regime de exceção"
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De repente, frente à possibilidade real de que Temer seja destituído, os que reclamavam muito da sua incompetência e do fracasso do seu governo, se unem no esforço hercúleo de tentar manter seu governo. Usam o conhecido argumento do "mal menor", frente ao qual o "mal maior" são eleições, retorno da democracia e Lula de novo presidente do Brasil.
FSP, FHC, que se haviam pronunciado já por eleições diretas, recuam para a posição covarde de manutenção do Temer, frente ao risco de desandar tudo o que governo golpista fez: a destruição do país.
Mas qual é o mal maior que querem todos da direita evitar? As eleições diretas, o voto popular, a volta da democracia, a eleição do Lula para presidente. Frente a isso, vale tudo.
E qual é o mal menor? Um governo incompetente, incapaz de ordenar minimamente a economia, sem capacidade de conquistar apoio nem sequer de setores da população, que só diz e faz besteira, que está sempre na corda bamba pelas acusações contra Temer e contra a maioria do seu governo.
Como o objetivo maior da direita brasileira era tirar o PT do governo, se uniram em torno dele e optaram pela vida que se tornou possível, o que significava usar o Temer e a gangue peemedebista que o cerca. Trilham esse caminho, com a única alternativa de que dispõem: a restauração do modelo neoliberal dos anos 1990, fracassada e derrotada quatro vezes nas urnas.
Essa combinação explosiva – modelo econômico profundamente antinacional, antidemocrático e antipopular e equipe política corrupta – leva o país ao caos econômico e à acefalia política, além da desmoralização internacional e do cerco que sofre dos movimentos populares. Esses são os males menores, que destroem o país, impõe um regime de exceção, desmoralizam o Congresso, a política, o Judiciário, a MP, a Polícia Federal, liquidam com o país e destroem a democracia.
Porque tirar o PT do governo não é somente tirar um partido e colocar outro. Significa uma ruptura democrática e de classe. Democraticamente não conseguiram tira-lo do governo. E na democracia não conseguiram impor esse modelo econômico predatório.
Como já se disse, para tirar o PT do governo e o Lula da vida política, destroem o país, liquidam a democracia, promovem o mais radical processo de exclusão social que o pais já conheceu, no mais curto espaço de tempo. Porque o PT no governo significava a prioridade das políticas sociais, o fortalecimento do Estado e das empresas públicas, a ampliação da democracia política e social, uma economia que crescia para, ao mesmo tempo, distribuir renda, um país soberano e respeitado no mundo.
Fazer tudo para manter o governo Temer significa exatamente o contrário: tirar direitos, impor uma profunda recessão econômica, multiplicar sem limites o desemprego, desmoralizar o Brasil lá fora, debilitar o Estado e o patrimônio público. Esse é o mal menor para a elite brasileira, disposta a destruir, contanto de não perder de novo o controle do Estado brasileiro.
Se conseguir, reinará sobre um país e uma sociedade em cinzas. Se for derrotada, a democracia permitirá ao povo voltar a escolher o caminho que prefere.
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