Sai de nós, Idade Média!

Sobre o caso do menino preso ao poste por um cadeado de bicicleta, Rachel Sherazade soltou um "tá com pena, leva pra casa"



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A barbárie está tomando conta nas ruas. É incrível a quantidade de pessoas que acham que "bandido bom é bandido morto". Não sem antes passar por linchamento.

Recentemente um jovem negro foi preso a um poste por um cadeado de bicicleta no Rio de Janeiro. Além disso, ele continha marcas de espancamento e uma orelha cortada. Em Maceió, linchamentos a menores infratores já ocorrem há meses. Houve até um caso de uma pessoa que foi espancada sem ter nada a ver com um suposto assalto no centro da cidade.

E muita gente acha isso correto. Acham que a "bandidagem" tem que ser tratada na porrada. Não é à toa que um selinho gay na novela da Globo gera mais polêmica do que uma assassinato com dezenas de facadas. Isso na mesma produção.

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Também que reação esperar se na mídia esse tipo de prática é cobrada e reverenciada, seja direta ou indiretamente? O (falso) moralismo tomou conta dos comentários em telejornais e programas diversos.

Ao acordar, as pessoas já se deparam com esse tipo de postura. De tanto passar o justiçamento como algo a se fazer para "salvar o país", as pessoas que consomem a mídia grande – e infelizmente não são poucas – começaram a reproduzir nas ruas as falas de seus ídolos midiáticos.

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E não se trata apenas dos programas dito policiais. Até nos telejornais "sérios" a indicação é para a vingança. Tudo dentro do discurso guarda-chuva de que o Brasil está na lama e que somente com punições duras – por fora do Estado democrático de direito – nossos problemas serão resolvidos. Essa é a cantilena que justifica a barbárie.

Rachel Sheherazade, âncora do Jornal do SBT, é um dos melhores exemplos de glorificação da barbárie. Sobre o caso do menino preso ao poste por um cadeado de bicicleta, ela, depois de falar em rede nacional um monte de atrocidades, soltou um "tá com pena, leva pra casa".

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Sheherazade tem expertise na glorificação de atrocidades, no falso moralismo e na exposição do ódio de classe.

Tudo com sua carinha de boa menina: branca, bem criada na classe média tradicional de João Pessoa, e defensora dos bons costumes. Ela não passa de uma personificação do ódio aos pobres negros que está arraigado na camada social de onde ela vem e/ou representa.

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Porém o mais preocupante é o tamanho da ressonância que esse comportamento encontra. Inclusive entre pessoas que se dizem esclarecidas, com seus diplomas – em todos os níveis de graduação – nas paredes de seus escritórios. Médicos, advogados, professores, estudantes, arquitetos, engenheiros. Todo o tipo de "doutor".

Esse é mais um fenômeno para ser estudado por historiados e sociólogos. Será que algum dia saímos da Idade Média?

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