Rumo das eleições no Congresso mostra fracasso da articulação do Planalto
"Apesar de ainda estar em lua-de-mel com o eleitorado, o governo Bolsonaro vem mostrando, nessas duas semanas, baixíssima capacidade de articulação parlamentar", diz Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia; "Além de incorporar a defesa de uma reforma da Previdência profunda a seus discursos, Renan Calheiros e Rodrigo Maia conquistaram as graças do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o argumento de que conseguirão formar maiorias em suas Casas para votar a reforma", afirma; para a jornalista, as articulações do governo serão feitas "supostamente sem o toma-lá-dá-cá partidário" e substituída pelo "atendimento dos grupos de interesses temáticos, mas sem qualquer sinal de protagonismo governista na formação das maiorias parlamentares"
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Por Helena Chagas, para Os Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia
Apesar de ainda estar em lua-de-mel com o eleitorado, o governo Bolsonaro vem mostrando, nessas duas semanas, baixíssima capacidade de articulação parlamentar. Os principais candidatos às presidências do Senado e da Câmara já perceberam isso. Além de incorporar a defesa de uma reforma da Previdência profunda a seus discursos, Renan Calheiros e Rodrigo Maia conquistaram as graças do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o argumento de que conseguirão formar maiorias em suas Casas para votar a reforma.
É essa hoje a principal moeda de troca nas disputas nas duas Casas, e por isso Jair Bolsonaro mandou os filhos recuarem nos discursos contrários à dupla e está pronto para engolir Renan e Maia. Mas Bolsonaro, embora tenha feito uma bagunça na articulação política do Planalto, tem 28 anos de mandato que lhe deram uma mínima noção de como as coisas se passam. Já entendeu que, com Onyx Lorenzoni, um grupo de generais e o PSL, não formará maioria no Congresso. Nem com Major Olimpio, David Alcolumbre e outros candidatos ao comando do Legislativo.
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No momento, Renan Calheiros se fortalece no Senado depois da decisão que manteve o voto fechado na eleição e dos seguidos recados ao Planalto e a Paulo Guedes de que aprovará a reforma da Previdência. Seus possíveis adversários a sério – Tasso Jereissati e Esperidiāo Amin – não se animaram ainda a se apresentar de peito aberto como candidatos.
Na Câmara, Rodrigo Maia enfrenta problemas e sua eleição está longe de ser o passeio que se previa na primeira semana de governo, quando recebeu o apoio do PSL de Bolsonaro. O carimbo governista afastou os partidos de esquerda e a concessão dos melhores cargos na mesa aos governistas criou dissidência do PP e do MDB. O Centrão implodiu. Mas Maia ainda é considerado o favorito, ainda que num segundo turno, quando poderá negociar com candidatos que ficarem pelo caminho. No MDB, por exemplo, que apresentou Fabio Ramalho e Alceu Moreira mas que sofre influência também de Renan, cabo eleitoral de Maia.
A lição que deve ficar das eleições no Congresso será o redondo fracasso do novo modelo de articulação política do governo, supostamente sem o toma-lá-dá-cá partidário, substituído pelo atendimento dos grupos de interesses temáticos, mas sem qualquer sinal de protagonismo governista na formação das maiorias parlamentares. O Planalto vai ficar na mão de aliados que prometem a Previdência. Mas depois é depois.
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