Romero Jucá: o “resolvedor da República”

É tempo de banir da vida pública "resolvedores" como Jucá, os quais devem dar conta de seus pecados à sociedade e ao Poder Judiciário, não sem antes visitar uma delegacia de polícia; é tempo de criarmos uma nova, mais progressista, popular e generosa república, capaz de honrar o povo brasileiro, é tempo de refundar a república

Brasília - O ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Romero Jucá durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto (José Cruz/Agência Brasil)
Brasília - O ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Romero Jucá durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto (José Cruz/Agência Brasil) (Foto: Pedro Maciel)


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"Ao longo dos anos que mantive interlocução com o Senador Romero Jucá, participei de pagamentos a ele que hoje superam R$ 22.000.000,00. Como tive conhecimento, esses valores eram centralizados no Senador Romero Jucá e posteriormente redistribuído dentro de seu grupo no PMDB. " (Trecho da delação de Claudio Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht S.A)

A leitura da delação do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht S.A Claudio Filho, disponível na web, é reveladora de fato trágico: a república, tal como concebida em 1988, acabou, foi dragada por interesses privados, por isso a única saída válida para os verdadeiros democratas e patriotas é a defesa de eleições gerais imediatamente, a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva (que enfrente com uma reforma republicana e democrática os aristocratas do Poder Judiciário, cujos membros de perfil sombrio escondem-se sob suas togas ridículas nos palácios pagos pelo povo).

Bem, vamos aos comentários de aspectos da delação de ex-diretor da Odebrecht.

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Numa das partes mais tristes e constrangedoras o delator ressalta a "eficiência", bem como a "lealdade", de Romero Jucá na defesa dos interesses da Odebrecht S.A, noutra descreve um PMDB dividido em dois grandes grupos paralelos, com atuação autônoma na arrecadação de propina, um grupo atuante no Senado Federal e outro atuante na Câmara dos Deputados (lobistas atuando na defesa dos interesses da Odebrecht S.A., não dos interesses do país).

O executivo delator afirma que o núcleo dominante do PMDB no Senado Federal tem a sua cúpula formada pelos Senadores Romero Jucá, Renan Calheiros e Eunício Oliveira, tratando-se de um grupo é "bastante coeso em suas atuações" e com enorme poder de influência sobre outros parlamentares, tanto do PMDB como de outras legendas. Esse núcleo possui, sempre nas palavras do delator, a capacidade de praticamente ditar os rumos que algumas matérias serão conduzidas dentro do Senado.

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O Senador Romero Jucá era considerado pela Odebrecht o "homem de frente" nas tratativas diretas com agentes particulares interessados na sua atuação estratégica. E, em razão de sua posição histórica de liderança ou participação nos governos anteriores, era também considerado o "Resolvedor da República no Congresso".

Jucá esteve presente de forma destacada nos governos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Michel Temer, ficou de fora apenas do governo de Dilma Roussef, seja como parlamentar ou ocupando posições da estrutura do governo.

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Exatamente por essa posição destacada, o Senador Romero Jucá era o principal responsável pela arrecadação de recursos financeiros dentro do grupo do PMDB no Senado, sendo certo também que Jucá centralizava o recebimento de pagamentos e distribuía os valores internamente no grupo do PMDB do Senado Federal, em especial aos Senadores Renan Calheiros e Eunício Oliveira.

O país não tem um congresso, o país tem uma horda de lobistas, pagos com dinheiro público e que enriquecem às custas de propina, que recebem quando atendem interesses do setor privado, interesses que quase sempre são contrários aos interesses nacionais.

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Por essas e outros repito: a República Federativa do Brasil não existe mais, está morta e a inegável tensão existente entre os três poderes transformou-se em caos definitivo exigindo eleições gerais imediatamente, a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva e uma reforma republicana e democrática do Poder Judiciário.

Ao lado da propina institucionalizada (e a leitura da delação de Claudio Mello Filho revela que a corrupção não é obra do PT, do PSDB ou do PMDB, mas algo sistêmico e estrutural e tão próprio do capitalismo) temos instituições e poderes em processo acelerado de corrosão, a Judicialização da Politica transformou-se em Politização do Poder Judiciário e o Judiciário, que tem o monopólio da jurisdição, mas não da Justiça, legitima e patrocina a catástrofe institucional e o fim da república.

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É tempo de banir da vida pública "resolvedores" como Jucá, os quais devem dar conta de seus pecados à sociedade e ao Poder Judiciário, não sem antes visitar uma delegacia de polícia; é tempo de criarmos uma nova, mais progressista, popular e generosa república, capaz de honrar o povo brasileiro, é tempo de refundar a república.

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