Roberto Jefferson e Jair Bolsonaro, as bestas do apocalipse social brasileiro
"Bem-vindos ao caos social que Bolsonaro já prometia há 20 anos, quando clamava por uma guerra civil que matasse, no mínimo, uns 30 mil", diz Ricardo Nêggo Tom
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Por Ricardo Nêggo Tom
O ex-deputado federal Roberto Jefferson, o mesmo que criou o falso padre Kelmon e chamou uma mulher ministra do STF de puta e arrombada, trocou tiros com policiais federais que foram à sua casa para levá-lo de volta à prisão em um presídio, lugar de onde não deveria nunca mais sair, após ter desobedecido ordens judiciais que o proibiam de acessar as redes sociais. Antes de mais nada, é preciso que a sociedade brasileira faça um questionamento à justiça. Como um prisioneiro pode ter um fuzil e algumas granadas em casa? É preciso também lembrar, que Jair Bolsonaro já declarou que receberia à bala quem fosse a sua casa prendê-lo, e que Jefferson é um dos seus principais aliados, e, como tal, representa a ideologia bolsonarista em seu nível mais primitivo, extremo e irascível.
Prova disso é que, em meio à sua resistência à prisão, ele gravou um vídeo confessando que havia atirado nos policiais que foram prendê-lo e convocando os patriotas a fazerem o mesmo contra à "censura", a favor da liberdade de expressão e pelo hasteamento da “bandeira de Cristo” na sociedade brasileira. No twitter, cristãos bolsonaristas, como a deputada federal Bia Kicis, a rainha das fake news, e o pastor evangélico e deputado federal Otoni de Paula, outro grande aliado de Bolsonaro, pediam à deus (ou seria ao diabo) para que protegesse aquele herói que estava arriscando a própria vida para salvar o país de uma ditadura da toga. O referido pastor, inclusive, declarou que Bolsonaro enviaria as forças armadas para proteger o bandido bolsonarista, a quem ele chamou de “grande soldado patriota”
A também ex-deputada Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, o criminoso que disparou 20 tiros de fuzil e duas granadas contra agentes da polícia federal, também publicou um vídeo em seu twitter no qual defendia a reação armada de seu pai e ameaçava o ministro Alexandre de Moraes, dizendo que se a polícia adentrasse a casa de Jefferson, ela irá atrás dele. Silas Malafaia também relativizou o crime cometido pelo aliado de Bolsonaro, alegando que ele estava sofrendo uma perseguição política por parte do STF. Rodrigo Constantino, aquele mesmo jornalista que um dia disse que se a sua filha fosse estuprada por estar bêbada, daria uma surra nela quando ela chegasse em casa, compartilhou o vídeo terrorista de Bob Jeff sob a legenda “impactante” e também atacou o ministro Alexandre de Moraes.
Enquanto cristãos bolsonaristas exigiam que o presidente manifestasse apoio ao endemoniado extremista, outros patriotas se dirigiam para a casa de Bob Jeff para prestar-lhe apoio e solidariedade. Entre eles, padre Kelmon, a quem coube a tarefa de entregar as armas de Bob Jeff à polícia. Eu jurava que ele havia sido chamado para dar a extrema unção em mais um corpo que agonizava após resistir à prisão e desafiar a letalidade da nossa polícia, mas me lembrei que a nossa polícia só abate preto e pobre, mesmo quando esses não oferecem resistência. Bob Jeff, o criminoso favorito dos bolsonaristas, é um bandido privilegiado. Tanto que nunca antes na história do Brasil um ministro da Justiça havia sido designado para conduzir a rendição de um meliante que tentou matar 4 policiais federais. Sem falar no bate papo amistoso e sorridente entre o bandido e o policial que foi prendê-lo, que incluiu até uma tirada de sarro nos colegas que quase foram assassinados pelo ilustre meliante. Uma ode à barbárie ou uma odisseia no inferno que se tornou o país?
Bem-vindos ao caos social que Bolsonaro já prometia há 20 anos, quando clamava por uma guerra civil que matasse, no mínimo, uns 30 mil. Se Roberto Jefferson fosse morto por ter resistido à prisão e disparado contra agentes da lei, e ele disse no vídeo que estava disposto a morrer para que a sua semente fosse regada e o seu banditismo e insanidade fossem propagados como heroísmo e bandeira para a luta bolsonarista, as eleições do dia 30 poderiam não acontecer. Talvez fosse esse o plano. Porém, os tiros de fuzil disparados por Bob Jeff acertaram o pé de Bolsonaro que, ferido em sua imagem e encurralado pela expectativa da opinião pública quanto ao seu posicionamento diante dos fatos, negou Bob Jeff 3 vezes. Disse não ser seu amigo, não o ter como aliado e que nem sequer havia uma foto com os dois juntos. E ainda o chamou de bandido, para desespero dos cristãos patriotas bolsonaristas.
O diabo não é só pai da mentira. Ele também é pai de Bolsonaro, de Bob Jeff e da legião de possuídos pelo espírito do ódio, da violência e da insanidade, que os seguem e os têm como enviados de Deus, salvadores da pátria e defensores da liberdade. Vai ser preciso muito mais do que uma cruz, um quilo de alho e um balde de água benta para exorcizar todos esses vampiros e seres das trevas da nossa sociedade. Mesmo que Bolsonaro perca a eleição, ainda teremos que conviver com essa horda de fanáticos fundamentalistas e aprendizes de fascistas tentando desestabilizar a ordem social. Essa gente insana que obedece a falsos profetas, que as ensinaram a adorar um messias que veio para que todos morressem eterna e abundantemente. Bolsonaro e Roberto Jefferson são as duas bestas do apocalipse social brasileiro e o nosso fim do mundo particular pode estar bem próximo se Lula não ganhar essa eleição.
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