Ricos de guerra mundial e o desespero do Brasil
Não estou falando de guerra nuclear mas, pelo menos por enquanto, na guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo, os Estados Unidos e a China. Que essa guerra possa resvalar para uma guerra atômica não é de todo impossível
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Não estou falando de guerra nuclear mas, pelo menos por enquanto, na guerra comercial entre as duas maiores potências econômicas do mundo, os Estados Unidos e a China. Que essa guerra possa resvalar para uma guerra atômica não é de todo impossível, exceto pelo fato de que, ao contrário do que quer a inteligência americana, Donald Trump não está a fim de guerra nem com a Rússia nem com ninguém. É um empresário pragmático que, em economia, só pensa em gerar emprego e renda para seus conterrâneos, num exemplo nítido de ressurgência nacionalista depois da febre da globalização.
Em geopolítica Trump é um craque. Está dando um show nos serviços de Inteligência belicistas dos Estados Unidos, herdeiros dos senhores de guerra democratas, principalmente do casal Clinton. Infelizmente o povo brasileiro não sabe disso. Nossa mídia, com destaque para TV Globo e TV Bandeirantes, está no compasso de guerra. Seus comentaristas não tem informação primária de nada. Repetem, como papagaios, a imprensa norte-americana. E a imprensa norte-americana, incompetente e belicista como a maioria dos jornais escandalosos, só produz estímulos de guerra contra a Rússia.
Felizmente todos esses belicistas de todos os continentes, contrariando a linha pacifista dos russos e dos chineses, estes também interessados principalmente em negócios, estão levando um baile da dupla Trump-Putin. Por aí não precisamos esperar nada de ruim. Ruim é que a guerra comercial resvale para uma guerra verdadeira, o que, como disse, não é de todo impossível. As máquinas de guerra dos países rivais estão preparadas para tudo e podem empurrar seus governos para decisões suicidas. Nesse sentido, devemos também nos preparar. Com quem, porém? Com Temer?
É claro que não temos nem classe dominante nem elite dirigente à altura dessas crises. A equipe do governo Temer cuidou exclusivamente de duas coisas em seu tempo: atender aos interesses neoliberais que lhe foram vendidos de fora para dentro e cuidar dos próprios interesses financeiros. Esse governo não serve para o Brasil. Soube por pessoa próxima de Fernando Henrique que ele - vejam, um prócer neoliberal -, antes de mim, sugeriu a Temer que renuncie. É uma exigência de Estado.
É certo que os militares estão inquietos, mas rigorosamente não sabem o que fazer.
É bom mesmo que não entrem no jogo porque, para o tamanho da crise brasileira em confronto com a crise mundial, não há solução militar. Em 64 os "milicos", como se dizia, estavam preparados. Gostemos ou não, o Marechal Castello Branco era um estadista. Roberto Campos e Octávio Gouveia de Bulhões, seus principais assessores civis, eram liberais econômicos na ideologia mas desenvolvimentistas na prática. Hoje, não vejo ao centro e à direita, nem entre militares ou civis, ninguém à altura deles. Portanto, temos que tratar nossa crise com nossas próprias forças.
Rememorando Vinícius, esquerdistas e direitistas que me perdoem, mas a saída de Temer é fundamental. Será a partir dela que se poderá reerguer a República. O resto é uma construção para a qual eu próprio, como simples cidadão – na verdade, também como assessor de Economia Política do senador Requião -, tenho contribuído com artigos e vídeos (frentepelasoberania.com.br). O passo seguinte é a convocação do Congresso, que deve ser feita antes ou depois da formalização da renúncia. Para isso, meu caro Watson, os congressistas deverão estar em Brasília no mínimo na terça-feira.
Vejo também que muitos parlamentares estão empenhados, sobretudo, em suas campanhas pelo interior dos Estados. Alguns estarão dispostos a suspender o recesso se convocados, mas a maioria não quer sair de sua área de conforto – a pequena intriga eleitoral – para pressionar os presidentes das duas Casas pela convocação. Metidos na pequena política, não vêem a grande. A obsessão em ganhar 50 votos no interior é maior que a luta pelo bem da Pátria no plano geral. Pergunto a mim mesmo: para que foram eleitos? Simplesmente para serem reeleitos indefinidamente?
Conheço, porém, muitos deles que, acredito, se abalarão para Brasília nesta segunda para se preparar para deliberações a partir de terça. São eles, por ordem de minha admiração, Roberto Requião, Renan Calheiros, Lindeberg Farias, Gleise Hoffmann, Vanessa Grazziotin, Romário e outros de contatos esporádicos. Na banda dos deputados federais, tenho admiração pelos jovens Glauber Braga, Wadih Damous e Leonardo Quintão, e pelos veteranos Miro Teixeira, Simão Sessim, Celso Pansera, e vários outros "limpos" politicamente e de cujos nomes não me recordo agora.
Parlamentares tem conexões com seus pares dentro e fora de seus Estados, de forma que espero destes que foram nomeados um esforço genuíno para que todos estejam em Brasília, na noite de segunda ou no máxima na manhã de terça, induzindo os conhecidos a fazerem o mesmo. Diante dessa manifestação de interesse público, duvido que Eunício e Maia resistam ao imperativo de convocação do Congresso. Aliás, se todos estiverem em Brasília, todos estarão em igualdade competitiva em seus Estados, sem risco de perder tempo absoluto em suas campanhas de reeleição.
Haverá os omissos. Já disse que teremos em todo o Brasil comitês do Movimento de Democratização do Congresso Nacional. Juro que dedicaremos todos os nossos esforços a apontar os omissos, em todas as regiões dos Estados, execrando-os perante o tribunal da opinião pública. Pediremos, se necessário, a ajuda de comunicadores que tem se manifestado pela renovação do Congresso, como Faustão e Paulo Henrique Amorim, a colaborarem conosco nessa tarefa. Seu objetivo, repito, será a destruição, diante da sociedade, da imagem, da história e da reputação dos omissos diante da grande crise.
Não estamos numa situação trivial. O mundo está virtualmente em guerra. Só não é ainda uma guerra atômica porque as potências estão providas de armamento nuclear dissuasório. Aliás, no plano geopolítico, um novo presidente terá que enquadrar a OTAN em seu objetivo insano de nuclearizar a América do Sul com sua entrada na Colômbia, a fim de ameaçar a Venezuela. Um presidente brasileiro com a autoridade política fará entender aos belicistas da OTAN que, se levarem avante esse projeto, faremos um acordo nuclear de defesa, no âmbito dos BRICS, e ofereceremos à Rússia e à China uma base naval na costa brasileira.
P.S. Peço às professoras Liana Carleial e Rosa Furtado, entusiastas e aliadas nessa estratégia, que trabalhem pelo compartilhamento e virulização deste artigo junto com outros e outras camaradas que dividem comigo a obsessão de tornar o Brasil um país digno de seu povo. Se possível, contatem seus parlamentares para que estejam em Brasília, conforme sugeri, na terça-feira. A série de artigos pelo Grande Pacto que está sendo concluída, com este último, encontra-se no site indicado acima, frentepelasoberania.com.br
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