Ricos brasileiros preferem ganhar menos em troca de ser mais desumanos e cruéis
"Não há terceira via entre a vida e a morte. Ciro, Tebet, etc… não existem. Ou vão para o lado da vida ou vão fazer negócios com a morte", diz Carlos D'Incao
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Por Carlos D'Incao
Paulo Dalla Nora Macedo é um milionário. Seu testemunho do interior de um grupo seleto e quase secreto de outros milionários brasileiros é mais que revelador: é estratégico e importante pelas lutas que estão por vir.
Macedo resolveu pegar toda a sua fortuna, bens móveis (que lotaram quase dois Containers de um navio), vendeu seus bens imóveis e foi morar em Portugal, por uma só razão: não suportava mais o bolsonarismo impregnado nas elites brasileiras e resolveu dar aos seus filhos um futuro melhor na Europa.
Seu relato vem de longe. Vem de 2017 quando começou a perceber que a “sem vergonhice” das elites começou a considerar a hipótese de apoiar Bolsonaro. Era um apoio tímido mas que acabou por florescer no seu máximo esplendor em 2018. Talvez ingenuamente não tenha percebido a podridão que estava reprimida nos armários de seus amigos.
O despertar da consciência de que o país iria para o precipício civilizatório foi quando um amigo próximo lhe confessou o quanto era “libertador” ser bolsonarista. Agora, dizia, podia falar e fazer tudo o que por muitos anos havia sido reprimido: contar piadas racistas, ser homofóbico, misógino, classista, etc.
Junto com a nata da sociedade, ouviu uma palestra do Bolsonaro e de Guedes que não tinham qualquer projeto para o país. Ninguém se animou com nada. O que levantou a plateia foi apenas, no final, o gesto de Bolsonaro fazendo arminha.
Saiu tentando debater o caos econômico que a vitória de Bolsonaro ocasionaria. Foi se isolando cada vez mais e acabou sendo expulso de três grupos de WhatsApp.
Nesses grupos, inclusive, era notório o fato de todos saberem da perseguição contra Lula e tirarem sarro de que o mesmo estava preso por um “apartamento vagabundo” que não estava nem mesmo no nome dele.
“Ninguém ganhou tanto dinheiro como no governo Lula, ganharam dez, vinte vezes mais do que ganharam com Bolsonaro… pensava que isso ia mexer com o lado racional da elite brasileira, mas não… ela prefere ser mais pobre em troca de poder ser o que há de mais incivilizado no planeta. Não aguentei e resolvi sair do país”. Afirma Macedo.
Sobre a possibilidade de Lula ganhar as eleições, Macedo é categórico: o estrago que o bolsonarismo ocasionou vai demorar talvez décadas para ser refeito. Os milionário continuarão a ser bolsonaristas e é muito difícil fazer negócio com essa gente. No fim, sempre tenho que me relacionar com um fornecedor, um cliente importante… e eu não suporto mais essa raça.”
Perguntado se a elite tem medo de Lula, afirma que economicamente não, “o medo é ter que voltar para o armário… e também há um medo irracional de que Lula faça uma punição fiscal contra eles… mas no fim eles escolhem Bolsonaro pelo que ele é, e o mesmo se aplica à rejeição contra Lula, são duas pessoas opostas como ser-humano…”
Questionado se votará esse ano respondeu de maneira enfática: “Nunca votei no Lula, mas agora vou votar, porque o Brasil com Bolsonaro é apenas ódio e destruição. Veja o que ele fez com as vacinas! E teve muito amigo e conhecido, gente milionária e com nível superior que virou negacionista…”
Para finalizarmos o que significa esse testemunho, basta aqui lembrarmos uma frase de Karl Marx: “A burguesia representa um museu de toda a opressão já existente na História da humanidade. Quando anda com rédeas, se comporta como a mais fina nobreza. Quando é solta e cavalga por conta própria é a força mais brutal e incivilizada que os olhos humanos já testemunharam.”
Essa é a luta atual: a brutal desumanidade, a barbárie e a crueldade dos ricos - representados por Bolsonaro; contra a civilidade, a democracia e o progresso, representados pela classe trabalhadora e por Lula. Não há terceira via entre a vida e a morte. Ciro, Tebet, etc… não existem. Ou vão para o lado da vida ou vão fazer negócios com a morte.
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