Revisitando a cultura gaúcha com a banda Rivadavia

É num contexto de resgate da tradição progressista do Sul que vamos falar sobre a banda Rivadavia e seu lançamento “Lanceiros Negros”

Banda Rivadavia
Banda Rivadavia (Foto: BILLY VALDEZ/DIVULGAÇÃO/JC)


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Nos últimos anos, aqui no Brasil tivemos diversos casos divulgados pela mídia e pelas próprias pessoas através desse novo recurso de jornalismo amador individual, também conhecido como, celular, de como a região sul do país se tornou ou talvez sempre foi, (só que agora “está sendo filmado”) numa região explicitamente fascista.

Essa mesma região, onde tem o maior número de eleitores de direita (e também células nazistas), e que mostram apoio aberto a um cara que, além dos muitos casos de corrupção e incompetência administrativa, já disse coisas publicamente, como: “só não te estupro porque você não merece”, ou que “pintou um clima” ao ver adolescentes “arrumadinhas” na rua, pode ser ao mesmo responsável pelo atual desastre político brasileiro, mas que também, dependendo do ponto de vista, pode ser vitima de um projeto que começou errado e obviamente, iria terminar da mesma maneira errada. Voltarei nesse ponto no final do texto.

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O Rio Grande do Sul já foi, num passado recente tão progressista e revolucionário quanto é atualmente a região Nordeste. Não podemos esquecer que foi no Sul que surgiram grandes nomes da política, como Getúlio Vargas, João Goulart, Brizola e Prestes. Pessoas que fizeram diversas mudanças estruturais no Brasil e que continuam influenciando os rumos da nossa nação, as ideologias progressistas e análises político-econômicas, desde os simples debates, até mesmo as eleições. (A título de curiosidade, Lula venceu as eleições de 2022 em Porto Alegre).

E é nesse contexto de resgate da tradição progressista do Sul que vamos falar um pouco sobre a banda Rivadavia, e seu lançamento, intitulado “Lanceiros Negros”.

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A banda Rivadavia, formada em Porto Alegre, com músicos oriundos da cidade de Santo Antônio da Patrulha – RS, faz um som indie, com elementos grunge, hard rock e pop rock brasileiro, com letras em português, espanhol e inglês. Suas músicas são, principalmente, de cunho político.

Em 2022, a banda lançou seu novo single, Lanceiros Negros, que conta a história dos negros que foram destacados para lutar na maior guerra civil da história do país, a Guerra dos Farrapos, também conhecida como Revolução Farroupilha.

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De acordo com a própria banda, no videoclipe da música, no seu canal do youtube: "’Lanceiros Negros’ é um manifesto crítico e afetivo que tonifica nossa identidade sul brasileira. A canção evoca o Massacre de Porongos, ocorrido durante a Guerra dos Farrapos (1835-1845), quando os Lanceiros foram mortos e dispersos num ataque traiçoeiro combinado entre líderes das tropas imperiais e farroupilhas. A música, então, cobra justiça histórica fazendo uso de elementos da cultura gaúcha. Este vídeo tem o intuito de ilustrar e mesmo homenagear criticamente a cultura pampeana gaúcha e sua intimidade com a natureza. O trabalho traz, ainda, participações de personalidades negras, que representam uma cobrança contemporânea a essa ufanista mitologia farrapa e suas infâmias.”

O Massacre de Porongos faz parte de vários outros casos de injustiça e tragédias da história brasileira, mas que ainda não são falados e discutidos em quase nenhum lugar, passando despercebidos pelo povo, que não conhece as suas origens. Mas no caso do sul, a banda Rivadavia resolveu expor essa ferida, através da arte, e mostrar para a nova geração coisas que provavelmente ela não irá ver dentro da escola, pelo menos por enquanto.

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Ampliando a questão do pop rock nacional, e retroagindo desde o início do movimento na década de 80, onde todas as bandas tinham letras de protesto, contra o capitalismo, o status quo, e a favor do povo e dos oprimidos, a banda Rivadavia também se encaixa nessa nova leva de bandas brasileiras que pretendem reativar a antiga veia rebelde e de protesto, que aliás, sempre fez parte da música brasileira, não apenas do rock, mas também da mpb, do movimento tropicália, do sertanejo caipira, do forró pé de serra, do axé music.

Sobre eu ter dito que é possível que a região sul seja na verdade vítima, ao invés de ser propagadora do fascismo brasileiro, eu me referia ao fato de que, quando os imigrantes italianos e alemães chegaram naquela região, não houve por parte das autoridades da época, uma intenção em levar uma educação e cultura a eles, no sentido de fazer com esses imigrantes se sentissem parte da nossa terra, como irmãos, brancos, negros e índios. 

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No entanto, o que se vê é que, os ricos do sul (e não os pobres), têm essa baixa autoestima, e não querem se considerar brasileiros (vestir a camisa da CBF e cantar o hino nacional é tudo uma farsa), ao ponto de propor uma separação do resto do país, num movimento conhecido como “O Sul É Meu País”. Porém graças ao advento da internet, das redes sociais e dos sites alternativos progressistas, estamos conseguindo divulgar o outro lado, que é o verdadeiro lado, o lado do sul que é brasileiro, gosta de ser brasileiro, e quer continuar a ser parte do nosso Brasil, e essa é a importância da existência e divulgação do trabalho da banda Rivadavia.

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