Retrato dos anos da peste
"Esta declaração agora de novo divulgada de Andrea Barbosa, ex-mulher de Pazuello, não é nova", diz a jornalista Hildergard Angel
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Por Hildegard Angel, para o 247
Em plena pandemia, ela corajosamente veio a público revelar isso. A grande mídia, sob os encantos da política econômica de Guedes que só favorece os ricos, ignorou o depoimento. Deixou passar batido. Uma revelação dessa importância misturou-se a uma enxurrada de outras, todas ignoradas.
Bolsonaro e Pazuello não mataram tanta gente sozinhos. Contaram com a cumplicidade conivente dos farsistas de jaleco branco, dos charlatões de consultório, do CFM, de grupos macro de redes hospitalares e planos de saúde, de laboratórios, de políticos e lobistas propineiros. Todos vendo nessa peste do Terceiro Milênio oportunidade para faturar e enriquecer ainda mais. O número de bilionários do Brasil mais do que dobrou. A fila para comprar jatinhos de última geração triplicou, precisava distribuir senha.
Assim foi a pandemia para os mercenários, os argentários, os sonegadores da vida, os indignos de serem chamados de humanos.
E todos com ar grave, doutoral, com estetoscópio enrolado no pescoço como um cachecol, para aparecer na TV e dar orientações erradas, com o objetivo expresso de provocar mais mortes. Mercadores da tragédia.
No "mercado negro" das propinas, tentavam passar nos cobres, para os próprios bolsos, hospitais da rede federal, para serem praticamente "doados" a grandes grupos de saúde. Não conseguiram, porque vazou. Eu mesma tratei de divulgar, assim que soube do conchavo.
Enquanto rolava toda essa indignidade, os bolsonaristas aloprados davam ataque de pelanca nos WhatsApp e mídias sociais, defendendo o negativismo do maligno que nos preside. Tudo era toldado pela vista grossa.
Chocante, e isso vai entrar para os anais da História, foram os 100 anos de sigilo impostos pelo Exército ao processo de Pazuello. Foi o EB "fazer a egípcia" para um general fardado proferindo comício politico, o que é vedado pelo regulamento da arma.
Assim, imaculado, sem uma gotinha de sangue no paletó, o ministro da mortandade, que usava a máscara errado, sobre os olhos, e nunca tinha ouvido falar no SUS, se elegeu deputado federal com 205 mil votos.
A mídia, hoje tão lúcida, atenta e democrática, tem suas mãos de sangue na lobotomia coletiva realizada no Brasil para sustentar a perversidade de Paulo Guedes.
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