Resistência científica e cultural
Os 90 anos de Fernanda Montenegro se transformaram em símbolo da resistência cultural do país. Com muita sensibilidade, a musa Fernanda Torres falou sobre sua mãe em artigo na Folha de S. Paulo, onde é articulista, sem deixar de tocar em aspectos cruciais e trágicos do momento de destruição cultural pelo qual passamos.
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Os 90 anos de Fernanda Montenegro se transformaram em símbolo da resistência cultural do país. Com muita sensibilidade, a musa Fernanda Torres falou sobre sua mãe em artigo na Folha de S. Paulo, onde é articulista, sem deixar de tocar em aspectos cruciais e trágicos do momento de destruição cultural pelo qual passamos. Um texto sincero, profundo e comovente como sói ser, vindo da lavra da filha do Dama do Teatro, mostrando que a genética é hereditária.
Colunistas, no entanto, revelam uma inocência pueril ao questionarem que não se esperava o que está acontecendo, pois se sabia muito bem que assim seria – e não apenas o que se temia, segundo eles. Ou alguém ainda é capaz de se surpreender com as atitudes do ocupante do Palácio do Planalto? No mundo todo, cultura sobrevive com apoio público, refletindo a necessidade da sociedade organizada em propiciar leituras múltiplas do mundo. Mas nossa distopia em curso diz que somente o que dá lucro imediato é que pode sobreviver.
No tocante à ciência, educação e formação de profissionais, também resistimos. Avaliações devem ser feitas e sempre apresentam falhas, mas é melhor do que não avaliar. O ranking das universidades recentemente publicado, por exemplo, mostra aquilo que já sabemos há muito tempo: o domínio absoluto das Instituições Públicas sobre as privadas, com algumas alterações entre as colocações de um ano para outro. Mesmo dentre as particulares, as não confessionais aparecerão somente depois da 30a posição. O governo federal e seu distópico ministro da educação não aceitarão tal realidade e continuarão o desmonte das universidades federais para ver se, no futuro, as particulares aparecerão à frente, por piora das instituições públicas, já que essas privadas não conseguem melhorar. Também há que se registrar que, em homenagem ao 15 de outubro e pela proximidade de eventos religiosos, alguns articulistas foram muito professorais na discussão sobre os santos e a ciência, pois fé e ciência são dimensões totalmente distintas e nunca deveriam figuram em uma mesma abordagem, qualquer quer seja. Se assim fosse, mutatis mutandis, tudo que é relatado na Bíblia não subsiste a uma abordagem científica e deveria, portanto, fazer ruir as religiões advindas desse livro.
No mais, foi emblemático o presidente dizer que o trabalho de um jornalão da capital paulista seja esgoto e o veículo estampar, na edição do dia seguinte, na capa, uma reportagem sobre os problemas de saneamento no Brasil. Resposta muito inteligente e sutil, mostrando quem realmente é o responsável pelos excrementos, físicos e políticos, para não dizer palavra de baixo calão típica do ocupante do Palácio do Planalto.
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