Renúncia branca
Bolsonaro não renunciou formalmente, mas a sua birra de faltar ao serviço desde que perdeu a eleição só pode ser definida como renúncia branca
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Por Alex Solnik
O ainda presidente da República não comparece ao serviço há duas semanas.
Isso me faz lembrar de dois episódios.
Em 1961, Jânio Quadros surpreendeu o país renunciando nove meses depois de assumir a presidência da República. Atribuiu a decisão a “forças terríveis”, que jamais definiu.
Dentre as várias interpretações de seu gesto, a mais unânime é a de que, como bom populista, pretendia voltar “nos braços do povo”.
O segundo episódio aconteceu em 1964.
Ao constatar a ausência do presidente João Goulart no Palácio do Planalto enquanto tropas golpistas se deslocavam para derrubá-lo, o então presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a cadeira do presidente.
Bolsonaro não renunciou formalmente, como Jânio, nem Rodrigo Pacheco vai dar uma de Auro de Moura Andrade.
Mas a sua birra de faltar ao serviço desde que perdeu a eleição só pode ser definida como renúncia branca.
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