Relatório da CPI que indicia Bolsonaro recoloca o País em direção à civilização

(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado | Reuters)


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Por Davis Sena Filho

Jair Bolsonaro quando era deputado federal em um tempo de quase três décadas sem produzir praticamente nada não era um parlamentar ou sujeito letal, apesar de acusações no decorrer desse tempo de que ele apoiava grupos de milicianos no Rio de Janeiro, o Estado de Federação onde o ex-capitão mora.

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Contudo, sua letalidade praticamente se dava no âmbito de seus terríveis pensamentos e de suas palavras dilacerantes contra todos aqueles ou aquelas que o deputado Bolsonaro considerava como inimigos a serem desrespeitados e duramente insultados, o que ele fez com determinação e dedicação no plenário da Câmara, nos corredores do Legislativo, em seu gabinete, nas entrevistas e em ações nas ruas.

Porém, foram décadas de agressões, a defender as teses e ações mais estapafúrdias e infames contra a sociedade organizada, suas instituições e entidades, a atacar também com impiedade e virulência inúmeros grupos sociais e classes de trabalhadores, aos quais Bolsonaro tinha e tem profunda rejeição e ódio, a exemplo dos índios, quilombolas, mulheres, homossexuais, deficientes, negros, mulheres, partidos de esquerda, setores da cultura e da universidade, dentre tantos outros segmentos da sociedade brasileira.

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Por sua vez, sua voz altissonante não reverberava socialmente no decorrer desses anos todos de forma transparente e com retorno para seus pensamentos dignos dos mais empedernidos fascistas e falastrões por parte da população, notadamente os homens e mulheres medianos, que ficaram quietos em seus casulos desde a redemocratização em meados da década de 1980, que se consolidou a promulgação da Constituição de 1988, cuja Constituinte foi liderada por Ulysses Guimarães, um dos mais importantes parlamentares da história deste País.

O homem médio, a mulher média, geralmente considerados brancos, sendo que uma parte ampla portadora de diploma universitário conviviam em sociedade de forma pacífica, até que a partir de 2013, quando começaram as primeiras manifestações de direita contra o governo trabalhista de Dilma Rousseff, em um processo político que se radicalizou e se transformou em um combate também ideológico sem trégua, que levou à farsa da deposição de Dilma e, posteriormente, à prisão injusta de Lula, que liderava as pesquisas para presidente em 2018.

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Nesse ano fatídico para o Brasil, pois mais um vez vítima de um golpe de estado e, consequentemente, nas mãos de um grupo político de extrema direita que hoje, por intermédio da CPI da Covid, está a se desmoralizar com um governo fascista, corrupto, além de acusado e indiciado pelo relatório final da CPI de ter promovido ações de lesa-pátria e lesa-humanidade.

O relatório será enviado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que é considerado por grande parte da oposição de ser aliado de Jair Bolsonaro, pois alinhado com os interesses do governo que tem os piores números e índices sociais e econômicos da história recente do Brasil, sendo que para muitos historiadores, economistas, financistas, políticos, jornalistas e sociólogos o Governo de extrema direita de Bolsonaro, assim como ultraliberal é o pior e mais incompetente governo da história da República.

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De acordo com o relatório final da Covid, coordenado pelo senador Renan Calheiros e aprovado pela maioria dos membros da Comissão, foi sugerido que Jair Bolsonaro receba uma pena de 30 anos de cadeia. O presidente foi indiciado e é acusado de ser o maior e principal responsável por crimes contra a humanidade, especificamente no que concerne à atuação criminosa da Prevent Senior, das mortes e omissão em Manaus, assim como no que diz respeito ao abandono à saúde e à proteção dos povos indígenas em plena pandemia, que ceifou a vida de mais de 600 mil brasileiros.

Renan Calheiros confirmou também a retirada do pedido de indiciamento por homicídio e afirmou, a seguir: "O que foi retirado foi o crime de homicídio. Nos rendemos aos argumentos técnicos do senador Alessandro Vieira, e eu concordo com eles. E aproveitei a oportunidade para agravar ainda mais esse crime, qualificá-lo ainda mais porque estende sua pena para 30 anos".

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O relator da CPI disse também que retirou o termo "genocídio" e em seu lugar foram inseridas as palavras "crimes contra a humanidade", de maneira a atender questões jurídicas que possam propiciar ações mais objetivas no que tange a evitar que no futuro advogados se valham de chicanas, que poderão engessar os processos contra acusados e denunciados que participaram, de uma maneira ou outra, de questões gravíssimas como mortes, compras de vacinas e oxigênio, além de propagarem aos quatro cantos o uso de medicamentos ineficazes para o combate à Covid-19.

Trata-se, na verdade, de uma série de crimes incontáveis que foram se sucedendo conforme o passar do tempo para a infelicidade do povo brasileiro, que ficou nas mãos de indivíduos sem quaisquer escrúpulos, pois ideologicamente fanáticos, politicamente radicais, sendo que muitos deles não passavam realmente de ladrões.

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Na verdade, criminosos que quiseram levar vantagens políticas e financeiras com a pandemia do Novo Coronavírus, a desprezar a dor de milhões de brasileiros, que tiveram seus parentes e amigos mortos pela irresponsabilidade, incompetência, omissão e extrema perversidade de políticos, militares, médicos, servidores públicos, empresários, e pilantras oportunistas de toda monta e espécie, que tomaram de assalto o Ministério da Saúde e, consequentemente, a República.

Agora, após a entrega do relatório final da CPI da Covid aos órgãos competentes, em especial a PGR sob o comando de Augusto Aras, que se tornará o brasileiro mais observado pela Nação nos próximos dias, espera-se que a justiça seja feita, os responsáveis denunciados, processados e julgados, conforme seus envolvimentos, cargos e poderes.

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O desgoverno fascista de lógica ultraliberal a agir com infâmia em um tempo de pandemia, que causou profunda dor e desespero à sociedade, que ficou à mercê de verdadeiros delinquentes de alta periculosidade, que politizaram e ideologizaram a Covid-19, simplesmente para fazer a má política, bem como realizar o contraponto eleitoral, pois a pandemia foi usada por Jair Bolsonaro e seus asseclas como palanque político-eleitoral.

Também ficou estabelecido pelos membros da CPI da Covid que o relatório final será enviado ao Tribunal Penal Internacional de Haia. O documento responsabiliza Jair Bolsonaro de ter cometido crimes contra a humanidade no cargo de presidente da República, chefe do Governo Federal. Para o relator Renan Calheiros, "Essa CPI é a primeira a comprovar as digitais do presidente da República na morte de milhões de cidadãos".

Além disso, a decisão de enviar o relatório final ao Tribunal de Haia é porque a maioria dos senadores que participaram da CPI desconfiam das autoridades jurídicas brasileiras, que sem mostraram nos últimos anos incapazes de dar sequência a denúncias por se mostrarem ineficazes e demonstrarem inação para apurar crimes, denunciar e levar aos tribunais as pessoas e autoridades autoras de malfeitos, a exemplo do que ocorreu no período da pandemia de quase dois anos.

A meu ver, o relatório da CPI da Covid que indicia Jair Bolsonaro recoloca o País em direção à civilização, em busca novamente da consolidação dos marcos civilizatórios, que podem ser exemplificados no Estado de Direito Democrático, na Constituição, na consolidação da democracia brasileira e na democratização urgente da Justiça, que tem a obrigação de olhar para as camadas sociais mais pobres, que tem dificuldades de acesso à Justiça e, com efeito, aos seus direitos constitucionais.

Que nunca mais o povo brasileiro volte a eleger um fascista que militarizou o Governo Federal e deu asas ao neoliberalismo de rapinagem e exploração, miséria e fome, desemprego e violência, desassossego, desesperança e morte. Que os culpados sejam severamente punidos. Basta! É isso aí.

Veja quem são os 71 indiciados pela CPI da Covid:

1) JAIR MESSIAS BOLSONARO – Presidente da República

2) EDUARDO PAZUELLO – Ex-ministro da Saúde

3) MARCELO QUEIROGA – Ministro da Saúde

4) ONYX LORENZONI – Ex-ministro da Cidadania e ministro da Casa Civil

5) ERNESTO ARAÚJO – Ex-ministro das Relações Exteriores

6) WAGNER ROSÁRIO – Ministro da CGU

7) ROBSON SANTOS DA SILVA – Secretário especial de Saúde Indígena

8) MARCELO AUGUSTO XAVIER DA SILVA – Presidente da Funai

9) ANTÔNIO ELCIO FRANCO FILHO – Ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde

10) MAYRA ISABEL CORREIA PINHEIRO – Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

11) ROBERTO FERREIRA DIAS – Ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde

12) CRISTIANO ALBERTO HOSSRI CARVALHO – Representante da Davati no Brasil

13) LUIZ PAULO DOMINGUETTI PEREIRA – Representante da Davati no Brasil

14) RAFAEL FRANCISCO CARMO ALVES – Intermediador nas tratativas da Davati

15) JOSÉ ODILON TORRES DA SILVEIRA JÚNIOR – Intermediador nas tratativas da Davati

16) MARCELO BLANCO DA COSTA – Ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde e intermediador nas tratativas da Davati

17) EMANUELA MEDRADES – Diretora-executiva e responsável técnica farmacêutica da empresa Precisa

18) TÚLIO SILVEIRA – Consultor jurídico da empresa Precisa

19) AIRTON SOLIGO – ex-assessor especial do Ministério da Saúde

20) FRANCISCO MAXIMIANO – Sócio da empresa Precisa

21) DANILO TRENTO – Sócio da empresa Primarcial Holding e Participações Ltda e diretor de relações institucionais da Precisa

22) MARCOS TOLENTINO – Advogado e sócio oculto da empresa Fib Bank

23) RICARDO BARROS – Deputado federal e líder do governo na Câmara

24) FLÁVIO BOLSONARO – Senador e filho do presidente

25) EDUARDO BOLSONARO – Deputado federal e filho do presidente

26) BIA KICIS – Deputada federal

27) CARLA ZAMBELLI – Deputada federal

28) CARLOS BOLSONARO – Vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente

29) OSMAR TERRA – Deputado federal e ex-ministro da Cidadania

30) FÁBIO WAJNGARTEN – ex-chefe da Secom do governo federal

31) NISE YAMAGUCHI – Médica apontada como participante do gabinete paralelo

32) ARTHUR WEINTRAUB – ex-assessor da Presidência da República e apontado como participante do gabinete paralelo

33) CARLOS WIZARD MARTINS – Empresário e apontado como participante do gabinete paralelo

34) PAOLO MARINHO DE ANDRADE ZANOTTO – biólogo e pontado como participante do gabinete paralelo

35) LUCIANO DIAS AZEVEDO – Médico e apontado como participante do gabinete paralelo

36) MAURO LUIZ DE BRITO RIBEIRO – Presidente do Conselho Federal de Medicina

37) WALTER BRAGA NETTO – Ministro da Defesa e ex-ministro-chefe da Casa Civil

38) ALLAN DOS SANTOS – Blogueiro suspeito de disseminar fake news

39) PAULO ENEAS – Editor do site bolsonarista Crítica Nacional suspeito de disseminar fake news

40) LUCIANO HANG – Empresário suspeito de disseminar fake news

41) OTÁVIO OSCAR FAKHOURY – Empresário suspeito de disseminar fake news

42) BERNARDO KUSTER – Diretor do Jornal Brasil Sem Medo, suspeito de disseminar fake news

43) OSWALDO EUSTÁQUIO – Blogueiro suspeito de disseminar fake news

44) RICHARDS POZZER – Artista gráfico suspeito de disseminar fake news

45) LEANDRO RUSCHEL – Jornalista suspeito de disseminar fake news

46) CARLOS JORDY – Deputado federal

47) SILAS MALAFAIA – Pastor suspeito de disseminar fake news

48) FILIPE G. MARTINS – Assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente da República

49) TÉCIO ARNAUD TOMAZ – Assessor especial da Presidência da República

50) ROBERTO GOIDANICH – Ex-presidente da Funag

51) ROBERTO JEFFERSON – Político suspeito de disseminar fake news

52) RAIMUNDO NONATO BRASIL – Sócio da empresa VTCLog

53) ANDREIA DA SILVA LIMA – Diretora-executiva da empresa VTCLog

54) CARLOS ALBERTO DE SÁ – Sócio da empresa VTCLog

55) TERESA CRISTINA REIS DE SÁ – Sócio da empresa VTCLog

56) JOSÉ RICARDO SANTANA – Ex-secretário da Anvisa

57) MARCONNY ALBERNAZ DE FARIA – Suposto lobista em favor da Precisa Medicamentos

58) DANIELLA DE AGUIAR MOREIRA DA SILVA – Médica da Prevent Senior

59) PEDRO BATISTA JÚNIOR – Diretor-executivo da Prevent Senior

60) PAOLA WERNECK – Médica da Prevent Senior

61) CARLA GUERRA – Médica da Prevent Senior

62) RODRIGO ESPER – Médico da Prevent Senior

63) FERNANDO OIKAWA – Médico da Prevent Senior

64) DANIEL GARRIDO BAENA – Médico da Prevent Senior

65) JOÃO PAULO F. BARROS – Médico da Prevent Senior

66) FERNANDA DE OLIVEIRA IGARASHI – Médica da Prevent Senior

67) FERNANDO PARRILLO – Dono da Prevent Senior

68) EDUARDO PARRILLO – Dono da Prevent Senior

69) FLÁVIO ADSUARA CADEGIANI – Médico que fez estudo com proxalutamida

70) EMANUEL CATORI – Sócio da farmacêutica Belcher

71) PRECISA COMERCIALIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS LTDA.

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