Reinaldo, nunca irei comemorar o seu sequestro judicial
O que me incomodou mesmo no texto foi a presunção de Reinaldo Azevedo de adivinhar como agiríamos em caso de ele ser conduzido coercitivamente pela Polícia Federal. Segundo ele, soltaríamos foguete
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O blogueiro Reinaldo Azevedo escreveu um post defendendo Eduardo Guimarães e questionando o direito de Moro de sequestrá-lo (eu me recuso a usar o termo “condução coercitiva, que é pedante e não diz nada).
Para fazê-lo, porém, Reinaldo sentiu-se obrigado, como que para se desculpar perante seus leitores, a fazer longos, enfadonhos e previsíveis xingamentos ao blogueiros.
Deixemos isso para lá. Já passei da fase de me aborrecer com isso.
O que me incomodou mesmo no texto foi a presunção de Reinaldo Azevedo de adivinhar como agiríamos em caso de ele ser conduzido coercitivamente pela Polícia Federal. Segundo ele, soltaríamos foguete.
Não posso falar por todo mundo, claro, mas lhe garanto, Reinaldo, que eu e muitos internautas do nosso campo nunca fariam isso. Sou leitor de Voltaire, e entendo que a minha divergência em relação à sua opinião torna ainda mais nobre e importante a minha defesa de sua liberdade.
Não nos faça essa acusação leviana. Tanto é assim que, em 13 anos de governos petistas, você trabalhou com total liberdade, inclusive mediante patrocínios polpudos do governo federal, na Veja, na CBN, na Folha, no Globo, em todos os meios para os quais você escreveu.
Já o governo do PSDB (porque é o PSDB que governa o país hoje, já que tem o poder de indicar o ministro do STF) já começa, em poucos meses, sem fazer nenhum protesto contra a prisão de blogueiros.
Aliás, a primeira medida do governo Temer foi criar uma lista negra e pôr nela os blogueiros, que não mais teriam acesso a um centavo das migalhas que recebiam.
Sei que é uma coisa da PF e do MP, mas o governo podia e deveria se manifestar, e o não o fez.
Se você quer denunciar os arbítrios judiciais, seja bem vindo. Eu o faço há muitos anos.
É evidente que esse arbítrio não surgiu do nada. Ele foi cultivado pela mídia desde a Ação Penal 470, quando Rosa Weber condenou Dirceu mesmo sem provas, “porque a literatura assim a permitia” (um texto preparado, adivinhem!, por Sergio Moro).
O regime de exceção começou a ser desenhado ali.
Não faço essa denúncia do regime de exceção pensando apenas no PT, que é, no campo da política, o principal alvo. Desde que os adversários do PT se viram derrotados na urnas, eles decidiram que se vingariam mediante a manipulação dos tribunais.
Tenho escrito sobre os arbítrios contra qualquer cidadão ou empresas brasileiras, independente de seu partido, ideologia ou classe social.
Mesmo sendo um blogueiro de esquerda, critico duramente o esquerdismo infantil, de quem acha que a Lava Jato é boa porque prende graúdos do empresariado e da política.
Não tem sentido sair de um regime “burguês”, repleto de injustiças e arbítrios, mas com um espírito e uma meta democráticos, e aderir a uma ditadura burguesa, em que o objetivo e o método são o estado de exceção.
O Brasil precisa de um regime democrático, que respeite a todos, independente de sua ideologia, e isso incluirá um judiciário respeitador das leis e uma imprensa que respeite a pluralidade de ideias.
A democracia não é feita de prisão e sim de liberdade. Não é feita de monopólio, mas de diversidade.
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