Reinaldo Azevedo, bem-vindo ao deserto da realidade
O blogueiro/colunista Reinaldo Azevedo, durante anos o mais feroz crítico dos governos do PT, o inventor da infame expressão petralha, e que ajudou a intoxicar a opinião pública com esse antipetismo virulento que, mais tarde, se tornaria uma gravíssima psicopatologia social, adquirindo ares de fascismo, tomou a pílula vermelha do garantismo constitucional, e se tornou uma das vozes na mídia que mais combatem o banditismo jurídico
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É uma das cenas mais emblemáticas de Matrix. Um dos líderes da resistência, Morpheus, interpretado por um severo Laurence Fishburne, pergunta a Neo (Keanu Reeves), ainda assustado com as novidades: você quer provar a pílula azul, que o fará voltar para sua vida normal, sem lembrar de nada, ou a vermelha, que o fará ver o mundo como jamais imaginou? Neo não hesita: pega a pílula vermelha na palma da mão de Morpheus, e a engole.
E aí, quando a consciência de Neo se expande, e ele começa a ver o mundo como ele é de fato, Morpheus o saúda:
– Bem-vindo ao deserto da realidade!
O blogueiro/colunista Reinaldo Azevedo, durante anos o mais feroz crítico dos governos do PT, o inventor da infame expressão petralha, e que ajudou a intoxicar a opinião pública com esse antipetismo virulento que, mais tarde, se tornaria uma gravíssima psicopatologia social, adquirindo ares de fascismo, tomou a pílula vermelha do garantismo constitucional, e se tornou uma das vozes na mídia que mais combatem o banditismo jurídico.
Os argumentos de Azevedo são os mesmos que este Cafezinho vem usando desde nossas primeiras críticas ao julgamento do mensalão, intensificadas a partir de 2012/13, quando os savoranolas de uma burocracia jurídica corrompida e avassalada pela mídia, começaram a rasgar a Constituição.
Demorou muito. O Brasil teve que experimentar um golpe de Estado, o suicídio de um reitor de universidade federal, a prisão ilegal da maior liderança popular do país, para que Reinaldo Azevedo entendesse as consequências trágicas de um regime que, a pretexto de combater o "inimigo político", apela à barbárie e à violência judicial.
Mas antes tarde do que nunca.
O artigo de Reinaldo Azevedo tem presença na capa do site da Folha desta sexta-feira.
É mais um sinal da derrota intelectual e moral do golpe e da Lava Jato: e que está prestes a se tornar também uma derrota política.
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