Reforma trabalhista de Temer atenta contra direitos dos trabalhadores

Na prática, todos os empregos no Brasil serão transformados em bico. Pois, como se não bastasse extinguir a legislação trabalhista, o texto permite o pagamento por hora trabalhada. Desta forma, o empregado fica à disposição do contratante, mas sem nenhuma garantia, recebe apenas quando for solicitado

Brasil, S�o Paulo, SP. 09/03/1998. Desempregados em fila mostram suas carteiras de trabalho na Avenida Marqu�s de S�o Vicente, zona oeste da capital paulista. - Cr�dito:EPIT�CIO PESSOA/ESTAD�O CONTE�DO/AE/Codigo imagem:36339
Brasil, S�o Paulo, SP. 09/03/1998. Desempregados em fila mostram suas carteiras de trabalho na Avenida Marqu�s de S�o Vicente, zona oeste da capital paulista. - Cr�dito:EPIT�CIO PESSOA/ESTAD�O CONTE�DO/AE/Codigo imagem:36339 (Foto: José Guimarães)


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Sem nenhum diálogo com a sociedade ou o Parlamento, o governo de Michel Temer quer destruir os direitos dos trabalhadores brasileiros. O relator da chamada "reforma trabalhista" (PL 6787/16), deputado Rogério Marinho, conseguiu piorar, e muito, o que já era inaceitável. Ele simplesmente juntou em seu texto todas as propostas de empresários que tramitavam na Câmara e no Senado e, com isso, inverte toda a lógica da legislação trabalhista no País – ao invés de salvaguardar a parte mais fraca, o empregado, a lei agora servirá apenas ao patrão.

Para atender apenas um lado, o empregador, o projeto rasga a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a carteira de trabalho. Isso porque praticamente todas as regras poderão ser negociadas, uma vez que o acordo prevalecerá sobre a lei, ainda que retire direitos. Jornada de trabalho, salário, duração das férias e do intervalo de alimentação (que poderá ser de 30 minutos e não mais de uma hora, como prevê a CLT), adesão da empresa ao programa de seguro desemprego, tudo poderá ser livremente "acordado".

Para trabalhadores de nível superior com salários maiores que o dobro do teto do Regime Geral, nem acordo coletivo será necessário. Tudo poderá ser ajustado em acordo individual.

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Na prática, todos os empregos no Brasil serão transformados em bico. Pois, como se não bastasse extinguir a legislação trabalhista, o texto permite o pagamento por hora trabalhada. Desta forma, o empregado fica à disposição do contratante, mas sem nenhuma garantia, recebe apenas quando for solicitado. E, na prova mais cabal de que se pretende proteger apenas o patrão, se o contratado por hora faltar por algum motivo no dia combinado, terá de pagar uma multa exorbitante de metade do valor da diária.

Chega-se ao absurdo extremo de prever um "termo de quitação anual de obrigações trabalhistas". Por meio desse documento, o empregado simplesmente atesta que a empresa está em dia com todas as suas obrigações e abre mão do direito de contestar judicialmente qualquer ação do empregador no futuro.

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Junto a isso, o projeto acarreta a fragilização dos sindicatos, uma vez que regulamenta a representação dos empregados no local de trabalho, mas com poderes mínimos e conflitantes com a atuação sindical. Ao representante eleito caberá participar de negociações coletivas, papel hoje exercido pelos sindicatos, e promover a conciliação de conflitos que envolvam salários e verbas decisórias. Que poder tem um funcionário sozinho diante de seus patrões, principalmente em momentos de crise?

Em outra frente de ataque, o texto praticamente extingue a Justiça do Trabalho. Criam-se empecilhos e dificuldades para coagir o trabalhador a não apresentar ações trabalhistas, como a cobrança de honorários e restrições no acesso à Justiça gratuita. São tantas outras barreiras que, na prática, a Justiça trabalhista será praticamente reduzida ao papel homologar acordos.

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Não restam dúvidas – a "reforma trabalhista" de Temer é o desmonte completo da proteção ao trabalho no Brasil. Desmonte, aliás, que foi um dos objetivos centrais do golpe. Para os que estão no comando do País, o papel do Estado é trabalhar para as elites enquanto a conta deve ser paga unicamente pelos trabalhadores.

Esse movimento é exatamente o contrário do que exige o mundo moderno, em que as relações entre trabalho e capital devem ser reguladas pela lei. E o Brasil conta uma das legislações mais avançada na proteção ao trabalhador, a nossa CLT, que precisa ser resguardada.

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Mais do que nunca, é necessário o povo nas ruas. Por isso, no próximo dia 28, o país vai parar em greve geral, pois somente com mobilização popular será possível barrar esse ataque desmedido e brutal contra a cidadania.

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