Refletindo sobre a nova pesquisa do Datafolha

"Bolsonaro, na cara da justiça eleitoral, faz campanha ilegal impunemente 24 horas por dia", escreve Bepe Damasco

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert | ABr)


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1) O resultado da pesquisa presencial do Datafolha confirma a fragilidade metodológica de algumas sondagens feitas por telefone, que apresentam distância entre Lula e Bolsonaro bem menor do que a mostrada pelo Datafolha.

2) Em termos estritamente numéricos, tudo continua como dantes. Lula tem expressivos 17 pontos de vantagem sobre Bolsonaro, enquanto a terceira via parece ter empacado de vez, cada vez mais próxima da inviabilização política definitiva.

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3) A pequena subida de Bolsonaro e a ligeira queda de Lula precisam ser contextualizadas no tempo. Os 43% a 26%,  no primeiro turno, e os 55% a 34% em favor de Lula no segundo turno, além de uma bela dianteira, revelam que Bolsonaro precisou de longos 4 meses, já que a última pesquisa do instituto foi divulgada em  dezembro do ano passado, para encurtar um pouquinho a distância para Lula. Se, por hipótese, esse ritmo de crescimento for mantido, ele ficará longe de alcançar Lula. Seria mais preocupante se a melhora de Bolsonaro tivesse como base de comparação, por exemplo, uma pesquisa feita no mês passado.

4) O avanço de Bolsonaro entre a grande massa de eleitores de baixa renda (até dois salários mínimos) é um ponto que tem merecido um alarde desproporcional aos números capturados pela pesquisa. Lula recuou neste segmento, que representa 53%% do eleitorado do país, cinco pontos percentuais, passando de 56% para 51%. Mas Bolsonaro subiu apenas três pontos. Como o Datafolha informa que neste segmento a margem de erro é de três pontos percentuais, o crescimento de Bolsonaro se deu dentro da margem de erro – de 16% para 19% . A vantagem do ex-presidente Lula nessa camada decisiva para se vencer a eleição ainda é muito confortável.

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5) Se há um resultado alvissareiro para Bolsonaro nessa pesquisa, e que deve ser motivo de preocupação entre os setores progressistas, este é a queda nos índices de reprovação de seu governo, que caíram de 53% para 46%. Ou seja, uma variação fora da margem de erro e que aponta uma discreta mas importante recuperação de popularidade de um governo que derretia até há pouco tempo.

6) É provável que o governo Bolsonaro esteja se beneficiando de uma série de fatores combinados, tais como: a sensação de alívio da sociedade com a diminuição consistente do número de casos e de mortos pela covid-19, conquistada graças, aliás, ao avanço da vacinação que Bolsonaro sabotou e ainda sabota. O sentimento de que a ameaça de morrer está sob controle gera otimismo; o Auxílio Brasil que começa a ser incorporado ao orçamento das pessoas; o adiantamento das duas parcelas do 13º dos aposentados e pensionistas do INSS e o saque de até R$ 1 mil do saldo do FGTS.

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7) Fora tudo isso, ainda tem a farra proporcionada pelo orçamento secreto capitaneado por Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, que jorra dinheiro em prefeituras e governos aliados de Bolsonaro. Esse caso escandaloso de corrupção, naturalizado pelas instituições e pela imprensa, acaba trazendo retorno eleitoral.

8) Bolsonaro, na cara da justiça eleitoral, faz campanha ilegal impunemente 24 horas por dia, seja dentro do Palácio do Planalto ou em viagens pelo país, à custa do erário.

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