Reencarna como duende, Xuxa. Vai por mim...
Eu sempre costumo lembrar que Xuxa acredita em duendes. E esse fato por si só, já deveria desclassificar algumas declarações dadas por ela. Porém, dessa vez precisamos fazê-la desembarcar da sua nave espacial, para pisar o chão quente da realidade
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Parece que a rainha dos baixinhos levou a sério aquela história de que os seus discos tocados de trás pra frente, continham mensagens subliminares. Tanto, que de uns tempos pra cá, ela vem se expressando em rotação contrária. Depois de sugerir o uso de presidiários como cobaias em experiências científicas, ela agora declarou que na próxima encarnação quer vir negra ou um “negão”. A declaração foi dada à atriz Taís Araújo, durante uma entrevista no canal GNT.
Eu sempre costumo lembrar que Xuxa acredita em duendes. E esse fato por si só, já deveria desclassificar algumas declarações dadas por ela. Porém, dessa vez precisamos fazê-la desembarcar da sua nave espacial, para pisar o chão quente da realidade. O que Taís o fez muito bem, ao pedir para que ela reencarnasse com o espírito preparado para suportar o que os pretos suportam nesse país. Percebe-se que Xuxa não consegue abandonar o faz de conta que a coroou rainha de um reino infantil.
Ao dizer que gostaria de reencarnar como negra ou como um “negão”, ela evoca o lúdico dos contos de fadas e das fábulas infantis. É como se a rainha tivesse direito a fazer um pedido ao gênio da lâmpada, e, cansada de sua majestade e de sua vida cercada de luxo e bajulação de seus súditos, ela pede para ser transformada numa plebeia. Trazendo isso para a nossa realidade, a primeira coisa que podemos dizer que Xuxa jamais seria, caso reencarnasse preta no Brasil, era Xuxa. Paquita também não poderia ser.
Bem mais lúcida e consciente, Taís ainda tentou demovê-la de tal desejo. Mas ela insistiu, dizendo que gostaria de ter o mesmo cabelo, a mesma cor e os mesmos traços de Taís, e ainda frisou que iria se amar muito se fosse preta. Como Taís bem a lembrou, os pretos se amam. Quem não nos ama é o racismo e o preconceito da sociedade. Abaixo, segue um trecho de um discurso de Malcom X feito em 1962, e que foi batizado de “Quem te ensinou a se odiar?”
“Quem te ensinou a odiar a textura do seu cabelo? Quem te ensinou a odiar a cor da sua pele, a ponto de você se clarear para parecer como um homem branco? Quem te ensinou a odiar o formato de seu nariz e deus lábios? Quem te ensinou a se odiar da cabeça às solas de seus pés? Quem te ensinou a odiar pessoas como você? Quem te ensinou a odiar a raça a qual pertence, a ponto de vocês não quererem estar próximos uns dos outros?”
Xuxa, com toda certeza, nunca leu esse discurso. Taís, provavelmente sim. E com a autoridade de quem sente na pele esse ódio racial estruturado, advertiu a amiga de que ela não teria vida fácil tendo outra cor de pele. Eu não vou me estender muito por aqui, pelo motivo que já citei no início do segundo parágrafo. Só queria dar um conselho para a eterna rainha dos baixinhos. Pede para reencarnar como duende, que você passa menos raiva. Vai por mim...Ilariê!
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