Reeleição de Bolsonaro leva tiro com alta de juro nos EUA

'A Petrobrás caiu na armadilha da política de preços dolarizados, que, com a puxada de juro pelo FED, tende a subir a inflação', diz o colunista César Fonseca

Federal Reserve, o Fed,  Banco Central dos Estados Unidos (à dir., embaixo)
Federal Reserve, o Fed, Banco Central dos Estados Unidos (à dir., embaixo) (Foto: Oliven Rai/Mídia Ninja | ABr | Reuters)


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Puxada no juro americano para a casa dos 7,5%, para combater inflação que chegou aos 8,5% em 12 meses, bombeia dólar para os Estados Unidos, desvaloriza o real  e joga, consequentemente, preço dos combustíveis dolarizados na lua; adeus armação bolsonarista eleitoreira de reduzir a cotação dos derivados na bomba, congelando a alíquota de ICMS em 17%, para diminuir prejuízo no bolso do consumidor que ganha em real desvalorizado para gastar em dólar sobrevalorizado; reeleição de Bolsonaro em perigo com debacle do consumo que, naturalmente, favorece Lula na corrida eleitoral; essa manobra do Banco Central americano é uma bomba nas finanças públicas brasileiras em nome do combate à inflação nos Estados Unidos; extração forçada de renda da periferia capitalista brasileira – e latinoamericana – para o império; sobretudo, o juro alto, puxado por Tio Sam, enxuga o mercado mundial encharcado de moeda americana potencialmente hiperinflacionária; agora, a tarefa do tesouro americano, para evitar hiperinflação, será enxugar essa montanha de dinheiro trocando-o por dívida pública, cuja missão, no capitalismo de guerra americano, é crescer no lugar da inflação.

BC CORRE ATRÁS DO FED

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Para evitar vazamento incontrolável de dólar para o bolso de Tio Sam, que com juro alto, enxuga excesso de liquidez mundial, bombeador de inflação global, o governo inflacionista bolsonarista é obrigado a, também, puxar a taxa de juro; na base do desespero, o BC Independente brasileiro subiu a taxa de juros para 13,25%; tentará, assim, evitar desvalorização acelerada da moeda nacional; a decisão do BC, dessa forma, mostra que o adjetivo independente que o acompanha é mero jogo de palavras, porque a verdade é clara; está prisioneiro do mercado financeiro especulativo; a puxada de juro Selic para quase 14% é tiro no coração da dívida pública, bombeando a financeirização econômica tupiniquim em escala bem mais acelerada, enquanto esvazia a capacidade de reação dos agentes econômicos de puxar a demanda, apenas, pela força, cada vez mais débil, do setor privado; como o setor público, pressionado pela banca, é obrigado a satisfazer não a demanda privada por produção, consumo, renda, arrecadação e investimentos, mas os interesses dos detentores de títulos da dívida pública, mais e mais o mercado reagirá contra a propensão de Lula, se eleito, de remover teto de gastos sociais, como impôs o golpe neoliberal que derrubou Dilma Rousseff do poder em 2016, para dar lugar ao programa do golpista Michel Temer.

O programa de Temer, intitulado Ponte para o Futuro, que se revelou, na prática, ponte para o abismo, objetivou, fundamentalmente, priorizar gastos financeiros, para pagar juros e amortizações da dívida, deixando de lado os gastos sociais, renda disponível para consumo e desenvolvimento sustentável; ao mesmo tempo, acelerou, com Congresso dominado por base neoliberal, privatização dos principais agentes econômicos desenvolvimentistas, como Eletrobrás e Petrobrás; a Petrobrás caiu na armadilha da política de preços dolarizados, que, com a puxada de juro pelo FED, tende a aumentar, ainda mais, a inflação, embora se tente reduzi-la com congelamento dos tributos estaduais incidentes sobre combustíveis; o fato é que a política monetária americana jogou areia na estratégia eleitoreira bolsonarista; reeleição fica mais longe.

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