Redobrar a força

A quem reclamar, quando as mais altas instâncias do Judiciário são sócias de um sórdido golpe contra mínimas conquistas para a maioria deste País? Somente as ruas e a desobediência civil podem restaurar a democracia e nos colocar novamente no caminho da normalidade institucional

Fora Temer
Fora Temer (Foto: Enio Verri)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Temer está pela paciência que o mercado terá com o tempo que ele levar para aprovar o fim da superavitária Seguridade Social e de condições minimamente dignas de trabalho. Entre as reformas e ele, a prioridade são elas. Ele não passa de um estafeta de quem financia o golpe e que até ganhou uma MP de presente para se proteger com acordo de leniência. Aos movimentos sociais cabem a agilidade e o poder de pressão para uma eleição geral direta com uma constituinte cidadã.

Os interesses e os personagens dessa luta de classes estão em condições injustas de enfrentamento, do pondo de vista das instituições, que funcionam na mais absoluta anormalidade. O golpista decorativo torra o patrimônio nacional para financiar o apoio no Congresso Nacional, oferece mundos e fundos e, ainda assim, terá de prometer muito mais. Parlamentares da base aliada lidam com o dilema de aceitar propostas de um governo com 3% de aprovação, que não é candidato, quando serão eles a encararem os eleitores, ali, em 2018.

Além de manter uma permanente mobilização nas ruas, os movimentos devem ter o cuidado de observar e denunciar as ações públicas disfarçadamente financiadas por partidos "aliados a Temer", mas com muito interesse na sua queda e em eleições indiretas. Essas legendas sabem que não têm condições de disputar uma eleição direta. O conjunto das instituições sociais não pode permitir que o atual Congresso Nacional escolha quem presidirá o País, quando se sabe que mais de 200 parlamentares estão contaminados pelo falido sistema eleitoral.

continua após o anúncio

Há uma elite entre esses mais de 200. São personagens ultra neoliberais do cenário político, ideologicamente identificados com a extrema direita, predatórios e sem conexão com o País. A visão que têm do Brasil é a de ser uma boa terra para se fazer fortuna, com as riquezas e a desorganização social. Estão ávidos para tomar a caneta e terminar o trabalho para o qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não teve a competência. A ocupação da Esplanada dos Ministérios deve ser intensa e diária.

A imprensa interessada no golpe defende as reformas, menos por apoio a Temer do que por interesse próprio. Ela apenas o tolera, até que lhe seja dado o comando para dilacerá-lo. O mantra de sucesso do efêmero superávit trimestral de 1% não dura mais um mês, quando o desemprego estará ainda maior, quando mais empresários fecharão suas portas, quando mais famílias descerão, novamente, o degrau de dignidade social, que o Partido dos Trabalhadores e todas as forças progressistas de esquerda deste País fizeram com que subissem.

continua após o anúncio

Segundo o economista Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo (FPA), o sazonal PIB trimestral esconde uma queda de 3,83% de bens de capital, produzidos pela indústria. Estamos enfraquecendo a produção industrial, tronando-a presa fácil para o capital estrangeiro e especulativo. No médio e longo prazos confirmamos a condição do Brasil como produtor e exportador de commodities. Assim a elite vê o País, submisso aos interesses do capital financeiro das nações desenvolvidas, onde são criados os empregos às custas do desemprego no Brasil.

Mas é preciso dizer que está tudo bem. O jornal "Folha de S. Paulo", por exemplo, esconde o fracasso do golpe que apoia. Diz que não se deve abortar o governo, apenas porque dois dos mais importantes grupos de personagens da roda da economia, os que consomem e os que produzem, desconfiam das conjunturas econômica e política e não se arriscam. Enfim, mantém-se um boneco na Presidência diante da estagnação econômica. A quem interessa?

continua após o anúncio

Uma das maiores angústias da atual conjuntura política é que, a cada dia, fica mais escancarado o envolvimento de parte do Judiciário, do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) na caçada ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Juízo absolve quando se tem provas para condenar e condena quando não as tem. Juízo aceita denúncia de um promotor que, por falta de provas, cita a si mesmo, sete vezes, para sustentar acusação que oferece contra Lula.

Delegado se submete a realizar condução coercitiva sabidamente ilegal, com direito à pirotecnia cinematográfica. Ministro da suprema corte é conselheiro de um presidente contra o qual pesam provas materiais contundentes de uma série de crimes, que vão de prevaricação à corrupção, passando pelo uso da máquina pública para cuidar do Michelzinho. Promotor autor das "10 Medidas Anticorrupção" é preso por passar informação privilegiada ao empresário que grampeou Temer durante visita, às escondidas, no Palácio do Jaburu.

continua após o anúncio

É necessária uma permanente indignação contra todo esse estado de coisas. O golpe não está circunscrito ao Legislativo, Executivo e às Armas, mas parte de outras forças do Estado também estão imiscuídas nesse tenebroso retrocesso e de ausência de leis a que o País foi lançado. A quem reclamar, quando as mais altas instâncias do Judiciário são sócias de um sórdido golpe contra mínimas conquistas para a maioria deste País? Somente as ruas e a desobediência civil podem restaurar a democracia e nos colocar novamente no caminho da normalidade institucional.

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247