Redes revelam face real ao censurar, liberar assassinatos de russos e promover neonazistas
"O anúncio da Meta de liberar postagens incitando à violência contra a Rússia vai ficar como um marco na história das comunicações", analisa Mario Vitor Santos
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O anúncio da Meta, dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp, de liberar (e, portanto, convocar) postagens incitando à violência contra a Rússia vai ficar como um marco na história mais recente das comunicações.
A gigante da internet anunciou que permitiu “temporariamente” ataques violentos e indiscriminados contra “civis e soldados russos”. Afrouxou regras e autorizou compartilhamentos pregando o assassinato do presidente russo Vladimir Putin ou de seu colega bielorrusso Alexander Lukashenko. Depois, a Meta recuou, procurando esclarecer, talvez assessorada por advogados, que agora não tolera mais “pedidos de genocídio, limpeza étnica ou qualquer tipo de discriminação, assédio ou violência contra os russos”.
Para completar a obra, a Meta em segredo liberou, de acordo com e-mails internos da empresa que vazaram, a publicação de elogios a neonazistas, como o neo-hitlerista batalhão Azov, incorporado pelas Forças Armadas regulares ucranianas. A história da colaboração indireta dos Estados Unidos com os neonazistas merece agora uma crônica à parte.
Este é o ponto a que chegou a utopia da internet, antes concebida como um espaço aberto, amplo e democratizante. Agora, as gigantes do Vale do Silício aprisionaram definitivamente a rede, transformando-se em operadoras de uma censura a serviço de uma ditadura de alcance global, os Estados Unidos.
Os conteúdos divergentes da narrativa da CIA e seus milhares de robôs, amplificados pelos chefes de torcida que são veículos como o New York Times, a CNN, e no Brasil a Globo e a GloboNews são rotulados, desmonetizados, eliminados. É nesse ambiente que o Facebook deixa transpirar um tratamento benevolente a neonazistas.
Não à toa, na tv ucraniana, o apresentador Fakrudin Sharafman citou o nazista Adolf Eichmann, um dos organizadores do Holocausto, ao expressar que, para destruir uma nação, “você deve começar matando suas crianças”. No ar, o apresentador pediu o “extermínio de todo cidadão russo”. Depois, talvez assessorado por advogados, recuou.
Inicialmente, a Meta liberou esse tipo de postagens “apenas” numa área que incluía a Rússia, os países bálticos, a Polônia e a Ucrânia, como se fosse possível conter geograficamente um tal incentivo ao ódio. A Rússia classificou a Meta como “extremista” e protestou junto ao governo de Washington.
Nunca havia ficado tão claro o que tantos já sabiam existir. As plataformas foram desmascaradas como instrumentos tentaculares do desesperado anseio de supremacia dos Estados Unidos em declínio. Permitem cada vez menos o exercício do contraditório. Manipulam os algoritmos com critérios obscuros. Nesta guerra embarcaram de corpo inteiro ao lado da Otan e da Ucrânia, e contra a Rússia, guiando-se pelo interesse nacional ianque.
Elas não apenas toleram o discurso de ódio, como o promovem, desde que seja para beneficiar os aliados da Casa Branca. Sua aparência anterior de neutralidade e abertura resistiu até onde chegavam ou foram afetados os interesses de dominação e controle da “comunidade internacional”, que é o outro nome fantasia do imperialismo americano.
Rompida a aparência de isenção o que justifica as redes a partir de agora? Em países que zelam pela sua soberania e defesa do interesse nacional, essas plataformas vêm sendo proibidas, trocadas por versões nacionais mais seguras. Países soberanos terão que seguir os exemplos de Rússia e China, criando suas próprias plataformas, talvez encampando, desmembrando ou nacionalizando as redes nacionais das Big Techs. Em outros países, deve crescer o impulso de controle público e democrático dos algoritmos.
A que ponto chegou o mundo das Big Techs. A Meta, empresa privada, cruzou uma barreira inconcebível: a permissão de publicação de ameaças explícitas contra a vida de um chefe de Estado e, ainda pior, da indiscriminada de pessoas comuns com base em sua nacionalidade. Se isso não é algo assemelhado à promoção, a partir de uma plataforma de comunicação, de crime contra a humanidade, o que será então?
As Big Tech estadunidenses, sobre cujo poder já havia imenso desconforto antes da invasão da Ucrânia pelos russos, agora tentam se aproveitar da oportunidade para se cacifar diante dos antigos questionamentos de seu poder avassalador. Para amenizar as antigas exigências de desmembramento por seu excessivo poder e por suas práticas monopolistas, as Big Techs tentaram agora oferecer sangue russo.
Bastou que as forças russas entrassem em território ucraniano para repelir o assédio contínuo da Otan à sua segurança, para que veículos jornalísticos russos, como o canal RT e a agência Sputnik, fossem proibidos pela União Europeia e pelo YouTube, de propriedade do Google.
Também a Meta bloqueou RT e Sputnik. O Twitter prometeu derrubar as contas dos mesmos veículos, marcando as páginas da Sputnik Brasil e inclusive das contas pessoais de jornalistas brasileiros, como sendo “afiliadas ao governo russo”.
Nessa supressão da pluralidade informativa que as plataformas e o Ocidente até agora alegavam defender, todos os órgãos da mídia corporativa mundial apresentaram a justificativa de que os veículos proibidos praticavam desinformação essencial ao esforço militar russo. Não foram apresentadas evidências dessa desinformação. Nem um caso sequer.
O chamado mundo livre, supostamente aberto ao contraditório e ao pluralismo, na verdade não os tolera. Sem mencionar que setores de esquerda preferiram se calar. Ou aplaudir.
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