Rede Globo, Caso Dreyfus e as origens do totalitarismo

Não podemos desprezar o posicionamento histórico da Rede Globo na promoção de golpes contra governos populares. A Globo sempre esteve do mesmo lado. Nenhum veículo do conglomerado condenou os atentados terroristas perpetrados por setores da direita na sede da UNE, do PCdoB, do PT e do Instituto Lula; assim como a invasão inaceitável da polícia do Alckmin na reunião de sindicalistas do PT em São Paulo

Não podemos desprezar o posicionamento histórico da Rede Globo na promoção de golpes contra governos populares. A Globo sempre esteve do mesmo lado. Nenhum veículo do conglomerado condenou os atentados terroristas perpetrados por setores da direita na sede da UNE, do PCdoB, do PT e do Instituto Lula; assim como a invasão inaceitável da polícia do Alckmin na reunião de sindicalistas do PT em São Paulo
Não podemos desprezar o posicionamento histórico da Rede Globo na promoção de golpes contra governos populares. A Globo sempre esteve do mesmo lado. Nenhum veículo do conglomerado condenou os atentados terroristas perpetrados por setores da direita na sede da UNE, do PCdoB, do PT e do Instituto Lula; assim como a invasão inaceitável da polícia do Alckmin na reunião de sindicalistas do PT em São Paulo (Foto: Jeferson Miola)


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A Rede Globo não dissimula: é o motor da engrenagem que atenta contra a democracia, a legalidade e a Constituição. É a força motriz do condomínio jurídico-midiático-policial que quer seqüestrar as conquistas democrático-populares inauguradas no Brasil em 2003.

Para a Globo, é intragável conviver com a realidade de que o Brasil tenha se tornado uma Nação moderna pelas mãos do Lula, um operário metalúrgico portador de um simples diploma do ensino fundamental e que, apesar disso, foi o Presidente que em 8 anos de governo criou mais Universidades que o total de instituições universitárias criadas pela classe dominante em 500 anos da história de exclusão social e educacional do Brasil.

A Globo joga todas as fichas na guerra para destruir Lula e o PT; trava uma guerra de vida ou morte. Assumiu a chefia do gangsterismo político usando a arma mais letal duma guerra: a manipulação fascista da verdade, dos fatos e da realidade. O monopólio combate seus inimigos ideológicos com a mentira, o descaramento e a infâmia.

Este não é o momento adequado para a avaliação dos erros e acertos do ciclo democrático-popular iniciado em 2003, mas é difícil não admitir que, dentre os erros imperdoáveis cometidos pelos governos Lula e Dilma, o fundamental foi o de não ter promovido a pluralidade e a democratização dos meios de comunicação no país, e como isso deixou intacto um monopólio que forja uma cultura totalitária e conspira abertamente contra a Constituição, a legalidade e a democracia.

A Globo emprega todo seu imenso poder monopólico no combate semiótico, virulento e permanente ao PT, à Dilma, ao Lula. É ocioso referir casos concretos, porque toda sua programação – não só jornalística – já não são é fonte de informação, mas sim diretiva editorial da campanha golpista.

No Jornal Nacional do último sábado 12 de março, a Rede Globo ultrapassou a barreira do aceitável em uma sociedade civilizada. O telejornal manipulou as explicações prestadas pelos advogados do Lula sobre a violência dos promotores tresloucados do Ministério Público tucano, adulterou o destinatário dum email encaminhado pelo Instituto Lula para uma emissora do grupo e atacou covardemente o ex-presidente na voz de jornalistas que visivelmente babavam de ódio enquanto liam aquelas barbaridades.

O Brasil se encontra numa daquelas fases críticas da sua democracia. Vive um momento de histeria e reacionarismo febril da classe dominante que só encontra equivalência histórica nos momentos mais turbulentos da vida nacional: no período de 1950/1954, que culminou no suicídio do Presidente Vargas; e no período de 1960 a 1964, que culminou no golpe civil-militar que depôs Jango em 1964.

Naqueles períodos da história do Brasil, o poder abrumador da mídia, e em especial da Globo em 1964, foi decisivo para o êxito das empreitadas golpistas e fascistas.

A simbiose entre mídia, poder e totalitarismo são por demais analisadas e reconhecidas em todas as partes do mundo. Um exemplo ilustrativo é o Caso Dreyfus, ocorrido no final do século 19, em que uma imprensa caluniosa e obcecada, em atuação com o Poder Judiciário Francês, condenou um inocente oficial do Exército sem provas. O Caso Dreyfus, significativo no estudo da gênese do anti-semitismo e do nazismo, foi tratado exaustivamente num capítulo do livro “As origens do totalitarismo”, de Hannah Arendt.

Perseguido por ser um judeu [hoje os perseguidos no Brasil são os petistas, enquanto Aécio, FHC, Temer, Alckmin, Serra etc ficam intocáveis], o militar Dreyfus foi acusado de colaborar com os alemães na guerra franco-prussiano pela disputa da região da Alsásia-Lorena, rica em carvão.

A acusação a Dreyfus, finalmente reconhecido inocente 20 anos depois, “convencera grande parte da população de que os judeus [hoje seriam os petistas, segundo a Globo] eram responsáveis não só pela chocante corrupção nos altos círculos políticos e financeiros, como também por traírem segredos militares em favor dos odiados alemães, solapando com isso a segurança da nação ...” [SHIRER, William L. A queda da França: o colapso da Terceira República].

Analisando as origens do totalitarismo a partir do Caso Dreyfus, Hannah Arendt conclui que “como eram judeus [hoje seriam petistas, de acordo com a Globo], tornava-se possível transformá-los em bodes expiatórios quando fosse mister aplacar a indignação do público. Os antissemitas [hoje, também de acordo com a lógica da Globo, seriam os anti-petistas]podiam imediatamente apontar para os parasitas judeus de uma sociedade corrupta para ‘provar’ que todos os judeus [todos e somente os petistas, segundo a Globo, mas nenhum peessedebista, peemedebista etc] de toda parte não passavam de uma espécie de cupim [a raça petista que deve ser exterminada, segundo o fascista Bornhausen] que infestava o corpo do povo”.

Não temos o direito de desprezar o posicionamento histórico da Rede Globo na promoção de instabilidades e golpes contra governos populares. A Globo sempre esteve no mesmo lugar: em 1964, promoveu o golpe civil-militar contra Jango e para enterrar as reformas de base; nos 21 anos da ditadura civil-militar, escondeu mortes, torturas e arbítrios do regime em troca da expansão do império televisivo; em 1984 sabotou as Diretas Já para apoiar a transição conservadora e seguir crescendo como parasita do Estado; em 1989 fraudou a eleição em favor do Collor para continuar aumentando as concessões de TV obtidas sem licitação; nos anos 1990 foi o sócio majoritário do governo do PSDB na destruição do país.

O posicionamento da Globo é previsível, e por isso já não surpreende. O surpreendente, entretanto, é a sujeição do governo a este império ilegal e imoral de mídia; submissão esta que ficou escancarada na quinta-feira 10 de março, quando um ingênuo [ou inepto?] Ministro da Secretaria de Comunicação Social Edinho Silva promoveu uma solenidade em pleno Palácio do Planalto para a ABERT [espécie de sindicato da mídia hegemônica] e a UNESCO [organismo internacional cuja intromissão em assuntos internos do país jamais poderia ter sido permitida] divulgarem suas falácias e intimidarem os movimentos pró-legalidade a pretexto da chamada liberdade de expressão [que, para eles, é a liberdade de manipulação].

A Globo tem lado – o lado da Globo é o do ódio, do racismo, da intolerância, da violência, do neo-fascismo. Nenhum veículo do conglomerado condenou os atentados terroristas perpetrados por setores da direita na sede da UNE, do PCdoB, do PT e do Instituto Lula; assim como não condenou, por exemplo, a invasão inaceitável da polícia do Alckmin na reunião de sindicalistas do PT em São Paulo.

Com este escolha, poderá se tornar alvo da violência e da intolerância que ela mesma infundiu nas ruas, nas famílias e na sociedade. A Rede Globo está na “origem do totalitarismo” que impera na sociedade brasileira hoje, e poderá receber, em troco, a ira daqueles que defendem a democracia e a liberdade contra o neo-fascismo.

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