Reconstrução do Estado
Há mérito na atitude, mas também fez gestar o ovo da serpente na redemocratização pós-64 que culminou no fascismo em ascensão no País
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Além de convicção, temos provas de que Lula pode liderar a necessária reconstrução do Estado, como apregoam alguns jornalões, haja vista seus dois exitosos mandatos anteriores, com total respeito às Instituições. No entanto, destruir foi muito rápido e a velocidade da reconstrução poderá frustrar muitos no início. Lula já exerce a posição de “presidente em exercício”, enquanto o ocupante dos palácios brasilienses se esconde e se refugia, provavelmente analisando as estratégias para não ser preso quando, definitivamente, deixar o cargo.
Estou totalmente de acordo com os que rotulam o despresidente como futuro presidiário, mas creio que, infelizmente, nem um nem outros serão presos. A marca da cordialidade do brasileiro foi substituída pela da submissão. Ao menos é o que se vê pelas alas progressistas que voltam ao poder, buscando a conciliação para uma suposta estabilidade social, não punitivista. Há mérito na atitude, mas também fez gestar o ovo da serpente na redemocratização pós-64 que culminou no fascismo em ascensão no país. Isso porque outros pactos anteriores foram feitos, sempre escondendo nossas mazelas, principiadas na colonização com ápice na escravização de negros africanos.
Não vejo com tanto otimismo as curtas palavras do ex-capitão derrotado nas urnas, dois dias depois do resultado da eleição. Ao não ser explícito no reconhecimento da derrota, nem em desmobilizar alguns de seus fanáticos eleitores, mostra que sua estratégia será a de manter a arruaça nas ruas para negociar seu futuro fora das grades. Talvez clame pela inserção de uma vírgula em algum dispositivo legal para que possa continuar protegido pelo foro privilegiado. Que os poderes constituídos não façam o mesmo papel covarde que os militares fizeram 30 anos atrás ao não condená-lo pela tentativa de atentado a bomba no sistema de abastecimento de água de Guandu.
Sendo preciso reconstruir a genuína política, tal destruição havida toca o aspecto fundamental do que foi perdido nos últimos anos. No entanto, há cerca de um porcentual entre um quarto e um terço dos eleitores que entendem por legítimos os atos antidemocráticos, a disseminação da mentira e o apoio ao golpismo com vernizes fascistas que se espalham em alguns locais do país.
Historiadores nos lembram que a revelação da extrema direita no país se deu em 2013, outro ovo de serpente chocado há tempos que não foi percebido nem entendido à época. Agora, é saber identificar a autoria e subsídio à continuidade dos atos antidemocráticos para promover a extirpação e devida punição a esses extremistas. Caso contrário, seremos apenas laboratório para o que vem ocorrendo mundo afora, especialmente na Europa, com a ascensão de governos fascistas.
Toda essa usurpação das cores nacionais me fez lembrar do tempo em que vivi na Alemanha, início dos anos 1990, quando as pessoas ainda tinham vergonha de usar as cores daquele país devido à guerra e ao nazismo. Eu usava com orgulho um broche com nossa bandeira verde-amarela. Hoje entendo aquele sentimento e pergunto se já posso voltar a usar nossas cores sem parecer um miliciano, um criminoso ou um demente.
As articulações em curso para os novos governos – federal e estaduais – devem levar em conta a necessidade da exemplar punição aos criminosos para que a reconstrução política possa ser serena e produtiva. Isso é inegociável!
Assim, novos ventos sopram e nem temos o novo governo instalado. De minha parte, despresidente foi o melhor termo, dentre os publicáveis, para nomear o inominável que ainda ocupa o Palácio do Planalto, devido a toda essa destruição que causou.
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