Reação dos professores à greve dos garis
Em que diabos nós, professores, somos melhores do que os garis para nos sentirmos humilhados com o fato de eles terem obtido mais êxito em suas negociações?
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Semana passada comentei aqui no jornal Brasil 247 sobre a greve dos garis.
Ótimos comentários li, como em vários artigos que produzo e aqui publico, mas me chamou atenção um fato: os comentários de professores sobre o assunto em diversas mídias sociais, no Facebook, na universidade, nas pós-graduações por onde percorro.
Vi um pouco de preconceito, dizendo assim: "Gari sabe fazer greve melhor do que nós, professores." Depois reclamam da meritocracia, fazem discursos socialistas ou comunistas, e tudo mais. Ora bolas, em que diabos nós somos melhores do que os garis para nos sentirmos humilhados com o fato de eles terem obtido mais êxito em suas negociações e com a sua greve? Gari tem mais experiência de vida, quem sabe, que professor. Eles sabem o momento e como atacar direitinho as classes dominantes, a mídia e ao governo. Professor tem mais é que aprender!
"O nosso lixo não fede nas portas do governador e prefeito", disse-me uma diretora de escola municipal. Pergunto: de qual lixo ela estava tratando com tal afirmação? O lixo das escolas? Os alunos? Nossos filhos? A sociedade? Não... Por que professor dá aula para quem? Professor gera o quê? Professor limpa o quê? Não entendi a analogia até então. Se alguém conseguir, por favor, assumir o desafio de me responder, adorarei lê-los nos comentários.
Sim, achei que eles, os garis, foram mais estrategistas, unidos e mais bem sucedidos, e mais, acredito que ninguém possa dizer que eles não sejam importantes na nossa vida, pois você que passou pelas ruas sujas com cheiro desagradável pela cidade do Rio de Janeiro pôde perceber as suas narinas. Imagine se eles perdurassem com essa greve?
Os professores não se conformam que uma classe de pessoas que, supostamente, estudou menos, usou menos a cabeça, que só faz trabalhos forçados, braçais se organize e consiga de forma tão impressionante o que pediu. Mas por que não se organizar como eles e fazer algo diferente e tão impactante ao invés de ficar elocubrando teorias sociológicas e filosóficas para o advento desse acontecido?
Outra coisa que foi falada foi a malhação ao SEPE.
Não entendo nada de sindicato, mas sei que o SEPE está longe de nos representar, faz tempo, e é bem por isso que não participo e faço questão de não me movimentar em prol deles, bem como não faço quando sinto que tem cheiro de qualquer bandeira partidária sendo balançada nas manifestações ou presentes nas assembleias e discursos dos companheiros e colegas professores e profissionais de educação nas salas dos professores e dependências escolares.
Não suporto que tendenciem esse tipo de movimento que, para mim, tem de inicialmente a se caracterizar APARTIDÁRIO e deve estabelecer metas e objetivos claros, pauta de negociação que represente a classe, em sua maioria.
Sem isso, meus amigos, nada feito.
E é por isso que professor não consegue nada, aliás, professor, para início de conversa, começa greve já pensando em quê? Na reposição? Quem vai dar bola para esse tipo de classe sem força, sem voz e sem personalidade? Desunião é só a ponta do iceberg, o pior é o cada um por si, o só olhar para o próprio umbigo.
A Educação vai para o ralo no nosso país bem por isso.
O gigante está é muito longe de acordar, minha gente!
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