Reação do governo à ONU é típica de ditaduras

"Não haverá represálias por parte da ONU. Não serão enviadas tropas para invadir o Brasil. O país, no entanto, entra a partir de hoje no clube das republiquetas que não respeitam os direitos políticos de seus cidadãos, característica fundamental dos regimes de força. Uma republiqueta de quinta categoria", escreve o jornalista e colunista do 247 Alex Solnik sobre a decisão da ONU em defesa dos direitos políticos de Lula

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Quando eu soube que o comitê de direitos humanos da ONU requereu que o governo brasileiro desse todas as garantias para Lula exercer seus direitos políticos, mesmo estando preso, logo imaginei qual seria a reação de um governo totalitário a uma decisão desse tipo. Um ditador, como o turco Erdogan, por exemplo, diria: não se metam onde não foram chamados. Pois não demorou muito para o ministro da Justiça, Torquato Jardim, responder exatamente com as mesmas palavras: isso é intromissão indevida.

O comitê tomou a iniciativa dado o fato de o Brasil estar desrespeitando o artigo 25 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos que o então presidente Sarney assinou, em 1985. Ao fazer pouco da manifestação do comitê – "não tem valor jurídico" – o ministro disse, e não podia senão falar em nome do governo que o Brasil está pouco se lixando para o Pacto. Está pouco se lixando para os Direitos Humanos. O Brasil entrou no Pacto quando acabou a ditadura. Será considerado uma democracia pelos outros países democráticos depois de sair dele pela porta dos fundos?

Não haverá represálias por parte da ONU. Não serão enviadas tropas para invadir o Brasil. O país, no entanto, entra a partir de hoje no clube das republiquetas que não respeitam os direitos políticos de seus cidadãos, característica fundamental dos regimes de força. Uma republiqueta de quinta categoria.

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