Raquel Dodge trocou a Constituição pela bula inquisitorial

"Os argumentos sustentados por Raquel Dodge no despacho contrário à concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula não são encontráveis na Constituição brasileira, mas sim nas bulas inquisitoriais da idade média. A escolhida por Michel Temer para chefiar a procuradoria da república incorreu, além disso, em tremenda contradição", defende o colunista Jeferson Miola; segundo ele, a chefe da PGR "reconheceu a ausência de prova cabal de culpa para condenar Lula, mas ainda assim recomendou o castigo extremo da prisão"

"Os argumentos sustentados por Raquel Dodge no despacho contrário à concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula não são encontráveis na Constituição brasileira, mas sim nas bulas inquisitoriais da idade média. A escolhida por Michel Temer para chefiar a procuradoria da república incorreu, além disso, em tremenda contradição", defende o colunista Jeferson Miola; segundo ele, a chefe da PGR "reconheceu a ausência de prova cabal de culpa para condenar Lula, mas ainda assim recomendou o castigo extremo da prisão"
"Os argumentos sustentados por Raquel Dodge no despacho contrário à concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula não são encontráveis na Constituição brasileira, mas sim nas bulas inquisitoriais da idade média. A escolhida por Michel Temer para chefiar a procuradoria da república incorreu, além disso, em tremenda contradição", defende o colunista Jeferson Miola; segundo ele, a chefe da PGR "reconheceu a ausência de prova cabal de culpa para condenar Lula, mas ainda assim recomendou o castigo extremo da prisão" (Foto: Jeferson Miola)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Os argumentos sustentados por Raquel Dodge no despacho contrário à concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula não são encontráveis na Constituição brasileira, mas sim nas bulas inquisitoriais da idade média.

A escolhida por Michel Temer para chefiar a procuradoria da república incorreu, além disso, em tremenda contradição.

Ela reconheceu a ausência de prova cabal de culpa para condenar Lula, mas ainda assim recomendou o castigo extremo da prisão: "a execução provisória da pena de prisão não é desproporcional nem levará injustamente à prisão réu cuja culpa ainda não esteja satisfatoriamente demonstrada".

continua após o anúncio

Ora, se a "culpa ainda não está satisfatoriamente demonstrada", como pode alguém ser condenado e, mais grave, ser preso?

Raquel Dodge argumentou também que a prisão sem o trânsito em julgado "é medida que observa a presunção de inocência, o duplo grau de jurisdição"; e que "a Constituição não exige terceiro ou quarto grau de jurisdição: exige apenas o duplo grau".

continua após o anúncio

Esta alegação manipula em absoluto a interpretação do texto constitucional, que em nenhum lado menciona o "duplo grau", mas o trânsito em julgado, a sentença definitiva: "ninguém será culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória" [inciso LVII do artigo 5º].

Em outro trecho, a procuradora usa um argumento que seria simplesmente hilário, não fosse trágico. Ela sustenta que a prisão após condenação em segunda instância "corrige a grave disfunção que acometia o sistema penal do país".

continua após o anúncio

Esta declaração, esvaziada de conteúdo jurídico, é recheada de uma falsa-moral redentora.

Em dezembro passado, ela mandou arquivar 24 processos de políticos protegidos pelo foro privilegiado. E no mesmo dia 24 de janeiro de 2018 em que o tribunal de exceção da Lava Jato perpetrou a farsa para condenar Lula sem provas, Raquel Dodge pediu o arquivamento do inquérito que investigava o tucano José Serra pelo recebimento de R$ 20 milhões de propinas da JBS.

continua após o anúncio

O despacho contra a concessão do habeas corpus termina com uma dose cavalar de cinismo. Ela entende que conceder o habeas corpus a Lula "Também favorece a impunidade e põe em descrédito a Justiça brasileira, por perda de confiança da população em um sistema em que, por uma combinação de normas e fatores jurídicos, a lei deixa de valer para todos" [sic].

Na visão inquisitorial da procuradora-chefe escolhida por Temer, o preceito constitucional de que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza" não vale para Lula.

continua após o anúncio
continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247