Ramagem não tem isenção para chefiar órgão que investiga filhos de Bolsonaro
"Alexandre Ramagem receberá ordens diretamente do presidente da República e não do ministro da Justiça, o que Bolsonaro deixou nítido ao nomeá-lo antes de escolher o substituto de Moro. Pior e mais grave: fará tudo o que o mestre mandar", escreve o jornalista Alex Solnik
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
Se a Justiça prevalecer, a nomeação de Alexandre Ramagem para a chefia da PF deverá ser anulada pelo STF por haver claros indícios de suas ligações pessoais com Bolsonaro, de quem foi segurança na campanha presidencial, e em especial com Carlos, o 02, que está sendo investigado, pela própria PF, por suspeita de chefiar a fábrica de fake-news e ataques difamatórios instalada no gabinete presidencial, como também seu irmão Eduardo.
O outro motivo que inviabiliza sua nomeação é que ele estará, por óbvio, a serviço – como escancarou o episódio da demissão de Moro - do presidente da República, e não do estado, pois, se o seu antecessor foi defenestrado por se recusar a mostrar documentos secretos e detalhes de investigações a Bolsonaro, é óbvio que Ramagem foi escolhido sob a condição de fazer o oposto.
Em suma, Ramagem receberá ordens diretamente do presidente da República e não do ministro da Justiça, o que Bolsonaro deixou nítido ao nomeá-lo antes de escolher o substituto de Moro.
Pior e mais grave: fará tudo o que o mestre mandar.
Também se subentende que uma de suas missões será agilizar inquéritos contra inimigos do presidente, como Rodrigo Maia, coisa que Bolsonaro cobrava de Moro, em vão, e proteger correligionários do presidente, o que indica que a PF pode vir a ser usada como polícia política, à sua disposição, característica de polícia em tempos de ditadura, mas inaceitável no regime democrático.
Precavido, o ministro Alexandre Moraes já determinou à Polícia Federal que a equipe que comanda as investigações das fakenews relatadas por ele no STF não pode ser trocada, mas, no dia a dia, sabe-se lá que tipo de pressões esses agentes vão sofrer com a troca da chefia, se a troca se concretizar.
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