Rainha de Copas: A última cartada sem violência de Bolsonaro
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A rainha está morta. Com o tempo vamos nos distanciando de um velho mundo representado pela falecida rainha Elizabeth da Inglaterra e nos aproximamos de um mundo digital e mais dinâmico. Mas Elizabeth desfrutava de uma popularidade contemporânea, mesmo com algumas atitudes imperialistas, desfrutava de um carisma que aos olhos dos plebeus, soava como aquela vozinha ativa que sempre quer ir ais eventos. E é justamente esse glamour internacional e se aproveitando da comoção mundial, que Bolsonaro quer tentar navegar e atrair eleitores para sua campanha estagnada.
Convidado pela embaixada, Bolsonaro irá ao funeral da rainha Elizabeth II. Quer aproveitar um evento internacional para sugerir que é um estadista. Bolsonaro, que apenas tem apoio da extrema-direita europeia, é mau visto pelo restante do continente. Enquanto Lula no ano passado, teve encontros até no parlamento espanhol e foi aplaudido de pé, o presidente não tem nada que o consagre da mesma forma. Todos os eventos em que o presidente participou foram vexativos e banhados de fakenews. Inclusive, seu encontro com Boris Johnson foi um momento de vergonha alheia, tendo um presidente se vangloriando de não ter tomado vacina em um mundo que estava começando a se prevenir com as vacinas disponíveis. Mesmo tendo um primeiro ministro que era negacionista e que acabou sofrendo as consequências, a própria rainha usava máscaras e respeitava os protocolos de segurança.
No acidente previsível de Brumadinho, a rainha mandou condolências ao Brasil e eis que Bolsonaro responde se referindo à monarca apenas como "Queen", que é uma forma considerada rude e errada de acordo com o protocolo. Mas o que afasta o presidente em popularidade com a rainha tem suas similaridades. A coroa britânica foi uma das mais fortes e uma das maiores dominadoras do mundo depois de Roma. Charles II, do qual o atual rei sucede, Foi dos maiores traficantes de escravos do hemisfério ocidental. Tinha o monopólio do tráfico de africanos na Inglaterra, era sócio do cunhado, Duque de York, o conquistador de Manhattan.
O hábito tão comum dos ingleses de beber chá às 17h foi introduzido pela realeza. Mas a coroa tratava a ferro e fogo cidades como Bombaim, na Índia, e Tanger, no Marrocos. A rainha Elizabeth se relacionou com a ditadura em sua única passagem ao Brasil, regime que Bolsonaro tanto admira. Pelo lado do presidente, além da pretensão de fazer imagens para sua campanha, sonha em ser rei no Brasil, afinal, chora achando que governar seria como decretos reais e aceno ao povo, sem dar explicações de nada.
Desprezado em vida pela rainha e até pelo papa Francisco, resta ir ao funeral. Viagem que é só para criar notícias e jogar dinheiro público fora, pois a rainha não queria vê-lo nem morta. Quanto ao recém-empossado rei, seria possível um encontro com Bolsonaro? Em termos protocolares, sim. Mas vamos lembrar que sua majestade é um ferrenho defensor da natureza e principalmente da Amazônia. Nosso presidente desmatador, que passa a boiada, poderá ouvir um belo sermão ou tentar persuadir Bolsonaro a parar com os desmatamentos. Isso não será usado por sua campanha, mas sim por seus adversários. A pergunta que não quer calar: ele é capaz de participar do funeral da rainha Elizabeth, e dar pêsames ao rei, mas jamais foi a um funeral d as famílias dos quase 700 mil mortos pela pandemia.
Enquanto todos entoavam: God save the Queen! O Brasil desesperado entoa: Jesus Cristo! Jesus Cristo! Jesus Cristo, eu estou aqui!
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