Quem se beneficia com as acusações contra Trump?
"Derrotar Trump é mais fácil que derrotar outros republicanos, e talvez por isso Biden seia o maior beneficiado de todos", analisa Pedro Paiva
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Em poucas horas Donald Trump se tornará o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser indiciado por um crime. Especula-se que serão apresentadas hoje mais de 30 acusações contra ele na corte de Nova York. O assunto é manchete em toda a mídia do país e do mundo, e os beneficiados pela história são muitos, inclusive o próprio ex-presidente.
O indiciamento tem relação com a adulteração de documentos legais para disfarçar o pagamento de suborno a uma ex-atriz pornô, Sotrmy Daniels, com quem Trump teria tido um caso nos anos 2000. É um caso menor se comparado às acusações de envolvimento na invasão do Capitólio e com a tentativa de mudar o resultado das eleições de 2020. Analistas acreditam, porém, que é um caso mais objetivo, onde há evidências concretas de quebra da lei.
O caso considerado menor somado ao ineditismo de ter um ex-presidente indiciado corroboraram com a narrativa de Trump. Dentro do Partido Republicano, mesmo os adversário de Trump nas prévias tiveram que se juntar a ele no discurso de que este se trata de um julgamento político. Apoaidores do presidente e a mídia conservadora nos EUA falam de uma tentativa de usar a justiça para destruir a candidatura de Trump, que quer voltar para a Casa Branca em 2025.
Segundo uma pesquisa realizada pela ABC, o discurso de Trump tem entrada na sociedade: 47% dos entrevistados acham que o indiciamento tem motivações políticas. Um número bem próximo dos 46,8% dos votos que o ex-presidente teve nas eleições passadas. Outra pesquisa, no entanto, da CNN, mostra que 60% dos americanos são favoráveis ao indiciamento.
Não há dúvidas de que, pelo menos no que diz respeito às prévias do Partido Republicano, o indiciamento favoreceu Trump. Nikki Haley, Ron DeSantis, Mike Pence e outros possíveis adversários estão encurralados. Se apoiam Trump, não conseguem a vaga, mas se atacam, perdem apoio em uma eleição geral. O indiciamento ajudou até no financiamento de campanha do ex-presidente. Nas primeiras 24h depois da notícia do indiciamento a campanha arrecadou $4 milhões.
Mas o que pode parecer uma ajuda pode se tornar uma pedra no sapato mais adiante. O ex-presidente não se tornará inelegível. Nada na lei americana o proíbe de se candidatar, mesmo que seja condenado. O problema é como essa acusação e uma possível condenação afetaria os eleitores indecisos, aqueles que decidiram as eleições de 2016 e 2020.
Segundo a maioria absoluta dos analistas, o grupo social que mais influenciou o resultado das últimas eleições foram as mulheres brancas de subúrbio. Elas foram a diferença na balança que fez estados como a Pennsylvania, Michigan e Wisconsin penderem a Trump em 2016 e depois para Biden em 2020. Nesse grupo social, um candidato acusado de crimes, mesmo que não condenado, não é bem visto.
Ou seja, o caminho para Trump receber a nomeação do Partido Republicano foi facilitado, mas uma possível vitória em 2024 ficou mais difícil. Acredita-se também que o indiciamento em Nova York pode levar a um efeito cascata, fazendo com que o ex-presidente seja indiciado nos outros casos (mais graves) nos quais ele é investigado.
Para os democratas, Trump como candidato é visto como o melhor dos mundos. Apesar da base de apoio forte e barulhenta, o ex-presidente tem uma rejeição profunda. Derrotar Trump é mais fácil que derrotar De Santis ou outros republicanos, e talvez por isso Biden seia o maior beneficiado de todos.
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