Quem protege os profissionais da imprensa?

É dever do empregador zelar pela integridade física dos seus empregados. Reflitam, esse é o segundo repórter cinematográfico da Band morto em serviço



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Pergunto, e perguntar não ofende, só os dois jovens serão responsabilizados pela morte do cinegrafista da Band?

A Constituição diz que não.

Afinal, é dever do empregador zelar pela integridade física dos seus empregados.

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Após a morte do cinegrafista da Band, as entidades que representam a categoria logo se apressaram em cobrar das autoridades a prisão dos acusados.

Falaram grosso.

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No entanto, afinam e não cobram, publicamente, que os barões da mídia ofereçam o mínimo de segurança a seus profissionais.

Reflitam, esse é o segundo repórter cinematográfico da Band morto em serviço.

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O primeiro foi Gelson Domingos da Silva, que em novembro de 2011, cobrindo uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) contra o tráfico de drogas na Favela de Antares, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, levou um tiro no peito.

Escrevi a respeito deste fato na época e questionava as condições de segurança oferecidas àquele profissional.

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Embora Gerson usasse um colete a prova de balas, era um colete meia boca, como ficou claro.

Durante as manifestações de rua, desde junho passado, nunca vi um profissional da imprensa usando sequer uma simples joelheira ou cotoveleira, embora seja grande o risco de levarem uma queda durante o corre-corre. Absolutamente nada é usado para proteger sua integridade física.

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Policiais e manifestantes usam escudos, capacetes, máscaras contra gás e uma infinidade de parafernálias e engenhocas para se protegerem, mas a imprensa entra no meio dos conflitos de peito aberto. Por que diabos isso?

Todos nos lembramos, já no início das manifestações juninas, no ano passado, percebia-se os primeiros focos de violência. E os barões da imprensa ainda colocavam gasolina na fogueira.

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No editorial do dia 13/06, ou seja, ainda no terceiro dia de protestos contra o aumento das tarifas de ônibus em Sampa, o dono do Estadão exigiu que o governador "determine que a PM aja com o máximo rigor para conter a fúria dos manifestantes, antes que ela tome conta da cidade."

Como sempre, sabujo, Alckmin o atendeu prontamente. E a polícia desceu o cacete na moçada, usando gás de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha de forma irresponsável e indiscriminada.

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No meio do pandemônio, jornalistas foram agredidos, inalaram gás e seis repórteres do grupo Folha foram atingidos com estilhaços de balas de borracha; veículos da imprensa foram incendiados, jornalistas eram constrangidos e ameaçados pela juventude e o fotógrafo, Sergio Souza, ficou cego de um olho.

Correu o mundo a imagem da repórter da Tv Folha, Giuliana Vallone, que foi alvejada no olho direito por uma bala de borracha e quase perdeu a visão.

Ou seja, os patrões não só sabiam que haveria violência, como eles mesmos a incitaram. No entanto, nada fizeram para proteger os seus profissionais que estavam na linha de frente.

O mesmo ocorreu agora. O jornalista, em meio ao fogo cruzado, foi atingido por um rojão e morreu.

Nesse caso também ouve incitação à violência, inclusive por parte dos próprios colegas da vítima. Quem não se lembra do nosso bom Ricardo Boechat, âncora do Jornal da Band dizer, cheio de empáfia: "sou favorável à revolta, ao quebra-quebra... Vandalismo é o cacete".

Não é preciso dizer que o calvo estava aí a lançar mais gasolina dentro do fogo. Esperava-se, portanto, que alguém sairia chamuscado. Ocorreu, infelizmente, de ser um profissional da mesma Band, do nosso belicoso Boechat.

Até quando trabalhadores, pais de família, colocarão suas vidas em risco para obterem as melhores imagens, os melhores ângulos, os maiores furos?

Até quando o Ministério Público e o Ministério do Trabalho e Emprego vão ficar de braços cruzados ao invés de exigir que os barões da mídia cumpram o que manda a constituição?

Ou só punem encarregados de pedreiros que vão à obra sem capacetes?

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