Quem nasceu provocador nunca será presidente
"Chegamos ao 88º. dia do governo Jair Bolsonaro. A sensação mais incontestável é a de que o país descobriu que elegeu o presidente errado. Mas não dá para rebobinar o filme", avalia o jornalista Alex Solnik sobre Jair Bolsonaro; "Os substantivos que melhor descrevem o que ele tem sido, são: subversivo, provocador e reacionário"
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - Ele ameaçou explodir quarteis e agora ameaça explodir o país: quem nasceu provocador nunca será presidente
Chegamos ao 88º. dia do governo Jair Bolsonaro. A sensação mais incontestável é a de que o país descobriu que elegeu o presidente errado. Mas não dá para rebobinar o filme.
O espanto é tardio. Há 30 anos o personagem mostrava à exaustão, em praça pública, não apresentar qualquer talento para governar, o que exige sabedoria, equilíbrio e moderação.
Ora, ele jamais revelou possuir qualquer uma das três virtudes.
Os substantivos que melhor descrevem o que ele tem sido, são: subversivo, provocador e reacionário.
E não são características desejáveis num presidente da República. Ao contrário, são incompatíveis com o cargo.
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Está no Aurélio: subversivo é característica do que destrói, é sinônimo de perverso, destruidor, demolidor, perturbador.
Ele o foi ao ameaçar explodir quartéis se os soldos não fossem aumentados. Enquanto serviu o Exército. E continuou sendo na campanha, ameaçando metralhar e exilar adversários políticos ou destruir a imprensa. Ou ao publicar vídeo pornô na sua página do twitter já na presidência.
O termo reacionário diz respeito a quem desvaloriza o presente para invocar o passado. Para o reacionário, o ideal está no que foi e não será mais, salvo se retomarmos os antigos valores. Ele se contrapõe ao presente. Para Marx e Engels "reacionário" é quem "faz girar para trás a roda da história". Vem daí a obsessão com a ditadura de 64, em nome do que encheu o governo de militares de todos os calibres.
Provocador é aquele que procura perturbar reuniões ou manifestações, especialmente de cunho político, com perguntas absurdas, ofensivas, ou comete atos de agressão, sabotagem ou vandalismo, buscando causar o caos social que leve à repressão e impedir que a população possa manifestar-se livremente. É o que fez nas ofensas a Maria do Rosário, a Lula, a Dilma, gays, ao bom senso, à civilidade, à elegância, nos elogios aos torturadores e aos milicianos.
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Um sujeito que a vida toda agiu como subversivo, reacionário e provocador não vai mudar na presidência da República. Vai continuar sendo ele mesmo. E está sendo ele mesmo.
Espantoso que aqueles que o elegeram e já perceberam que escolheram a pessoa errada ainda acreditam que ele possa mudar, torcem para que faça a reforma da Previdência e, quem sabe, daí pra frente tudo será diferente.
Quanta ilusão.
Ele ameaçou explodir quarteis e agora ameaça explodir o país.
Quem nasceu provocador nunca será presidente.
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