Quem mais puxou o gatilho?

(Foto: Reprodução)


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Bolsonaro já não existe mais. E tanto faz se seu cadáver político perambula pelo Brasil ou pelos Estados Unidos. Menos importante ainda é se o morto-vivo discursa, digo, balbucia meia dúzia de palavras e expressões desconexas em uma igreja qualquer ou se desmancha em reverência a Donald Trump e Steve Bannon. Bolsonaro perdeu a serventia e está sendo abandonado até pelos extremistas que tanto o idolatraram, assim como por aqueles que bancaram sua chegada à presidência da República. O mesmo, no entanto, não pode ser dito do bolsonarismo que, guiado por sua cultura de destruição e morte, continua assombrando a sociedade brasileira.

Por onde passam, as hostes bolsonaristas deixam um rastro de violência e sangue. A ignorância e a incivilidade estão em seu cerne, logo, desrespeitam as leis e os poderes constituídos da República e agem como se toda a nação devesse se submeter às suas ideias estapafúrdias e teorias lunáticas. O bolsonarismo não é nada mais, nada menos que uma seita de fanáticos, armados e perigosos. Para muitas dessas pessoas, o ex-presidente é visto como uma espécie de Dom Sebastião I (1554 – 1578), “o Desejado”, que desapareceu na batalha de Alcácer Quibir (1578), mas que a qualquer momento pode retornar para ajudar Portugal a enfrentar e superar seus momentos mais difíceis. O ex-presidente seria, assim como o “rei dormente”, um “Messias” que, no caso, seria o escolhido para salvar o Brasil. Diz-se que ao perder a batalha e ser aconselhado a se render, Dom Sebastião teria dito: “A liberdade real só há de perder-se com a vida”. Bolsonaro, por sua vez, já proferiu as seguintes frases: “Liberdade é mais importante que a vida” e “Liberdade é o bem maior de uma nação”. Registre-se, que entre Bolsonaro e Dom Sebastião há um oceano de distância, em todos os sentidos. Um é uma lenda, enquanto o outro é uma farsa.

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Como tudo que é dito pelo ex-presidente se resume a um “copia e cola” não é difícil perceber a fonte, assim como a contradição explicitada nas duas frases mencionadas. Ora, como alguém que passou a vida defendendo torturadores e dizendo que a ditadura brasileira matou pouco pode compreender a imensidão semântica contida em palavras como liberdade, nação e vida? Uma comprovação dessa incapacidade de compreensão foram os atentados desferidos contra a nação no dia 08 de janeiro, quando os selvagens seguidores do ex-presidente demonstraram não ter o mínimo do zelo que se deve ter à liberdade, à nação e à vida. Bárbaros!

Diante da impossibilidade de acampar em quartéis, destruir prédios na Praça dos Três Poderes, bloquearem ruas, espancar pessoas ou tentar explodir aeroportos; eis que os bolsonaristas resolveram partir para a chacina. E foi assim que dois desses criminosos (um deles é CAC) chacinaram, com espingarda calibre 12, sete pessoas, entre elas uma criança de 12 anos, no estado do Mato Grosso, em um bar em Sinop, cidade do chamado “Nortão” do Estado. A motivação foi o assassino ter perdido duas apostas em um jogo de sinuca. Pergunta-se: teria sido essa a primeira chacina da dupla? Que tipo de gente carrega consigo uma espingarda calibre 12? 

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Até o momento, o que se sabe é que um dos bandidos foi morto em confronto com o BOPE, da PM de Mato Grosso. O outro, com advogado e a presença da imprensa, se entregou à polícia. Ambos, sem dúvidas, reproduziram por anos a fio o lema fascista “Deus, pátria, família”. Não tinha como dar em outra coisa. O “Messias” dessa gente também puxou o gatilho da escopeta, que matou uma criança de 12 anos de idade. Sua inelegibilidade e sua prisão são medidas necessárias e urgentes. Qualquer decisão que destoe disso configurar-se-á, como mais um desrespeito ao povo e a confirmação para este de que a justiça criminal brasileira, tão ágil para encarcerar pobres e pretos, tem dois pesos e duas medidas. 

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