Quem leva FHC a sério?

É esse homem, que agora escreve artigos acusando os outros das suas próprias mazelas, que estimula o golpe

SÃO PAULO, SP, 18.09.2012: PENSE LIVRE/FHC – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante o lançamento da Rede Pense Livre – Por uma Política de Drogas que Funcione no auditório do Itaú Cultural em São Paulo. A Rede Pense Livre tem como propósito pro
SÃO PAULO, SP, 18.09.2012: PENSE LIVRE/FHC – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante o lançamento da Rede Pense Livre – Por uma Política de Drogas que Funcione no auditório do Itaú Cultural em São Paulo. A Rede Pense Livre tem como propósito pro (Foto: Ribamar Fonseca)


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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que entregou o país ao seu sucessor, Lula, após oito anos no Palácio do Planalto, com uma inflação alta, dívidas imensas, suas reservas praticamente vazias e sem grande parte do seu patrimônio, agora parece que tem a solução para todos os problemas nacionais. Em artigo publicado no início do novo ano, entre outras coisas, ele prega o respeito à democracia (dos outros países) e, contraditoriamente, insiste no golpe no Brasil, caso a presidenta Dilma Rousseff não aceite o seu conselho para renunciar. Em matéria de cinismo ele bateu todos os recordes.

Com 84 anos e já revelando senilidade, FHC deveria recolher-se para carpir os achaques próprios da idade e evitar piorar a sua biografia, escrevendo tolices que somente os seus seguidores levam a sério. Aliás, sobre ele e seus escritos o saudoso Millôr Fernandes já dizia: "O que me impressiona é que esse homem, que escreve mal – se aquilo é escrever bem o meu poodle é bicicleta – e fala pessimamente – seu falar é absolutamente vazio, as frases se contradizem entre si, quando uma frase não se contradiz nela mesmo – é considerado o maior sociólogo brasileiro".

Entre outras coisas ele disse, em seu artigo, que "assistimos nos últimos meses de 2015 ao esfacelamento da "base aliada" e à queda vertiginosa do apoio popular ao governo". Como ele tem frequentes crises de amnésia, parece ter esquecido que no seu último ano de governo chegou aos mesmos níveis hoje atingidos por Dilma: 8% de aprovação popular. E nem por isso alguém chegou a pedir a sua renúncia ou impeachment por falta de apoio popular. A diferença é que ao contrário de Dilma, diariamente massacrada pela mídia, ele tinha na época – e tem até hoje – o apoio incondicional da chamada grande imprensa, o que não impediu a sua queda vertiginosa no conceito do povo.

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Convencido talvez de que o povo tem memória curta, FHC, em seu artigo, volta a acusar os governos petistas de corrupção, como se a população já tivesse esquecido a compra de votos para aprovação da emenda da reeleição que lhe garantiu oito anos de mandato. A denúncia foi feita, na época, pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e noticiada pela "Folha de São Paulo" com a manchete: "CNBB acusa o governo de comprar votos e de não cumprir metas". Disseram os bispos: "Há uma verdadeira compra de votos de parlamentares, por meio de oferta de cargos, de favores, de obras públicas, de isenções fiscais, anistias de dívida e socorro a instituições financeiras. Trata-se de uma pratica ativa de corrupção do governo".

O mesmo jornalão paulista publicou, dias depois, a seguinte manchete:"Deputado diz que vendeu seu voto a favor da reeleição por R$ 200 mil". Quem fez a denúncia foi o deputado Ronivon Santiago, do PFL do Acre, que foi pressionado a renunciar ao mandato. E a Comissão Parlamentar de Inquérito proposta para apurar as denúncias morreu no nascedouro, sufocada pela bancada fiel a FHC. Manchete do "Estado de São Paulo": "Governo age e CPI dos votos perde apoio". O senador Pedro Simon, em entrevista em 2004, disse: "Acho que a CPI é a instituição mais respeitada do Brasil. Aí o Fernando Henrique começou a matar. Matou aquela que ele comprou o mandato: 150 deputados, aqueles que foram comprados, uma montanha de dinheiro para fazer a reeleição. Não deixou criar aquela CPI".

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Além do episódio da compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição, o governo de FHC ficou marcado pela fúria privatizacionista que dilapidou o patrimônio nacional e promoveu o desemprego em massa, com a valiosa ajuda da mídia, que fez uma verdadeira lavagem cerebral na população, apresentando a venda das estatais como medida altamente benéfica ao país e seu povo. O saudoso Millôr Fernandes disse a propósito da participação da mídia: "Acho que uma das grandes culpadas das condições do país, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa". Vale a pena citar também uma frase do jornalista americano Joseph Pulitzer, que dá nome ao mais importante prêmio do jornalismo dos Estados Unidos e que se encaixa como uma luva na grande mídia brasileira: "Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma".

Convidado a comparar os governos FHC e Lula o senador Roberto Requião chegou a dizer: "A gente nem precisa de um roubômetro para avaliar. O Fernando Henrique com a privataria roubou 10 mil vezes mais do que qualquer possibilidade de desvio do governo Lula". E o jornalista Aloysio Biondi resumiu o governo FHC em uma frase: "O governo Fernando Henrique Cardoso não destruiu apenas a economia nacional, tornando-a dependente do exterior. Seu crime mais hediondo foi destruir a alma nacional, o sonho coletivo". Ainda sobre FHC, o ex-ministro José Aparecido, pouco antes de morrer, disse ao jornalista Mauro Santayanna, que "o presidente Fernando Henrique não ficará bem na história: ele ficará como traidor do Brasil". E é esse homem, que agora escreve artigos acusando os outros das suas próprias mazelas, que estimula o golpe.

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Todas essas informações constam do livro "O Príncipe da Privataria", do jornalista Palmério Dória, cujo editor, Luiz Fernando Emediato, questionou no seu prefácio: "Quando terminamos a leitura desse livro fascinante, em certo momento, estupidificados, seremos obrigados a nos perguntar: onde estavam, no reinado dos tucanos, o Ministério Público, o Procurador Geral da República, os Joaquim Barbosa daquele tempo? O chamado "mensalão" – tenha existido ou não – parece coisa de amadores diante do profissionalismo de empresários, burocratas e políticos daquele tempo. Nenhuma CPI. Nenhuma investigação que chegasse ao fim. Nenhuma denúncia capaz de levar a um processo e a uma condenação!"

Quem quiser realmente conhecer FHC deve ler esse livro e não o que ele escreveu.

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