Quem foi o brasileiro a tocar a guitarra de três braços antes do Steve Vai?

A principal marca registrada de Vai é a sua guitarra de 3 braços. Mas houve um brasileiro que primeiro tocou a tritarra antes dele. Quem era? Você sabe?



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Todo guitarrista e roqueiro conhece o Steve Vai. O músico excêntrico, carismático, com técnica e musicalidade incomparáveis, fama, sucesso; recebeu o "Honorary Doctor Of Music Degrees" da "Berklee College Of Music", faculdade de música que estudou em 1979; dono de uma carreira que pode ser considerada perfeita; iniciando sua trajetória como “aluno do Joe Satriani", e um membro da banda de outro artista excêntrico, Frank Zappa.

Essas são algumas das vantagens de quem nasce em países que se utilizam da cultura local como método de soft power (forma de dominação de um país por outro, através de meios não bélicos, como por exemplo através da cultura, arte e entretenimento), portanto fazendo com que a sua arte seja incentivada, divulgada, apoiada e exportada para todo o planeta, além é claro dentro do seu próprio país.

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A principal marca registrada de Vai é a sua guitarra de 3 braços. Mas houve um brasileiro que primeiro tocou a tritarra antes dele. Quem era? Você sabe?

Pois saiba que foi ele, Jorge Amiden, cantor, músico, compositor, fundador das bandas O Terço e Karma apareceu em público em 1971 com a tritarra, a guitarra de 3 braços bem antes do Steve Vai. Mas como nós brasileiros temos mania de vira-lata, e dar ibope apenas pra quem é de fora, tanto o musico Jorge Amiden quanto as bandas que ele formou são poucos conhecidos entre os roqueiros tupiniquins. Com a banda O Terço, Amiden lançou dois trabalhos fonográficos, em 1970 e 1971; saindo da banda em 1972, funda sua segunda banda, o também power trio Karma, onde lançou apenas um disco. Jorge Amiden também é considerado como o Syd Barret brasileiro, devido a sua criatividade e por ele ser uns dos primeiros a tocar rock progressivo e psicodélico aqui nas nossas terras (além de ter tido sequelas resultantes das viagens com ácido, assim como aconteceu com o Barret, resultando na sua retirada dos palcos). Jorge Amiden também foi precursor daquilo que foi chamado de rock rural, estilo musical consagrado por Sá e Guarabira, Zé Rodrix, Kleiton e Kleidir entre outros.

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Ouvindo os trabalhos, tanto de O Terço e Karma, é fácil notar a alta técnica musical dos músicos, os elementos do progressivo, os duetos vocais com presença dos falsetes, e também a influência clássica, como por exemplo, no compacto de 1971, a última faixa é um trecho da Ária extraída da Suíte em Ré Maior, de Sebastian Bach. Isso tudo, levando em consideração a época, com poucos recursos tecnológicos, em um período de Estado de Exceção, e por ser num país de terceiro mundo da América Latina, não é razoável deixar de celebrar e elevar o nível de qualidade, originalidade e até mesmo de vitória artística com esses trabalhos musicais, (e até mesmo visuais, se considerarmos também a vestimenta e os instrumentos pouco usuais: tritarra e violoncelo elétrico).

Jorge Amiden foi mais um caso dentre tantos outros dentro do nosso país, que já virou corriqueiro e infelizmente parece que ainda vai durar um certo tempo: o artista sem apoio do poder público. Um país como o Brasil, que muitos consideram como a melhor música do mundo, com grandes artistas de todas as áreas que não devem nada a nenhum país em termos de qualidade, dedicação e realizações, ainda carece de apoio do Estado. Continuamos a não compreender que a arte e cultura também é uma fonte de riquezas, empregos e desenvolvimento de uma nação; os EUA já sabem disso a muito tempo, visto que os filmes de Hollywood tem apoio financeiro e político do Estado americano. Recentemente a Coreia do Sul passou a investir dinheiro público nos grupos musicais estilo K-Pop, pois perceberam o quão rentáveis são, no ponto de vista econômico e geopolítico. Aqui no Brasil, porém, infelizmente ainda se fala em “artista vagabundo”, “mamadores da lei ruanê”, e mais tantos outros absurdos, típicos de uma gente que tem orgulho da própria ignorância e que preferem se manter como párias no mundo, subdesenvolvidos e preferindo viver como uma idiocracia.

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Dessa forma, temos que, a partir de oportunidades esparsas, como por exemplo, a internet, com a ajuda das redes sociais, e sites especializados como esse, ir divulgando a tentando fazer justiça aos nossos artistas injustiçados e esquecidos, porque é perceptível ver que existe um projeto em andamento desde o início da história do nosso país de transformar tudo o que é brasileiro em algo sem importância e feio, transferindo a beleza apenas aquilo que é estrangeiro. Temos que fazer de forma individual e vagarosa a obrigação que deveria ser do Estado brasileiro: a valorização, financiamento e divulgação da nossa cultura nacional.  

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