Quem é o Macri que vem se encontrar com a Dilma?

"Depois de 12 anos de encontros fraternais entre Nestor Kirchner e Lula, Cristina e Dilma, o futuro presidente da Argentina, que vem a Brasília nesta sexta-feira, vai protagonizar uma situação inédita, dado que a Presidenta do Brasil recebeu seu adversário na campanha eleitoral", destaca Emir Sader, cientista político e colunista do 247; sobre Mauricio Macri, ele afirma: "vem como representante de uma nova direita argentina, que rompe com a bipolaridade entre peronismo e radicalismo. Vem de posições duras"

"Depois de 12 anos de encontros fraternais entre Nestor Kirchner e Lula, Cristina e Dilma, o futuro presidente da Argentina, que vem a Brasília nesta sexta-feira, vai protagonizar uma situação inédita, dado que a Presidenta do Brasil recebeu seu adversário na campanha eleitoral", destaca Emir Sader, cientista político e colunista do 247; sobre Mauricio Macri, ele afirma: "vem como representante de uma nova direita argentina, que rompe com a bipolaridade entre peronismo e radicalismo. Vem de posições duras"
"Depois de 12 anos de encontros fraternais entre Nestor Kirchner e Lula, Cristina e Dilma, o futuro presidente da Argentina, que vem a Brasília nesta sexta-feira, vai protagonizar uma situação inédita, dado que a Presidenta do Brasil recebeu seu adversário na campanha eleitoral", destaca Emir Sader, cientista político e colunista do 247; sobre Mauricio Macri, ele afirma: "vem como representante de uma nova direita argentina, que rompe com a bipolaridade entre peronismo e radicalismo. Vem de posições duras" (Foto: Emir Sader)


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Depois de 12 anos de encontros fraternais entre Nestor Kirchner e Lula, Cristina e Dilma, o futuro presidente da Argentina, que vem a Brasília nesta sexta-feira, vai protagonizar uma situação inédita, dado que a Presidenta do Brasil recebeu seu adversário na campanha eleitoral. Nunca se havia dado essa situação de presidentes dos dois países pertencentes a correntes políticas distintas se encontrarem. Nos anos 1990, Menem e FHC compartilhavam concepções similares, antes deles as ditaduras militares coordenavam juntas o Plano Condor.

O Mauricio Macri que vem – cuja biografia agora é conhecida – vem como representante de uma nova direita argentina, que rompe com a bipolaridade entre peronismo e radicalismo. Vem de posições duras, tanto no plano econômico, como político e ideológico. Seu governo na cidade de Buenos Aires refletiu amplamente isso.

Mas o Macri que assume agora como presidente da Argentina tem matizes. Nem tanto porque terminou triunfando por uma margem muito pequena – 2,6% ou 667 mil votos -, mas principalmente porque tem dificuldades de aplicar formulas econômicas demagógicas que exibiu na campanha.

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Como se sabe, nos tempos de marketing eleitoral, fazer campanha é uma coisa, governar é outra. A campanha é feita para ganhar, explorando as expectativas dos eleitores, os pontos fracos do candidato rival, usando o perfil midiático do candidato.

A medida mais reiterada de Macri na campanha foi a liberalização do cambio, o fim do controle do cambio, a unificação do peso paralelo e do oficial. Advertido dos efeitos nocivos que teria sobre a inflação, os salários, a recessão, o emprego, Macri dizia que era uma campanha do medo contra ele. Agora, prestes a assumir, ele se dá conta disso e diz que vai realizar esse processo gradualmente.

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Mas na política internacional ele e sua Ministra de Relações Exteriores reafirmaram que vão pedir a exclusão da Venezuela do Mercosul, por acusações de desrespeito aos direitos humanos e por repressão à oposição. Eles levaram essa posição à primeira reunião do Mercosul em que o novo presidente vai participar, em Assunção, em 21 de dezembro.

Como a Dilma ja reafirmou a posição do Brasil de que não cabe a medida nesse caso, Macri sabe que vai ferir a unidade entre os dois países, logo na primeira reunião. Dilma tem esperanças de demove-lo de apresentar o tema, não apenas porque não tem nenhuma possibilidade do consenso necessário para ser aprovado, mas principalmente porque Brasil e Argentina apareciam confrontados na primeira aparição publica dos dois governos, depois da vitória dele.

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Se no plano economico o Macri que vem se encontrar com a Dilma é um Macri mais cauteloso, na política internacional, na de direitos humanos – em que ele nomeou alguém totalmente alheio ao que vinha sido feito nos governos dos Kirchner -, na negociação dos fundos abutre – em que Macri se diz disposto a normalizar imediatamente, isto é, pagar, para ter a possibilidade de créditos externos, isto é, novo endividamento – nesses planos é o mesmo Macri duro da campanha.

Não vai ser uma conversa fácil, por mais que Macri tivesse afirmado que ele teria melhores relações com a Dilma do que seu adversário na campanha. Isto porque ele confia que o liberalismo do seu governo vai agilizar o acordo de livre comercio entre o Mercosul e a Uniao Europeia, assim como pela atitude dos empresários brasileiros, com expectativa de posições menos protecionistas dos argentinos nas pendencias comerciais.

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Se inaugurará uma fase nova nas relações entre o Brasil e a Argentina, muito mais delicada, cheia de tensões e de conflitos. Ficou para trás o clima cordial entre Lula e Nestor Kichener, entre Dilma e Cristina.

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