Quem de verdade ganhou no domingo?

"Lula, é claro, foi vencedor: faltou o tal tiquinho para levar no primeiro turno, e continua sendo o franco favorito para o segundo", escreve Eric Nepomuceno

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)


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Por Eric Nepomuceno, para o 247

Lula, é claro, foi vencedor: faltou o tal tiquinho para levar no primeiro turno, e continua sendo o franco favorito para o segundo.

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Jair Messias também ganhou: teve mais votos do que as pesquisas haviam previsto, graças à adesão, na ultimíssima hora, de eleitores de Ciro Gomes que, ao enterrar o que restava de sua carreira política, bandeou parte de seus votantes para o pior e mais abjeto presidente da história.

Simone Tebet, por sua vez, também ganhou. Não em número de votos, mas em uma projeção que não tinha nem de longe junto ao eleitorado.  

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Aliás, Ciro Gomes foi um dos grandes derrotados, graças à obesidade do seu ego e à gigantice do seu ressentimento.

A maior derrota, em todo caso, foi a da direita, aquela dos conservadores e também dos liberais. 

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E, por tabela, a maior vitória foi exatamente a da extrema direita, dos radicais do reacionarismo mais profundo, e instalou-se no Brasil aquele mal que levará anos para ser corroído e exigirá esforços olímpicos para ser controlado: o bolsonarismo. 

O país elegeu um Congresso coalhado de aberrações, e será extremamente difícil Lula governar. Muito mais que negociar, ele terá que inventar, sabe-se lá como, mil maneiras de não ceder em pontos cruciais.

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Nomes de imensa importância não conseguiram votos suficientes. E em seu lugar entraram figuras grotescas, reforçando a imagem de avanço da direita mais extrema e boçal, ou seja, o bolsonarismo.

Que Eduardo Pazuello, o aprendiz de Genocida, tenha sido o segundo deputado federal mais votado do Rio, e que Damares Alves tenha ganho com grande folga a vaga ao Senado por Brasília, que São Paulo tenha mandado para a Câmara de Deputados bestialidades como Ricardo Salles e Mario Frias refletem o grau de profundíssima degradação a que chegamos.

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Não creio que haja espaço para discussão: a direita tradicional escafedeu-se, resumida a migalhas.

E a direita mais extrema e perversa, o bolsonarismo, surgiu como segunda força política neste país destroçado.

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É preciso reconhecer esse fenômeno amargo e perigosíssimo, e aprender a enfrentá-lo de maneira eficiente e, principalmente, segura.

Como, ninguém sabe – ao menos ninguém que eu conheça. Eleger Lula é um caminho evidente. O problema, porém, é outro, e repito a dúvida: como enfrentar esse pantanal nefasto de maneira eficiente e segura?

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