Quem ainda tem medo de impeachment?

"Quem tem medo do impeachment prefere o país assim, desintegrando-se, descompondo-se, pelo vírus e pela falta de governo, do que uma situação de nova disputa pelo governo", escreve o sociólogo Emir Sader. "O Fora Bolsonaro é o único caminho para tirar o Brasil das suas crises"

Jair Bolsonaro e protesto contra ele
Jair Bolsonaro e protesto contra ele (Foto: Isac Nóbrega/PR | REUTERS/Bruno Kelly)


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O que de pior o Brasil tem é o governo do Bolsonaro. Nenhum outro governo, estadual ou municipal, se assemelha a ele. Todos os problemas que o pais vive se chocam com o governo federal, obstáculo à sua resolução.

Ha um consenso cada vez maior que com Bolsonaro o país não conseguirá superar a pandemia, dado que não há políticas do governo contra ela, como o próprio Bolsonaro age e fala contra as medidas de precaução, que poderiam limitar os seus efeitos. Tampouco se acredita que, com Bolsonaro e seu inseparável ministro da economia, Paulo Guedes, o país poderá sair da depressão econômica e da monstruosa precariedade econômica de milhões e milhões de brasileiros.

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Menos ainda se pode pensar que a instabilidade política inerente ao governo nas atuais circunstancias, poderia ser superada tendo a Bolsonaro como presidente.

Ha, segundo as pesquisas, 70% de rejeição de Bolsonaro no país. O que isso significa? Que querem que Bolsonaro deixe de ser o presidente do país? Como pensam que isso se poderia dar?

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Pela quantidade de crimes de responsabilidade que Bolsonaro continua a cometer, se poderia pensar que a via institucional normal para o fazer seria o impeachment. Mas na oposição, nem todos os setores apoiam o impeachment. Como pretendem encarar então o Fora Bolsonaro? Ou não estão pelo Fora Bolsonaro.

Por que tem medo do impeachment? Quem tem ainda medo do impeachment?

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Quem tem medo do impeachment aceita que um presidente tenha sido eleito de forma fraudulenta, governe cometendo todo tipo de crimes de responsabilidade, a cada semana, a cada dia. Sua rejeição de Bolsonaro – entre os 70% que o rejeitam – não chega ao limite de comprometer-se com o impeachment.

O que desejam então? Que Bolsonaro baixe o tom das ameaças, que deixe de pregar um golpe, que deixe de atacar frontalmente o Judiciário e o Congresso, aos meios de comunicação. Que deixe o Paulo Guedes avançar seu modelo ultra neoliberal, que os militares sigam ocupando o governo – inclusive o ministério da saúde -, que o Centrão siga seu jogo de troca das nomeações pelo apoio ao governo.

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O que lhes incomoda são os excessos com Bolsonaro. Mas, como diz Brecht, os excessos revelam a essência de um fenômeno. O estilo de Bolsonaro faz própria da sua própria natureza como governante. Ele é um governante antidemocrático por definição. Sua política econômica é desastrosa para o país: nem consegue retomar o crescimento da economia, nem tem condições de gerar empregos.

Quem tem medo do impeachment prefere o país assim, desintegrando-se, descompondo-se, pelo vírus e pela falta de governo, do que uma situação de nova disputa pelo governo. No fundo, tem medo do PT, que segue como a alternativa democrática a esse governo. Preferem refugiar-se nesse governo militarizado do que correr o risco – para eles, direita – de um governo do PT, mesmo moderado. Por isso votaram e/ou trabalharam para a vitória de Bolsonaro, sabendo que ele é.

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Nem querem pensar nos males que o Brasil teria deixado de sofrer, se Haddad tivesse sido eleito presidente do Brasil. Não assumem responsabilidades pelos sofrimentos dos brasileiros com o governo Bolsonaro. Nem se dispõem a pagar seus erros, jogando-se com tudo o que possam, para tirar o Bolsonaro da presidência.

O Fora Bolsonaro é o único caminho para tirar o Brasil das suas crises – a de saúde pública, a econômica, a social e a política.

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