Queiroz Galvão doou R$ 94 mi em 2014; PMDB recebeu 24%

Dados da Justiça Eleitoral confirmam centralidade do PMDB nas doações de campanha de grandes grupos, assim como ocorre com Vale e BTG Pactual



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Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

É um emaranhado de empresas. Mas com um pouco de pesquisa é possível identificar doações do grupo Queiroz Galvão que vão além dos R$ 56 milhões da Construtora Queiroz Galvão e dos R$ 15 milhões da Galvão Engenharia, ambas com diretores presos pela Polícia Federal, em meio à Operação Lava Jato. Ontem foi a vez de Mario de Queiroz Galvão. Ele foi preso pela Operação Vidas Secas, um desdobramento da Lava Jato que investiga desvios nas obras de transposição do Rio São Francisco.

No total, 11 empresas do grupo doaram R$ 94 milhões em 2014, para candidatos, comitês financeiros e diretórios dos partidos. O levantamento foi feito pelo blog a partir dos dados oficiais da Justiça Eleitoral.

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E que partido lidera o ranking? Sempre ele, o PMDB – mesmo sem ter candidato à Presidência da República. No total, o partido de Michel Temer e Eduardo Cunha recebeu de empresas do grupo – construtoras, siderúrgicas, de saneamento, agrícolas – R$ 22,4 milhões, ou 24% do total. Em seguida vêm o PT (21%), PSDB (12%), PSB (10%) e PP (7%).

Entre os agraciados individualmente pelas doações eleitorais dos Queiroz Galvão está Edison Lobão Filho, filho do ex-ministro das Minas e Energia, pasta controlada desde 2007 pelo PMDB. Em sua candidatura derrotada ao governo do Maranhão ele recebeu R$ 1,5 milhão das empresas Energia Verde Produção Rural, Companhia Siderúrgica Vale do PIndaré e Guarany Siderurgia e Mineração.

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O PMDB fluminense, domicílio eleitoral do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, recebeu R$ 1 milhão da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário. Outra aposta do grupo foi o ex-governador Zé Filho (PMDB), que perdeu a eleição no Piauí – onde a Queiroz Galvão Energia investe em energia eólica. A doação para sua campanha foi de R$ 2,7 milhões.

LAVA-JATO

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A Queiroz Galvão, como resumiu este título do Estadão, é suspeita de usar doações para ocultar propina. Elas teriam beneficiado PT, PMDB, PP, PSDB, PSD e DEM. Os quatro primeiros estão entre os principais beneficiados em 2014, conforme as declarações oficiais – e formalmente legais. O PSD recebeu R$ 3,8 milhões de empresas do grupo em 2014. Quase tudo para seu diretório nacional. O DEM captou R$ 3 milhões.

fausto

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Mas a história está longe de ter começado em 2014: “Em depoimento à PF, executivo liga doleiro a senador do PMDB“. Um ex-diretor da Queiroz Galvão disse à PF que a campanha do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) em 2010 foi intermediada pelo doleiro Alberto Youssef. O mesmo texto da Folha informa que entre os investigados da Lava Jato estão os presidentes do Senado, Renan Calheiros, o da Câmara, Eduardo Cunha, e os senadores Romero Jucá e Edison Lobão. Todos da cúpula do PMDB.

Segundo a revista Época, uma delação premiada envolve o senador Lobão. Diz o documento da Procuradoria Geral da República que ele seria um dos pontos comuns entre investigações da Petrobras e da Eletronuclear, sendo o Ministério das Minas e Energia o ápice da pirâmide, formando “uma área de intersecção crescente das duas investigações em andamento que revelam, quando avaliadas em conjunto, uma única estrutura criminosa”.

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12ª EMPRESA

O levantamento feito pelo blog no site do Tribunal Superior Eleitoral desconsidera, para efeito de contagem, as doações de R$ 1 milhão feitas por outra empresa controlada pelo grupo, a Locav Locadora, aos diretórios nacionais do PR e do PSDB – pois o grupo Queiroz Galvão controla no máximo 65% da empresa. Só entraram na contagem as que têm 100% de controle do grupo. Outras dezenas de empresas da família Queiroz Galvão não fizeram doações eleitorais em 2014, conforme a Justiça Eleitoral.

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