Queiroz é o PC Farias dos Bolsonaro
"Não tenho bola de cristal para prever se vai acontecer com Queiroz e com seus chefes tudo o que aconteceu com PC Farias e o seu, mas uma coisa é certa: para pessoas que gostam de viver perigosamente, como eles, é muito mais seguro ficar preso do que solto", escreve Alex Solnik
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No dia 23 de junho de 1996, os corpos do empresário Paulo César Farias e de sua namorada, Suzana Marcolino, foram encontrados em cima da cama de casal de um quarto da propriedade dele, na praia de Guaxuma, em Maceió, Alagoas, com um tiro no peito cada um.
Era o fim melancólico de PC Farias, celebridade das páginas policiais, tesoureiro de campanha de Fernando Collor, eminência parda do governo e pivô de sua deposição.
Mas o mistério sobre sua morte jamais se dissipou nesses 24 anos. Até hoje ninguém sabe quem matou e quem mandou matar.
Sua prisão preventiva fora decretada a 30 de junho de 1993, seis meses depois do impeachment de seu chefe, mas ele se escondeu, e fugiu do Brasil, a 9 de julho, num avião bimotor da sua empresa de táxi aéreo, a Brasil Jet, dando início a uma caçada que deixou o país em suspense.
Só a 20 de outubro a Interpol o encontrou, em Londres. Expulso da Grã-Bretanha e finalmente preso em Bangcoc, na Tailândia, desembarcou num quarto-prisão da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, seu endereço até 13 de dezembro de 1994, quando, condenado pelo STF a sete anos de prisão por falsidade ideológica começou a cumprir pena no QG do Corpo de Bombeiros de Maceió.
Cumpridos 169 dias de reclusão passou ao regime aberto a 9 de junho de 1995 e, a 28 de dezembro de 1995 obteve liberdade condicional do STF.
Seis meses depois a bala no peito deu fim à sua vida.
Fabrício Queiroz é uma celebridade da crônica policial desde 2018. Tal como era PC Farias nos anos 90. Seu rosto até virou máscara de carnaval. A foto em que simula dar tiros, num boteco, ao lado de Flávio Bolsonaro, que faz o mesmo gesto, está muito quente na memória dos brasileiros.
Embora não possa ser rotulado de empresário, como PC Farias, que se apresentava em trajes finos, era festejado nas colunas sociais e viajava num jatinho particular chamado “Morcego Negro”, Queiroz tem muitas coisas em comum com ele.
Tal como o jagunço de Collor, que, vencida a campanha presidencial, extorquia empresários que já tinham ou queriam ter negócios com o governo, dentre outros achaques, Queiroz também atuou na campanha de Flávio Bolsonaro e passou a extorquir funcionários do gabinete do deputado estadual já eleito, dentre outras atividades ainda pouco esclarecidas, que envolviam participação de milicianos.
Não movimentou cifras monumentais como PC Farias, que trabalhava para um presidente da República, mas não foi pouco, em se levando em conta que seu chefe era um deputado do baixo clero e que até agora não se sabe quanto foi exatamente.
Tal como o jagunço de Collor, que pagava as contas pessoais do presidente e de sua família com as verbas que arrecadava com seus métodos criminosos, Queiroz também pagava, como já se sabe, as mensalidades escolares das filhas e os planos de saúde da família de Flávio, e, pior ainda, em dinheiro vivo!
E também depositou, ao menos uma vez, um cheque de R$24 mil na conta da primeira dama Michele Bolsonaro, o que mostra que sua jurisdição ia muito além de Flávio; afinal, é amigão de Bolsonaro pai desde os tempos de cadete.
Tal como aconteceu com PC Farias, Queiroz se escondeu da Justiça por um ano e meio para não responder por seus crimes e agora, depois de ser encontrado numa casa do advogado de seu ex-chefe, cumpre prisão preventiva que, tal como ocorreu com seu similar dos anos 90, deverá durar até a conclusão de seu julgamento.
Isso porque PC Farias, que já tinha contra si o precedente da fuga, poderia, se posto em liberdade, se evadir de novo e Queiroz, que se escondeu para não ser intimado a depor, poderia sumir de novo.
Não tenho bola de cristal para prever se vai acontecer com Queiroz e com seus chefes tudo o que aconteceu com PC Farias e o seu, mas uma coisa é certa: para pessoas que gostam de viver perigosamente, como eles, é muito mais seguro ficar preso do que solto.
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