Queiroga tenta, mas não consegue se descolar da cloroquina
"Como médico ele sabe que o kit covid não cura o coronavírus, mas, como ministro, sabe que não pode contrariar Bolsonaro", escreve o jornalista Alex Solnik sobre o novo depoimento do ministro da Saúde à CPI da Covid
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Por Alex Solnik
O ministro Marcelo Queiroga está mostrando, nessa sua segunda oitiva na CPI da Covid ser um homem de duas caras.
O seu discurso é um e a sua prática é outra.
No discurso, ele define a cloroquina e outras charlatanices do kit covid como “medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid”.
Mas, na prática, não retira nem vai retirar do site do ministério a nota técnica que recomenda o uso desse kit, nem impede que entre 10 mil e 14 mil médicos continuem rodando o país e distribuindo esses medicamentos, nem demite a dra. Mayra, a capitã cloroquina, que continua defendendo o tratamento publicamente.
Ele parece estar tentando se equilibrar entre a sua convicção – de que a cloroquina não se presta para isso – e a obsessão de Bolsonaro – que continua sendo a cloroquina. Agora ao lado da vacina.
Como médico ele sabe que o kit covid não cura o coronavírus, mas, como ministro, sabe que não pode contrariar Bolsonaro.
Também ficou claro para mim que havia uma grande divergência entre ele e a dra. Luana Araújo.
Ela sequer admite discutir o assunto cloroquina, enquanto ele repetiu várias vezes na oitiva de hoje não ser contrário a esse debate e deu a entender que esperava que a dra. Luana deu ouvidos aos defensores do tratamento precoce.
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