Que venha 2022
"Que o novo ano traga mais reflexões e menos certezas, que valore a CIÊNCIA e coloque as fakenews e a idiotia no ostracismo perpétuo!"
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Que esse “Ano Novo” seja mais que ufanismo disfarçado de boas intenções. Mais que regado com bebidas fartas (para os que tem acesso). Mais que sorrisos amarelos, abraços solúveis e palavras órfãs (de sentido e de Covid).
Que seja mais que egoísmo pueril de aglomerações sem cuidados, e que a ÉTICA coletiva supere a MORAL hipócrita individualista.
Que o “novo ano” traga mais reflexões e menos certezas, que valore a CIÊNCIA e coloque as fakenews e a idiotia no ostracismo perpétuo!
Que seja capaz de nos fazer olhar o outro (ou o próximo, que seja), ainda que diferente de nós (ou somos nós diferentes dele? – quem decide isso?), com respeito e ternura.
Que sejamos capazes de compreender a diversidade e tomá-la como natural, bela e saudável. Que nossos comportamentos falem por nós, e não as vãs palavras. Que sejamos menos arrogantes, preconceituosos e intolerantes.
Que o gosto pelo conhecimento nos encha de volúpia, e flertemos com a razão mais do que a opinião vaga, narcizista e insuficiente. Que nossa crença ou falta dela não seja julgada sumariamente, sem o mínimo de conhecimento sobre cada ser vivente em suas particularidades.
Que toda a injustiça seja observada de maneira clara e indignada, e não naturalizada e aceita. Que as razões da miséria sejam debatidas e que os miseráveis não sejam culpados pelas suas desgraças socialmente erigidas.
Que todo humano seja visto como um igual, um ser de carne, osso, bílis, sangue, amor, enganos, sofrimento, alegria e dor. Uns desses elementos mais em uns que em outros, mas todos vizinhos, irmãos, partícipes de um mesmo espaço-mundo.
Que nenhuma mulher receba dezenas de facadas no rosto, no corpo, na frente dos filhos, na frente do público ou na privacidade do lar. Que o feminicídio não se torne rotina. Que nenhuma mulher e criança seja culpabilizada pelo esgarçamento de sua carne e alma quando violentada pelo falo estrutural do machismo, sustentado como obeliscos encravados em gabinetes de juízes, promotores e delegacias!
Que nenhum(a) negro(a) suplique por ar, enquanto um joelho branco e uniformizado com o peso do Estado esmaga seu pescoço ou costas. “I can’t breathe” (EUA). “Eu estou morrendo” (Carrefour-Brasil).
Que nenhuma bala perdida ache corpos negros infantis. E que essas vidas ceifadas pelo mesmo Estado uniformizado não virem apenas estatística e indiferente rotina.
Por fim, que o mosaico de crenças, culturas e ideologias seja apenas um adendo no grande arco-íris de homens, mulheres e crianças negras, amarelas, vermelhas e brancas (e suas belas misturas); e que, juntos, todos possam colorir o mundo que vem sendo pintado de cinza pelas tacanhas posturas de parvas lideranças mergulhadas na lama da estupidez.
O mal do mundo não é um vírus, mas o que poderosos incautos, desarrazoados e incompetentes fazem frente ao mal!
Uns projetam luz. Outros trevas!
Feliz "Ano Novo".
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